Já são ao menos 48 horas tentando debelar os focos do incêndio registrado no Parque do Cocó, desde a manhã da última quinta-feira, 18. A expectativa é de que os três focos mais ativos, na avenida Sebastião de Abreu e na Cidade 2000, sejam debelados até a manhã deste sábado, 20. A preocupação maior é pela realidade do "fogo subterrâneo", chamado fogo de turfa, que queima por baixo da vegetação, nas suas raízes. As áreas de trilha e visitação não foram atingidas e estarão abertas no fim de semana. Desafio agora é com ações que inibem novas ocorrências.
"A gente acredita que pela manhã, por volta de 10 horas, a gente já tem um diagnóstico geral", afirmou o comandante-geral do Corpo dos Bombeiros, Cláudio Barreto. Entre bombeiros militares e outros agentes, 100 pessoas atuam nos trabalhos contra os focos de incêndio. A área atingida pelo incêndio, que os Bombeiros estipulam ser de aproximadamente dez hectares, deverá ser mapeada com o uso de drones.
Os trabalhos dos bombeiros foi dividido em três grupos, um nas vias próximas e dois dentro do parque, em sentido contrário. Objetivo era que os grupos se encontrassem e os focos de incêndios fossem concentrados em um mesmo local. Para que viaturas de pequeno porte com bombas de água tivessem acesso a uma área restrita, foram feitos desbastes no terreno. Em alguns focos, com ajuda de um drone termal, foram identificaram temperaturas de até 170 graus.
O Parque do Cocó já havia registrado, em 2021, incêndio que engoliu mais de 40 hectares de área. Desde então, mais brigadistas passaram a atuar, há mais efetividade de vídeomonitoramento. Não foi o bastante para evitar um novo incêndio. Conforme o secretário executivo de Planejamento e Gestão Interna da Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema), Gustavo Vincentino, serão pensadas novas formas de monitoramento. "Já marcamos com os Bombeiros e a Perícia Forense para sentar juntos na próxima semana e discutir caminhos para encontrara soluções mais eficazes".
Um novo Plano de Contingência de Desastres deverá ser feito em 2024. Inclui inundações, desmoronamento e incêndios florestais. Um dos objetivos é alinhar ações para que, caso alguma tragédia aconteça, os órgãos competentes já saibam o que fazer durante e no pós. "O que vamos fazer, e a população da área, e vegetação? É pensar no antes, no durante e no depois", explicou a coordenadora do Previna (Programa de Prevenção, Monitoramento, Controle de Queimadas e Combate aos Incêndios Florestais), Caroline Matos. O Previna é coordenado pela Sema desde 2004.
O Plano está sendo construído desde 2023, de acordo com Caroline. "Fizemos os planos de contingência de cada Unidade de Conservação (UC), pra que a gente saiba o que fazer. Quando tem algum incêndio dentro da Unidade, a gente tem o norte do que fazer. Aqui estamos seguindo mais ou menos o que pensamos para o Plano", explicou.
As chamas geraram fumaça e forte cheiro, atingindo vários bairros da Capital, como Aldeota, Cocó, Papicu, Joaquim Távora, Luciano Cavalcante, Dionísio Torres, Bairro de Fátima, Benfica, Centro, Farias Brito e Barra do Ceará. A fumaça também foi sentida em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Além das equipes do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE), brigadistas da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema) e a Polícia Militar do Ceará (PMCE) estão no local desde o início do incêndio.
Cobras, tartarugas e roedores são principais vítimas
Os animais terrestres são as principais vítimas do incêndio que atinge o Parque do Cocó. As chamas carbonizaram sobretudo os animais rastejantes, como cobras, além de tartarugas e roedores. Equipes da Secretaria da Proteção Animal (Sepa) estão no local para atuar no resgate de animais.
Ainda não há a quantidade de quantos animais morreram. De acordo com o Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE), Cláudio Barreto, na madrugada da sexta-feira, 19, diversos animais foram encontrados pelos agentes durante o combate ao fogo.
"Muitos estavam assustados e fugindo do calor. Infelizmente, encontramos muitos mortos, principalmente cobras. Nesta manhã (ontem), também avistamos raposas e gatos, eles foram alimentados e beberam água, além de serem acolhidos pelas equipes que estão dando apoio", comentou. Alguns animais têm se salvado em regiões isoladas. Segundo a Secretaria da Proteção Animal, apenas os militares do CBMCE estão autorizados a entrarem na área do Cocó. "Estamos em contato com esses profissionais para que, quando avistarem um animal, entrem em contato com a Sepa. Estamos de plantão para salvar essas vidas", diz o secretário interino da pasta, Erich Douglas.(Lara Vieira)