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Ceará tem proteção média de 60% contra a Covid-19 entre vacinados
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Ceará tem proteção média de 60% contra a Covid-19 entre vacinados

| IMUNIZAÇÃO | Só será possível barrar a circulaçaõ da variante Delta com uma alta taxa de cobertura vacinal na população
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FORTALEZA já vacina adolescentes de 12 anos: avançar na vacinação é importante para conter a Delta (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA FORTALEZA já vacina adolescentes de 12 anos: avançar na vacinação é importante para conter a Delta

Em quase oito meses de campanha de imunização, o Ceará alcançou uma proteção média de 60% contra a Covid-19 entre os imunizados. O cálculo considera a taxa de proteção de cada vacina e a quantidade de pessoas vacinadas com cada imunobiológico utilizado no Estado — Pfizer, Coronavac, Astrazeneca e Janssen — com a primeira e segunda dose.

José Xavier Neto, cientista-chefe da Saúde do Estado e coordenador do Centro de Inteligência em Saúde (CIS) do Ceará, responsável pela análise, avalia que é preciso acelerar a imunização principalmente nos municípios que estão mais atrás na cobertura vacinal da população.

Para ele, média de eficácia da imunização contra o vírus no Ceará "não é ruim, dá certo grau de proteção, mas poderia ter sido melhor se a gente tivesse começado mais cedo".

Os municípios com as maiores taxas são Fortim (64,88%), Eusébio (63,69%), Icapuí (62,87%), Fortaleza e Sobral (62,66%), considerando dados atualizados no início deste mês de setembro.

"A gente multiplica a proteção da da Pfizer, por exemplo, por quantas pessoas foram vacinadas com ela. Também fazemos isso com Coronavac, Janssen e Astrazeneca. Soma todas e divide pelo número total de pessoas vacinadas com a primeira dose. Depois, fazemos a mesma coisa com a segunda dose e calculamos a média ponderada", pormenoriza.

No Estado, 2.696.893 pessoas completaram a imunização contra a Covid-19. Ou seja, receberam duas doses de AstraZeneca, CoronaVac, Pfizer ou dose única da Janssen. Número equivale a 29,35% da população, considerando os 9,1 milhões de pessoas que residem no Estado.

Em relação à primeira dose (D1), mais de 5 milhões de pessoas receberam a vacina. O que representa 61,15% da população cearense. As informações são da plataforma Vacinômetro, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), consolidadas às 17 horas dessa quarta-feira, 8. Já a estimativa populacional é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

José Xavier avalia que os maiores fatores de preocupação são a disseminação da variante Delta e o surgimento de surtos em municípios próximos do Interior.

Conforme análise do Centro de Inteligência em Saúde, os dois ciclos epidêmicos registrados no Ceará foram associados ao período do Carnaval.

"Em 2020, a gente não sabia mas o vírus já estava com a gente em janeiro. Com o Carnaval foi que teve a primeira onda. Em agosto, teve a queda dos casos", explica o pesquisador. Após redução, houve elevação discreta com as Eleições, o Natal e o Ano Novo, mas que "não produziram alterações relevantes do quadro".

O recrudescimento observado na segunda onda também fortemente relacionada ao período do Carnaval. "O terceiro período epidêmico pode vir com o Carnaval. Acho que vai ser muito difícil segurar mais um ciclo epidêmico", prospecta o médico.

Considerando a disseminação da variante Delta, mais transmissível, Thereza Magalhães, pesquisadora e professora de Epidemiologia da Universidade Estadual do Ceará (Uece), alerta que só um percentual elevado de vacinados com as duas doses e a manutenção dos cuidados, como uso de máscara e higienização das mãos, são capazes de conter a circulação do vírus.

"Com a baixa vacinação com as duas doses, temos a falsa sensação de liberdade. Não é momento ainda de aglomerar porque não temos percentual suficiente para combater a circulação da Delta nos vacinados com duas doses. Vamos ter isso provavelmente lá para novembro", alerta Thereza.

Segundo a epidemiologista, o contingente de vacinados, embora a maioria seja ainda apenas com a primeira dose, já mostra efeitos. "Precisa vacinar mais, principalmente a segunda dose. Isso que tem controlado casos graves e óbitos da Delta em outros locais, embora não iniba a circulação do vírus", acrescenta.

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