O governador Elmano de Freitas (PT) disse estar "muito preocupado" com o alto número de mulheres mortas no começo deste ano no Estado. Durante a solenidade de transmissão de cargo do comandante-geral da Polícia Militar, ocorrida nesta segunda-feira, 30, ele afirmou que se reuniria, ainda na noite de ontem, com a vice-governadora e secretária das Mulheres, Jade Romero (PMDB), e com o secretário da Segurança Pública, Samuel Elânio, visando debater medidas que possam ser tomadas para melhorar a situação.
Nos primeiros 23 dias de 2023, 21 mulheres foram mortas no Estado — são os dados mais recentes disponibilizados pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). A SSPDS classificou seis desses casos como feminicídios. Os números deste ano são piores do que os do ano passado, quando, em todo o mês de janeiro, 16 mulheres haviam sido mortas, sendo dois desses crimes registrados como feminicídios pela SSPDS. O colunista Ricardo Moura antecipou os números na edição do O POVO desta segunda-feira,30.
Nos números gerais de homicídios, há uma ligeira redução: enquanto em 2022, até o dia 23, 190 assassinatos haviam sido registrados em todo o Estado, neste ano, até a mesma data, foram 186 mortes.
"Nós não podemos, de maneira nenhuma, ficarmos quietos diante de uma situação grave de mulheres cearense sendo mortas apenas pelo fato de serem mulheres e por situações conjugais", afirmou Elmano. "Nós não podemos mais aceitar isso e temos que tomar medidas". Até o fechamento desta publicação, nenhum encaminhamento da reunião havia sido anunciado. Também presentes à cerimônia no Comando-Geral da PM, Jade Romero e Samuel Elânio saíram sem conceder entrevistas.
Ainda sobre a segurança pública, Elmano disse que pretende entregar o Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp) nos "próximos dias". Conforme ele, o equipamento proporcionará uma melhoria na integração entre os órgãos de segurança e também ajudará na inteligência policial. "Vamos inaugurar também uma política forte de juventude", disse o governador, que também voltou a mencionar o compromisso com a construção de um hospital da Polícia Militar.
O novo comandante da PM, o coronel Klênio Savyo, afirmou que terá como foco reduzir os números de homicídios e roubos, tendo o "planejamento como base". Ele também falou em continuar o trabalho de interiorização da saúde da Polícia Militar. Durante a gestão do então comandante, o coronel Márcio Oliveira, foram criados quatro Núcleos de Atenção Biopsicossocial (NABs) em cidades do interior. Em seu discurso ao entregar o cargo, Márcio mencionou não só a descentralização da saúde na corporação, como também dados como a compra de 7 mil armas, que proporcionaram que cada PM tivesse armamento próprio, e a entrega de 22 bases do CPRaio.