A chuva não deu trégua no Ceará no segundo fim de semana de abril. O Estado registra precipitações desde o começo do mês, há nove dias consecutivos, conforme indica a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Com o grande volume de água que caiu do céu entre sábado, 8, e domingo, 9, pelo menos três barragens se romperam, causando inundação em casas, comércios e deixando famílias desabrigadas no interior cearense.
Em Farias Brito, na região do Cariri, o rompimento de uma barragem particular causou estragos no centro da cidade, na manhã de ontem, 9. Uma forte correnteza atingiu residências, pontos comerciais e uma escola municipal. A água arrastou móveis, derrubou muros e deixou parte das vias públicas cobertas por uma camada espessa de lama. A Prefeitura informou que ninguém se feriu. Não houve desmoronamentos, mas 18 famílias ficaram desalojadas após suas casas serem interditadas preventivamente pela Defesa Civil.
Ao O POVO, a assessoria de imprensa da Prefeitura explicou que a área mais atingida foi o Conjunto Habitacional Albino Oliveira. A gestão informou ter disponibilizado um abrigo provisório para os moradores afetados.
"Todas as famílias que precisarem sair de suas casas vão ficar em uma escola da rede municipal, onde terão colchões, alimentação e produtos de higiene fornecidos pelo Município", afirma nota enviada pela Prefeitura. A Defesa Civil do Município fará uma nova vistoria nas residências na manhã desta segunda-feira, 10, para analisar se o risco permanece.
A barragem que se rompeu fica localizada no Distrito Cachoeira dos Bezerras, na zona rural do município, no limite entre Farias Brito e Nova Olinda. O incidente foi ocasionado pela elevação no nível do Rio Cariús, que recebe um grande aporte de água desde o início da estação chuvosa, em fevereiro. A Defesa Civil do Estado anunciou que irá enviar técnicos de barragens para a cidade nesta segunda-feira para avaliar a segurança de outros reservatórios particulares da região.
As chuvas também causaram o rompimento de duas barragens em Itapipoca, no Litoral Oeste, no sábado, 8. Moradores da comunidade Dom Severino, na zona rural da cidade, tiveram suas residências invadidas por uma forte correnteza. O grande volume de água também deixou as estradas vicinais do distrito completamente submersas. Apesar dos transtornos, a Defesa Civil do Município informou que ninguém ficou ferido ou desabrigado.
Ainda no sábado, nove residências foram evacuadas em Uruburetama, no limite com Itapipoca, por risco de rompimento de uma terceira barragem situada nas proximidades de Dom Severino. As 25 pessoas afetadas passaram a noite nas casas de amigos e parentes e retornaram aos seus imóveis na manhã deste domingo, após a área ser liberada pela Defesa Civil do Município.
De acordo com o coordenador do órgão, Cleyton Sampaio, a desocupação foi uma medida preventiva diante da possibilidade, ainda que remota, de uma ruptura na parede de contenção da barragem, em virtude do alto volume de chuvas.
"Nós tivemos que retirar as pessoas porque, se a parede rompesse, a água com certeza iria invadir as casas com toda força. Depois que a chuva diminuiu um pouco, fizemos um reforço na barreira de contenção com o maquinário da Prefeitura e acreditamos que agora o risco está descartado. De todo modo, seguiremos vistoriando a área para qualquer eventualidade, agirmos na hora certa", destacou o representante da Defesa Civil de Uruburetama.
Segundo dados da Funceme, o Ceará registrou média de 27,1 milímetros de chuvas nas últimas 48 horas. A maior chuva, no sábado, foi em Aracoiaba, cujo acumulado foi de 78 mm. Já neste domingo, o município de Arneiroz, no Sertão Central e Inhamuns, atingiu o maior volume no Estado, com 91 mm. A previsão do tempo até a próxima terça-feira, 11, indica tendência de mais chuvas em todas as macrorregiões.