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Taxa de transmissão da Covid-19 no Brasil sobe, mas cenário ainda é de queda
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Taxa de transmissão da Covid-19 no Brasil sobe, mas cenário ainda é de queda

A taxa de 1,04 indica aumento da circulação viral. Na semana passada, índice estava em 0,68. Apesar do aumento, casos e óbitos continuam em queda
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VACINAÇÃO protege de casos graves, mas o relaxamento faz aumentar a circulação do vírus, aponta especialista (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves VACINAÇÃO protege de casos graves, mas o relaxamento faz aumentar a circulação do vírus, aponta especialista

Monitoramento do Imperial College de Londres, no Reino Unido, aponta que a taxa de transmissão (Rt) do novo coronavírus no Brasil voltou a subir. A taxa de 1,04 indica aumento da circulação viral. Na semana passada, índice estava em 0,68 — o menor registrado desde abril de 2020. Índices devem continuar sendo acompanhados com atenção mas balanço da pandemia no País ainda é de queda. 

Número indica que cada 100 pessoas contaminadas transmitem o vírus para outras 104. Contudo, números de novos casos e novos óbitos diários seguem em redução. A entidade de ensino britânica afirma também que as projeções podem variar segundo a qualidade de vigilância e os relatórios emitidos por cada país.

O Imperial College deixa claro que, por ser uma média nacional, o Rt não indica que a doença esteja avançando nem retrocedendo da mesma forma nas diversas cidades, estados e regiões do Brasil. Nesta quinta-feira, 4,  o Ministério da Saúde informou que foram registrados 13.352 novos casos e mais 436 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas. No total, são 21.849.137 pessoas infectadas e 608.671 óbitos.

Análise do cenário 

A virologista Giliane de Souza Trindade, professora e pesquisadora do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) explica que quando um Rt ultrapassa a marca de um há uma "alta taxa de transmissão e regressão na tendência de finalização de qualquer epidemia". Para ela, isso reflete o relaxamento das medidas de restrição nos estados e municípios após avanço da vacinação, que não impede a transmissão mas reduz a gravidade dos casos.

"Estamos protegidos da manifestação grave mas não estamos isentos da transmissão. Claro que a vacinação diminui a transmissão, porque reduz o tempo em que alguém transmite o vírus e a carga viral. Mas são como forças antagônicas: vacinação protege de casos graves e, do outro lado, o relaxamento, que aumenta a circulação", contrapõe.

A pesquisadora destaca a situação dos indivíduos que não podem ser vacinar ou que apesar de serem vacinados não necessariamente foram imunizados pois não tiveram resposta efetiva. "Sempre que tiver um aumento, aumenta o risco de o vírus encontrar esses indivíduos não vacinados ou não imunizados". Além disso, uma alta taxa de transmissão em uma população é um campo fecundo para a emergência de novas variantes.

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"Vejo esse dado distribuído de forma muito heterogênea. Cada estado deve avaliar a taxa de transmissão local a local", observa Giliane Trindade. Segundo a virologista, a sociedade vai ter de continuar lidando "com esse vírus e com esses aumentos". Ou seja, o estado de alerta deve continuar mas o aumento observado pela entidade britânica ainda não indica um recrudescimento da pandemia no País, por exemplo. 

Para o médico Marcelo Gurgel, epidemiologista, professor e membro do GT de Enfrentamento à Covid-19 da Universidade Estadual do Ceará (Uece), esse índice de transmissão não condiz com as médias móveis de casos e óbitos registradas no País.

"É possível que os dados colhidos não tenham tanta representatividade. Pode estar relacionado ao atraso de registros e a valores acumulados. Não reflete o que tem sido mostrado pela média móvel. UTIs e enfermarias com muitos leitos livres, poucos pacientes chegando nas urgências", justifica.

De todo modo, o professor afirma que é preciso continuar monitorando indicadores como a demanda assistencial nas unidades de saúde, tanto ambulatoriais como de internamentos. "Também devemos monitorar outras condições como idade e sexo porque pode vir afetando grupos que não eram tão atingidos, segmentar. Por isso, temos que detectar possíveis grupos mais vulneráveis", defende.

Vacinação

O Brasil tem pouco mais de 116,8 milhões de pessoas totalmente imunizadas contra a Covid-19. O que corresponde a 54,79% da população, conforme levantamento do consórcio de veículos de imprensa divulgou nesta quinta. O número de pessoas parcialmente imunizadas, com ao menos uma dose da vacina, é de 154,8 milhões. Isso corresponde a 72,78% do total de habitantes do País. O Estado do Acre não divulgou os dados da vacinação. 

Aumento no mundo 

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, alertou nesta quinta-feira, 4, para uma nova alta nos casos de Covid-19 no mundo. Durante uma coletiva de imprensa, ele ressaltou que muitos países pobres ainda têm pouco acesso às vacinas contra o coronavírus e dependem basicamente do consórcio Covax para imunizar suas populações.

Tedros defendeu que os países desenvolvidos apliquem doses de reforço das vacinas apenas em pessoas com imunidade comprometida. De acordo com ele, a prioridade deveria ser agora o envio de imunizantes aos países mais vulneráveis.

(Com Agências)

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