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Aluno de 13 anos mata professora dentro de sala de aula e deixa quatro pessoas feridas
CIDADES

Aluno de 13 anos mata professora dentro de sala de aula e deixa quatro pessoas feridas

|São Paulo | A professora de Ciências, Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, morreu. O adolescente anunciou o ataque em uma rede social na véspera. Ele foi imobilizado e desarmado por duas professoras
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DELEGADO Marcus Vinícius Reis é o responsável pela investigação do ataque na Escola Estadual Thomazia Montoro   (Foto: ANDRE RIBEIRO/AE)
Foto: ANDRE RIBEIRO/AE DELEGADO Marcus Vinícius Reis é o responsável pela investigação do ataque na Escola Estadual Thomazia Montoro

Um adolescente de 13 anos esfaqueou quatro professoras e um aluno na manhã de ontem,27, dentro da Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo. A professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, morreu. O autor do ataque foi imobilizado e desarmado por duas professoras e apreendido pela polícia. O estudante tinha anunciado na véspera o ataque em uma rede social; há um mês, ele foi denunciado à Polícia por vídeos simulando atos violentos.

Elisabeth dava aula de Ciências para o 8º ano quando foi esfaqueada pelo adolescente. Na sequência, quando atacava a professora de História Ana Célia Rosa, ele foi contido e desarmado pelas professoras Cíntia da Silva Barbosa e Sandra Pereira. Ana Célia era a única ferida que permanecia internada até a noite de ontem.

Ela passou por cirurgia à tarde no Hospital das Clínicas para sutura dos ferimentos e seu quadro era estável. Outras duas professoras receberam atendimento nos Hospitais Universitário da USP e São Luiz, tiveram ferimentos superficiais e receberam alta, assim como um aluno (outro foi atendido por estar em choque).

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse nas redes sociais que "a melhor forma de honrar a memória da professora Elisabeth é trabalhando em ações que garantam que algo assim nunca mais aconteça".

Segundo a Secretaria da Educação do Estado, o agressor já havia sido transferido para outra escola, em Taboão da Serra, e voltou no início deste mês para a Thomazia Montoro. O secretário Renato Feder informou que ele tinha um histórico de violência e que essa teria sido a razão das transferências.

Segundo colegas, na semana passada, ele havia se envolvido em discussões, com acusações de cunho racista a outro aluno. Questionado como a escola agiu para mediar os conflitos entre o agressor e outros estudantes, Feder disse que a diretora pretendia conversar nesta segunda-feira com o menino. "Ela me disse que a briga foi sexta-feira e ela tinha marcado para conversar com ele hoje", afirmou o secretário.

O mesmo adolescente havia sido denunciado à polícia há menos de um mês por "apresentar comportamento suspeito nas redes sociais" e postar "vídeos comprometedores", nos quais aparece "portando arma de fogo" e "simulando ataques violentos".

Um boletim de ocorrência foi registrado no último dia 28 na delegacia eletrônica, narrando a denúncia. O documento ainda diz que o adolescente "encaminhou mensagens e fotos de armas aos demais alunos por WhatsApp" e "alguns pais estão se sentindo acuados e amedrontados com tais mensagens e fotos".

O boletim foi registrado como ato infracional análogo a ameaça e os responsáveis foram "convocados e orientados pela Direção para que as providências cabíveis fossem tomadas". Não foram detalhadas quais outras providências foram tomadas. As Secretarias de Educação e Segurança não comentaram o boletim.

A mãe de uma aluna da escola em que ele estudava em Taboão relatou o medo sentido por colegas. "Ele já tinha dado indícios no Pacheco (Escola Estadual José Roberto Pacheco, em Taboão da Serra). Eles (os alunos) estão em choque, todos com medo", relatou.

"Ele foi frio, bem frio, e não demonstrou emoção", disse o delegado Marcos Vinicius Reis sobre a postura do rapaz durante o depoimento prestado entre a tarde e a noite de ontem na delegacia. Em redes sociais, ele elogiava o massacre cometido na escola de Suzano. (Agência Estado)

 

Um dos estudantes teria agredido as pessoas, de acordo com informações preliminares
Um dos estudantes teria agredido as pessoas, de acordo com informações preliminares

Camilo Santana e Izolda Cela prestam solidariedade às famílias das vítimas

O ministro da Educação, Camilo Santana e a  secretária executiva da pasta, Izolda Cela, manifestaram solidariedade aos familiares e amigos das vítimas do ataque ocorrido na manhã desta segunda-feira, 27, na escola Thomazia Montoro, em São Paulo. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, também se manifestou nas redes sociais. Camilo e Izolda se colocaram à disposição da Secretaria de Educação do Estado para eventuais necessidades. 

Em seu Twitter, o ministro disse que acompanhou com consternação a situação. “Manifesto minha solidariedade aos familiares e amigos dos professores e estudantes feridos no ataque, colocando o MEC (Ministério da Educação) à disposição da Secretaria de Educação e do Governo do Estado para colaborar no que for possível”, dizia a publicação.

Izolda, além das manifestações de solidariedade, afirmou que entrou em contato com a pasta de São Paulo para prestar apoio para enfrentar os efeitos imediatos da tragédia e buscar alternativas de médio e longo prazo. Ela destaca que escolas são espaços de convivência e desenvolvimento humano.

“Sempre que vivenciamos situações tão violentas quanto essa, somos convocados a pensar as causas e nos movimentar na direção de acolher, cuidar e apoiar as unidades educacionais no enfrentamento das múltiplas manifestações da violência na escola e contra a escola”, disse a secretária executiva em seu Twitter.

Já o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse que não tinha palavras para expressar sua tristeza com o ocorrido na Escola Thomazia Montoro. Na postagem, ele dizia que o aluno de 13 anos já foi apreendido e que os esforços se concentraram em socorrer os feridos e acolher os familiares.

Ao prestar condolências pela morte da professora Elisabete Tenreiro, Tarcísio agradeceu à professora Cintia por seu ato heroico de imobilizar o aluno e evitar que o caso fosse mais grave. (Gabriela Monteiro/Especial para O POVO)

Polícia investiga se estudante teve ajuda de outras pessoas

A polícia de São Paulo vai investigar se outras pessoas ajudaram o adolescente de 13 anos a cometer o ataque na escola Thomazia Montoro, na Vila Sônia. O menino chegou a dizer no Twitter o que faria e que seria nesta segunda-feira, 27. Segundo o secretário de Segurança do Estado, Guilherme Derrite, as pessoas que curtiram ou comentaram as mensagens serão investigadas. O colégio ficará fechado por uma semana.

Questionado sobre monitoramento das redes, o secretário respondeu que a conta do adolescente era privada. Colegas também contaram à polícia que ele teria dito na escola que pretendia cometer o ato de violência. Segundo Derrite, outros ataques em escolas de São José dos Campos, Caçapava e Tupã, todas no interior do Estado, foram impedidos este mês pela polícia, que agiu antes dos agressores. "Ações já vêm sendo tomadas nas inteligências das polícias para evitar que tragédias como essa aconteçam", disse o secretário, em coletiva de imprensa ontem.

Derrite pediu que a imprensa e a sociedade, pelas redes sociais, não divulguem os vídeos do ataque para que isso não estimule "adolescentes que estejam imbuídos de vontade de cometer novos atos". Especialistas também recomendam esse tipo de providência e que não se divulgue detalhes do agressor para que ele não seja tratado como exemplo para grupos violentos. Pesquisas internacionais mostram que há até três casos de violência em escolas após um primeiro ser divulgado.

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo anunciou que já iniciou um processo de contratação de 150 mil horas de psicólogos para atender a rede de ensino de forma presencial durante um ano. Desde a pandemia, os atendimentos psicológicos são feitos remotamente. "Independentemente da tristeza de hoje, já estava no cronograma essa contratação, está na cotação de preços e já faremos a licitação", disse o secretário Renato Feder. Desde 2019, uma lei federal diz que as escolas da rede pública do País devem ter serviços de psicologia.

Segundo a secretaria, o agressor tinha sido transferido para outra escola, em Taboão da Serra, e voltou no início deste mês para a Thomazia Montoro, na Vila Sônia. Feder informou que ele já tinha um histórico de violência e que essa teria sido a razão das transferências, mas evitou dar detalhes.(AE)

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