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Mulheres, pretos e pardos temem mais ser vítimas de violências
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Mulheres, pretos e pardos temem mais ser vítimas de violências

IBGE ouviu cidadãos dos 27 estados, abordando temas como sensação de segurança, mudanças de hábitos pela violência e confiança em instituições
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PESSOAS COM PERCEPÇÃO DE RISCO ALTO OU MÉDIO DE VITIMIZAÇÃO,
POR SEXO E COR OU RAÇA, SEGUNDO O TIPO DE VITIMIZAÇÃO (%) (Foto: mikael baima)
Foto: mikael baima PESSOAS COM PERCEPÇÃO DE RISCO ALTO OU MÉDIO DE VITIMIZAÇÃO, POR SEXO E COR OU RAÇA, SEGUNDO O TIPO DE VITIMIZAÇÃO (%)

Mulheres, pretos e pardos temem mais ser vítimas de violência que homens e brancos, apontou a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (Pnad) Contínua — Sensação de segurança 2021, divulgada ontem. De 13 crimes questionados na pesquisa, mulheres têm uma percepção de risco de vitimização maior que homens em nove casos. Já entre pardos e pretos a percepção de risco é mais alta em 10 dos 13 crimes pesquisados em relação a brancos.

Ao todo, em 2021, 40% dos ouvidos na pesquisa afirmaram ter muita chance ou chance média de serem roubados na rua. Os percentuais referentes ao temor de ser vítimas de crimes violentos contra o patrimônio são os maiores. Além de ser roubados na rua, 38,1% afirmaram temer serem roubados no transporte coletivo; 37,2% de ter carro, moto ou bicicleta roubados; e 29,5% afirmaram temer ter o domicílio roubado ou furtado.

Entretanto, entre homens e mulheres, foram observadas respostas com variações significativas às questões. A maior diferença diz respeito à violência sexual. Enquanto 20,2% das mulheres disseram ter chance alta ou média de serem vítimas de violência sexual, apenas 5,7% dos homens disseram isso. Além disso, mulheres relataram mudar mais hábitos por motivo de segurança. Isso se deu em todas as nove perguntas feitas, com destaque a evitar chegar ou sair muito tarde de casa (63,6%), ir a caixas eletrônicos de rua à noite (57,2%) e usar celular em locais públicos (57,6%).

Por outro lado, homens dizem ter mais chances de ser vítima de violência policial (13,5%) ou de serem confundidos com bandidos (13,4%). O medo da violência policial se dá de forma mais marcante em relação à raça/cor do entrevistado. Além de temerem mais ser confundidos com bandidos pela polícia e serem vítimas de violência policial, pretos e pardos relataram mais riscos de ser vítima de bala perdida e ser assassinados. Brancos temem mais ser vítimas de ter informações pessoais vazadas na Internet, ser vítima de sequestro ou ter veículos roubados.

A pesquisa ainda trouxe outros dados referentes à violência e criminalidade no País. Entre as constatações, pessoas que moravam em áreas rurais sentiam-se mais seguras que moradores das áreas urbanas, assim como pessoas que moravam em regiões com serviços públicos avaliados como ótimos ou bons se sentem mais seguros dos que moram em regiões com serviços classificados como regular, ruim ou péssimo.

O Corpo de Bombeiros também foi a instituição que apresentou o maior grau de confiança, enquanto a Justiça teve a menor taxa de confiança. Além disso, em 2021, 1,5 milhão de lares tiveram pelo menos um morador vítima de roubo nos últimos 12 meses (2% do total). Celular (83,7%), dinheiro (36,3%), documento (23,4%), cartão ou cheque (18,5%) e joia, bijuteria ou relógio (10%) foram os objetos mais roubados.

A Pnad Contínua — Sensação de segurança 2021 foi feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), sendo esta a primeira vez que a Pnad Contínua investiga a sensação de segurança da população brasileira.

 

MAIS

Veja a íntegra da pesquisa em: bit.ly/3VGWVpk

Pesquisa mostra subnotificação nas ocorrências

Dados da Pnad também mostram que existe subnotificação dos roubos e furtos no País, e assim as autoridades policiais não tomam conhecimento. Segundo a pesquisa, em apenas 44,8% dos casos de furto na rua, ocorridos no período de um ano antes da pesquisa, as vítimas relataram ter procurado a polícia.

Mesmo entre essas pessoas, nem todas registraram a ocorrência. Daqueles que procuraram ajuda da autoridade policial, 11,2% decidiram não fazer o registro formal na delegacia.Nos casos de roubo, 57,9% das vítimas assaltadas na rua não procuraram ajuda da polícia, assim como 57,1% daquelas que foram roubadas dentro de casa e 52,4% daquelas que foram forçadas a entregar sua bicicleta ao assaltante.

Assim como no caso do furto, mesmo entre aquelas que procuraram ajuda policial, nem todas fizeram o registro de ocorrência na delegacia. Entre os motivos para não procurar a polícia nos casos de roubo, entrevistados pela Pnad destacaram: não acreditavam na polícia (26,9%), recorreram a terceiros ou resolveram sozinhos (24,3%), a falta de provas (15,2%) e o medo de represália (12,8%).

Os casos de roubos e furtos citados não consideram os crimes envolvendo a subtração de veículos, que a Pnad considerou separadamente. Nos casos de roubo/furto de carros e motos, a subnotificação é bem menor. Com relação aos carros, em 80,3% dos furtos e em 91% dos roubos a vítima recorreu à polícia. No caso das motos, 84,9% dos furtos e 82,5% dos roubos chegaram ao conhecimento de alguma autoridade policial. Os registros de ocorrência nesses casos também superam os 90% daqueles que procuraram ajuda da polícia, chegando próximo de 100% no caso dos roubos (98,5% nos carros e 97,9% nas motos).(Da Agência Brasil)

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