A média de casos de Covid-19 confirmados por dia saiu de 19,7 na primeira semana de novembro para 188,7 na penúltima semana do mês. Segundo Antonio Lima Neto (Tanta), secretário Executivo de Vigilância em Saúde da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), o Estado pode atingir o platô da atual onda nas próximas semanas.
Na tarde dessa sexta-feira, 1º, a pasta divulgou informações sobre o cenário epidemiológico da doença e a intensificação da vacinação contra a Covid-19 no Estado.
A baixa cobertura com a vacina bivalente da população geral preocupa e, por isso, o Governo vai iniciar campanha de imunização contra o vírus na segunda-feira, 4. Outro alerta é da imunização de bebês de seis meses a crianças de até quatro anos.
No atual momento, a maior parte dos casos com complicação são de crianças. "Temos algumas crianças internadas com complicações. A maioria em enfermaria mesmo, não é em UTI, mas com quadro de Sindrome Respiratória Aguda Grave com comprovação de Covid-19 por teste de RT-PCR, sobretudo na faixa etária de seis meses a um ano", destaca Tanta.
A positividade de amostras analisadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen), entre os dias 24 e 30 de novembro, é de 34,4%. Dos 1.368 exames realizados, 470 tiveram resultado positivo para Covid-19.
Do total de 2.466 exames analisados pelo Lacen nos últimos 14 dias, a Região de Saúde de Fortaleza concentrou 2.208 exames, com positividade de 31,3% (690). Tanta destaca que os dados são apenas uma estimativa da situação real, visto que a subnotificação atualmente é elevada.
No início de 2023, Ceará registrou onda de casos, com 77 óbitos confirmados. Após quatro meses sem mortes, um paciente de 72 anos veio a óbito no dia 8 de novembro. O paciente tinha hipertensão e diabetes. Outro caso está em investigação.
Conforme o último sequenciamento genético realizado pelo Lacen, nessa quinta-feira, 30, das 47 amostras sequenciadas, 38 eram da sublinhagem JN.1 e uma da sublinhagem BA.2.86. Ambas são sublinhagens da BA.2.86 que foi classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como variante sob monitoramento (VUM, variants under investigation) em setembro.
A faixa etária faixa predominante no incremento de casos atual é de 40 a 49 anos, mas foram identificados pacientes de três meses a 89 anos com a infecção.
"O quadro clínico da Covid-19 não mudou. A maioria dos pacientes tem caso leve de tosse, febre, dor de garganta, mantendo o padrão de menos complicações. Apesar do número crescente de casos, não há sobercarga nos hospitais", explica o diretor técnico do Hospital São José de Doenças Infecciosas , Lauro Perdigão.
A Sesa reafirma que a vacinação continua sendo a melhor forma de prevenir o aumento de casos da doença e, principalmente, casos graves. Porém, apenas 18,6% do público apto a tomar a bivalente está imunizado. A média no Brasil é de 17, 1% e o Ceará é o quinto estado em cobertura vacinal.
"A campanha de vacinação vai ser para o público em geral mas a gente tá com baixa cobertura vacinal na faixa etária abaixo de cinco anos de idade. Gostaria muito de reforçar a vacinação nessa faixa etária, mas saliento que todo mundo que ainda não tomou a vacina de reforço procure uma unidade para se vacinar", afirma secretária da Saúde do Estado, Tânia Mara.
No Estado, na faixa etária de seis meses a quatros anos, a cobertura é de 32,1% com a primeira dose e de 18,8% com a segunda. Considerando a dose de reforço, apenas 5,2% das crianças estão vacinadas.
Colaborou Sara Oliveira
Confira os locais para vacinação
Regional de Saúde I
1) Posto de Saúde Paulo Melo (Rua Bernardo Porto, 497 - Monte Castelo)
2) Posto de Saúde Casemiro Filho (Av. Francisco Sá, 6449 - Barra do Ceará)
Regional de Saúde II
3) Posto de Saúde Célio Brasil Girão (Rua Professor Henrique Firmeza, 82 - Cais do Porto)
4) Posto de Saúde Irmã Hercília (Rua Frei Vidal, 1821 - São João do Tauape)
Regional de Saúde III
5) Posto de Saúde Santa Liduína (Rua Professor João Bosco, 213 - Rodolfo Teófilo)
6) Posto de Saúde Humberto Bezerra (Rua Hugo Vítor, 51 - Antônio Bezerra)
Regional de Saúde IV
7) Posto de Saúde Turbay Barreira (Rua Gonçalo Souto, 420 - Vila União)
8) Posto de Saúde Antônio Ciríaco (Rua Gomes Brasil, 555 - Parangaba)
Regional de Saúde V
9) Posto de Saúde Luiza Távora (Travessa São José, 940 - Mondubim)
10) Posto de Saúde Fernando Diógenes (Rua Teodoro de Castro, s - Granja Portugal)
11) Posto de Saúde Siqueira (Av. Eng. Luiz Montenegro, 485 - Siqueira)
Regional de Saúde VI
12) Posto de Saúde Mattos Dourados (Rua Des. Floriano Benevides Magalhães, 391 - Edson Queiroz)
13) Posto de Saúde Janival de Almeida (Rua Coelho García, 25 - Passaré)
14) Posto de Saúde Melo Jaborandi (Rua Trezentos Quinze - Jangurussu).
Fortaleza terá 14 postos de saúde abertos neste sábado
Por causa do recente aumento nos casos de Covid-19, Fortaleza terá esquema especial de vacinação neste sábado, 2, com abertura de 14 postos de saúde 4. As unidades na Capital estarão abertas nos períodos da manhã e da tarde para aplicação dos imunizantes contra o coronavírus, BCG, Hepatite B e Poliomielite, dentre outros.
A ação é uma resposta ao crescimento recente nos casos da doença no Estado, que tem atingido também a Capital. Segundo dados do boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) publicado na última quarta-feira, 29, a taxa de positividade foi de 31,8% em 703 amostras analisadas por laboratórios da rede pública.
Os números representam um aumento significativo em relação aos resultados da primeira semana de novembro, quando apenas 3% dos testes deram positivo.
“É importante que a população tenha consciência da importância da vacinação. Nós tivemos no País todo uma cobertura que andou diminuindo, mas Fortaleza está preocupada com isso. Amanhã vai ter posto aberto dando oportunidade para que as pessoas tomem suas vacinas”, afirma o titular da SMS, Galeno Taumaturgo.
>> Confira a lista de quais vacinas estarão disponíveis e locais onde serão aplicadas
As primeiras medidas de reforço da vacinação em Fortaleza foram iniciadas nesta sexta-feira, 1°, com a imunização de cerca de 25 crianças do Centro de Educação Infantil Maria Dalva dos Santos, no bairro Jacarecanga.
A medida, realizada a partir de informações coletadas pelo Big Data, sistema de coleta e análise de dados da gestão municipal, tem o objetivo de facilitar o acesso das crianças e pais à vacina, evitando grandes deslocamentos ou longas esperas em filas.
Um dos que aproveitaram a imunização na escola foi De Assis Silva, 65, que acompanhava o pequeno José Taylor, 3, na vacinação contra a Covid-19. O aposentado conta que a medida pode trazer mais agilidade para o serviço e deveria ser feita mais vezes.
“É melhor do que ir para os postos. Toda vacina deveria ser na escola mesmo para a pessoa não perder tempo. É mais prático, em um instante. Se fosse no posto, uma hora dessas a gente ia estar na fila ainda”, conta.
Quem também aproveitou a oportunidade de vacinar os pequenos foi Silvana Praxedes, que levou o neto Miguel Oliveira, 3, para tomar as vacinas contra a gripe e a Covid-19 na escola. Preocupada com o aumento no número de contaminações na Cidade, ela comenta que a manutenção de bons índices de proteção é responsabilidade de todos.
“É muito importante que todas as mães que têm seus filhos nas creches tenham essa ação de verificar se o cartão da vacina está em dia e a escola está agindo na sua responsabilidade de informar os pais sobre as campanhas”, aponta a dona de casa.
A partir do cruzamento de dados das áreas da saúde, educação e primeira infância, o Big Data auxilia a identificar os níveis de vacinação de cada estudante da rede pública, com informações como onde o aluno estuda e quais vacinas precisa tomar.
“Quando as vacinas chegam aqui [na creche] para fazer esse trabalho, nós já sabemos quem são as crianças e a quantidade. Ou seja, dá eficiência, dá agilidade, para que essa interação escola-saúde possa cada vez ser mais aperfeiçoada”, explica Galeno Taumaturgo.
Além da vacinação de crianças, o sistema pode auxiliar também em outras áreas do serviço público, como cidadania e educação. Um dos exemplos citados pela gestão é o monitoramento de gestantes nos bairros de Fortaleza.
A partir desse acompanhamento junto aos dados do CadÚnico é possível saber quantas crianças vão nascer nos próximos meses, qual o perfil social da família e projetar políticas públicas, por exemplo, a construção de creches para atender o público de determinada região.
“Essa integração de dados é para resolver problemas da população de Fortaleza relacionados às políticas públicas. Aqui [no CEI] a gente está praticando aquilo que os dados recomendam como solução para os problemas. O futuro, daqui quatro ou cinco anos, é nós termos uma política pública personalizada para cada pessoa na cidade de Fortaleza”, diz o vice-prefeito Élcio Batista.