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Morte de Mizael completa um ano sem que inquérito tenha sido concluído
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Morte de Mizael completa um ano sem que inquérito tenha sido concluído

|VIOLÊNCIA| Adolescente de 13 anos foi morto por PMs em Chorozinho. Mãe desabafa e cobra justiça. Ela estará em live hoje falando sobre o caso
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 MIZAEL Fernandes, de 13 anos, morto por policiais que invadiram a casa enquanto ele dormia  (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE  MIZAEL Fernandes, de 13 anos, morto por policiais que invadiram a casa enquanto ele dormia

Há um ano, Leidiane Fernandes viu sua vida ser transformada para sempre. Em 1º de julho de 2020, o filho dela, Mizael Fernandes da Silva Lima, de 13 anos, era morto por policiais militares na casa da tia. Já são 365 dias de uma dor que a leva todos os dias a tomar remédios para conseguir dormir. "Quando é exatamente duas horas da manhã, eu me acordo esperando ansiosamente alguém dizer que é tudo mentira, tudo brincadeira. É muito difícil viver na casa onde ele morou", diz.

A morte de Mizael completa um ano sem que o inquérito policial aberto pela Delegacia de Assuntos Internos (DAI) tenha sido concluído. Um policial militar, o sargento Enemias Barros da Silva, foi indiciado por homicídio doloso e outros dois por fraude processual, mas outras diligências ainda estão pendentes. Conforme relato da família, o adolescente, que não tinha envolvimento com crimes, foi morto pelos policiais enquanto dormia; eles acreditam que Mizael foi confundido com Francisco Cassiano da Silva Araújo, o "Sequestro", foragido da justiça por crimes como roubos — ele viria a ser preso em novembro. Ambos são loiros. Os PMs, porém, afirmam que Mizael estava armado e que atiraram em legítima defesa.

Leidiane Rodrigues da Silva, 33, mãe de Mizael Fernandes
Leidiane Rodrigues da Silva, 33, mãe de Mizael Fernandes (Foto: JÚLIO CAESAR)

"Eu acho que estão demorando muito. Foi feita a reconstituição, já foi comprovado que o menino estava dormindo. Só queria que ele pagasse, preso, não solto. Nossa família está destruída, acabou com o xodó da família", desabafa Leidiane.

Em nota, o Ministério Público Estadual (MPCE) informou que a defesa dos policiais militares indiciados pediu que outros dois PMs fossem ouvidos por terem informações importantes sobre o caso. "Devido às conclusões diferentes a que chegaram as investigações da Polícia Militar e da Polícia Civil a respeito do caso, o MPCE, visando garantir a ampla defesa, está dando amplitude e plenitude a todas as versões, motivo pelo qual a investigação continua em curso". Além da investigação criminal, o caso segue em trâmite na esfera administrativa.

O advogado Leonardo Feitosa Arrais, que representa os policiais, afirma que as investigações prosseguem já que não se tem "indícios mínimos" da ocorrência de um homicídio doloso. "A defesa entende que os policiais agiram em legítima defesa e, ao final, será provada a inocência dos policiais", diz o vice-presidente do Conselho de Defesa do Policial no Exercício da Função (CDPEF).

Leia também: Caso de Mizael seria um homicídio, diz defensora

Nesta quinta, Leidiane e a avó de Mizael, Luiza Fernandes, estarão em uma live que marca a efeméride. O evento é promovido pelo coletivo Mães da Periferia, que reúne familiares de vítimas da violência policial. Também estará presente a cofundadora do movimento, Edna Carla, mãe de Alef Souza Cavalcante, morto na Chacina da Grande Messejana, em 2015. A live ainda tem participação do repórter especial e colunista de O POVO Demitri Túlio e do deputado estadual Renato Roseno (PSOL). "Quero pedir justiça! Quero que ele pague preso pelo que fez. Dinheiro nenhum vai trazer meu filho de volta", diz Leidiane.

 

Assista à live sobre o um ano da morte de Mizael

Serviço:
Live “Por Memória e Justiça — Um ano da morte de Mizael Fernandes”
Horário: 18 horas
Transmissão pelo canal do Youtube do Mães da Periferia

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