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Comunidades de dois bairros de Fortaleza registram tiroteio após racha em facções
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Comunidades de dois bairros de Fortaleza registram tiroteio após racha em facções

Conflito em comunidades do Passaré e do Jangurussu resultou em, pelo menos, dois feridos. Sete pessoas foram presas. Morador relata clima de tensão
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 VÍDEO mostra criminosos discutindo e efetuando disparos na comunidade do Gereba, no Passaré (Foto: Reprodução)
Foto: Reprodução VÍDEO mostra criminosos discutindo e efetuando disparos na comunidade do Gereba, no Passaré

Duas comunidades têm vivido nos últimos dias um clima de tensão causado por conflitos entre grupos criminosos. As comunidades do Gereba, no bairro Passaré, e Residencial Maria Tomásia, no Jangurussu, registraram rachas nas facções criminosas que ali atuam, conforme O POVO apurou. As duas comunidades são separadas por cerca de 4,5 quilômetros.

Os resultados foram os registros de várias ocorrências de tiroteios, que deixaram, pelo menos, dois feridos.

No Maria Tomásia, tiros foram ouvidos pela segunda madrugada consecutiva nesta sexta-feira, 2. Criminosos chegaram a gravar vídeos registrando a ação.

Nas imagens, que passaram a circular na madrugada de quinta-feira, 1º, um homem que não mostra o rosto efetua diversos disparos nas ruas do residencial e grita que “está tudo neutro”. O tiroteio deixou, pelo menos, um ferido.

Neutros ou Massa é como se autodenominam criminosos que “rasgaram a camisa” de uma facção, ou seja, romperam com ela. No caso, os criminosos que atuam no Maria Tomásia racharam com a facção Guardiões do Estado (GDE). Em redes sociais, publicações atribuídas aos “neutros” anunciaram o rompimento.

“Queremos deixa bem claro que jamais nossa ideologia se bate com a ideologia desses cachorro onde, obriga os membros deles a pagar pefagio pra eles, que facção e essa que voce paga pra ser bandido? onde mata os irmão se eles não paga 50 reais” (SIC), diz uma das publicações.

Uma morador da região detalhou ao O POVO, sob condição de anonimato, o clima “terrível” que pairou sobre os moradores. “As pessoas deixam de circular. De acessar posto médico, escolas, atividades físicas…”, contou. Ele também critica a falta de ações do Estado para controlar a situação. Conforme ele, não houve reforço no policiamento.

Essa não é a primeira vez que “Neutros” tentam tomar o controle do Maria Tomásia. O POVO já mostrou que, em fevereiro, o racha ocorrido na GDE deixou, pelo menos, 10 mortos em bairros como Ancuri, Conjunto Palmeiras e São João do Tauape. Dois desses crimes foram registrados no Maria Tomásia.

Já no Gereba, o racha se dá dentro da facção Comando Vermelho (CV). No local, o conflito também gerou diversos tiroteios. Em redes sociais, circulam vídeos de homens armados discutindo em plena via pública e efetuando disparos.

No Gereba, a Polícia conseguiu efetuar prisões e apreensões em, pelo menos, duas ocasiões. Na manhã da quinta-feira, 1º, após receber denúncias de tiroteios, PMs flagraram dois homens armados. Um deles conseguiu fugir, mas Bruno Soares da Silva, de 22 anos, foi preso com uma pistola calibre 9mm.

“Em sede de interrogatório, o indiciado afirmou ter adquirido a arma na Feira de Messejana, tendo disparado-a para intimidar vizinhos que, pertencentes à facção Comando Vermelho, ameaçavam-no de morte”, consta no auto de prisão em flagrante dele. Bruno teve a prisão relaxada em audiência de custódia.

Ainda na quinta, seis outros homens foram presos. Houve confronto entre o grupo e os PMs e um dos suspeitos foi baleado na perna. Na ação, ainda foram apreendidos um revólver, uma pistola e uma escopeta, além de colete balístico, facas e munições.

Audiência de custódia realizada nesta sexta-feira, 2, manteve a prisão de Francisco Antônio Euzébio Ferreira Filho e Lucildo de Oliveira Nunes, mas relaxou as prisões de Gabriel Florêncio do Nascimento, Josimar Fernandes Silva, Renan Silva Freitas e Tony Mendes dos Santos.

Ação das Forças de Segurança

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) disse que a Coordenadoria de Inteligência (Coin) e a Polícia Civil “seguem investigando a possível atuação de organizações criminosas” no Gereba e no Maria Tomásia.

“Já o Comando da Polícia Militar para Prevenção e Apoio às Comunidades (Copac) da Polícia Militar do Ceará (PMCE) informa que deslocou grupamentos de policiais para a região, com o intuito de reforçar a segurança no local”, afirma a nota.

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