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Bode Ioiô retorna ao acervo do Museu do Ceará após restauro em Pacoti
CIDADES

Bode Ioiô retorna ao acervo do Museu do Ceará após restauro em Pacoti

Local reúne peças do equipamento cultural e passa a receber o público de segunda a sexta-feira com exposições e mostras do acervo. Prédio oficial do museu tem previsão para ser reaberto ano que vem
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Bode Ioiô é restaurado e retornar ao acervo cearense em Fortaleza (Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo)
Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo Bode Ioiô é restaurado e retornar ao acervo cearense em Fortaleza

Seguindo a história popular cearense, o bode Ioiô retorna após “perambular” por outras regiões para mais um capítulo da sua centenária trajetória. Desta vez, um dos personagens que marcou a história do Ceará passou por um trabalho de restauração pelo Museu de História Natural do Ceará Prof. Dias da Rocha (MHNCE), da Universidade Estadual do Ceará (Uece), em Pacoti, a 93 quilômetros de Fortaleza, e retornou ao acervo do Museu do Ceará, em Fortaleza, ontem, 15.

A representação da cultura do Estado está localizada na reserva técnica do Museu do Ceará, que recebeu o nome de “Anexo Bode Ioiô do Museu do Ceará” e está localizada em frente à Praça do Ferreira, no Centro de Fortaleza. O espaço foi inaugurado e aberto ao público ontem, com visitação gratuita de segunda à sexta-feira, das 10 às 17 horas. A inauguração contou com a exibição do bode e a abertura da exposição “Museu Para Quem?”, que segue até maio.

O restauro do Bode Ioiô integra as iniciativas do projeto “Pensar Museus no Ceará”, da Associação de Amigos do Museu do Ceará, aprovado no Edital de Programação Cultural do equipamento. O projeto também inclui diversas atividades como debate, exibição de documentários e a “Formação em Museus”, que percorre seis municípios cearenses por meio do Sistema Estadual de Museus (SEM/CE) ao longo do ano.

De acordo com a presidente da Associação e professora de História, Cícera Preta, o bode passou por restauro no olho, rabo, chifre e outras partes que estavam prejudicando a preservação dele. “É restaurar um personagem que foi eleito vereador de Fortaleza, uma forma de fazer crítica à política. Ele continua tão vivo e a gente restaura essa crítica que continua viva”, destaca.

Em vídeo de divulgação produzido pelo MHNCE, o taxidermista Emerson Boaventura, responsável pelo restauro, detalhou o trabalho, que contou com três etapas em 15 dias. “Na primeira fase, por meio de uma câmara química, foi feita a desinfecção para neutralizar qualquer ocorrência de microrganismos. Em seguida, realizamos barreira química para refixação do couro do bode, acompanhada de limpeza da estrutura externa que compõe a pelagem”, situa.

Na última etapa foram inseridos adereços naturais como orelhas, cauda e reinstalação de unhas. O trato também atendeu a região facial com a recomposição de narinas, lábio e área ocular como pálpebras.

“Foi resgatada a pigmentação da coloração que representa o Ioiô, revitalização de olhos e narina. Fizemos uma barreira de encapsulamento para proteger os pêlos da ação de fuligens e intempéries”, disse Emerson.

A titular da Coordenadoria de Patrimônio Cultural e Memória (Copam), da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult), Jéssica Ohara, comenta que a restauração faz parte de uma jornada de recuperação do Museu do Ceará. “Ele é uma figura central do equipamento. A gente vai ter o restauro do palacete como também os trabalhos de catalogação e plano museológico”, disse.

Ainda segundo a coordenadora, a figura tem grande importância na cultura do Estado e as pessoas mantêm essa relação até hoje. “Essa recuperação da ligação das pessoas é muito importante porque mantém o patrimônio vivo e é isso que o preserva”, pontua Jéssica.

O consultor da Tecnologia da Informação (T.I) Jean Adeodato, 51, visitou o local e destacou a representação do bode como patrimônio que fica para outras pessoas. “Vão poder conhecer a história do Ceará. Se você mantém a cultura e a história, você está mantendo um patrimônio difícil de avaliar”, disse

Para a supervisora de Educação Melina Costa, 42, revisitar a história do Ceará garante a preservação da memória. “Isso aqui é muito importante pra gente levar o ensinamento para outras gerações. Voltamos ao passado e sabemos da importância que é poder ter esse acesso e conhecimento ao patrimônio cultural”, comenta.

Apesar do retorno do personagem ao acervo cearense, com exibição especial nesta sexta-feira, 15, o bode só poderá receber visitação do público em geral a partir de junho, em uma exposição voltada para a importância do Museu do Ceará. Até lá, o público conta com a exposição “Museu Para Quem?”.

Museu do Ceará deve ser reaberto em 2025

Quase cinco anos fechado, o equipamento deve ser reaberto em 2025. A licitação para o reparo do Palacete Senador Alencar, prédio do Museu, já ocorreu, e o projeto para restauro deverá ser escolhido em um mês. Depois, o início das atividades de restauro, que devem levar até oito meses. Com o restauro concluído, o espaço deve voltar a receber público.

De acordo com a titular da Secult, Luisa Cela, a ordem de serviço para as atividades de reparo devem acontecer em maio, após passar por algumas etapas. “Primeiro foi a apresentação das empresas e abertura das propostas para escolher aquelas que cumprem os critérios técnicos de um restauro. Após isso, a gente consegue dar ordem de serviço, com previsão para maio. Depois, a gente espera que em oito meses o restauro aconteça. A previsão da reinauguração é no próximo ano”, disse

Em outubro passado, o Governo do Estado anunciou o repasse de R$ 4,5 milhões para o restauro e a reforma do Museu do Ceará. O montante é oriundo do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos do Estado do Ceará (FDID) e também será direcionado à modernização e acessibilidade do espaço.

Criado em 1932, o museu é a primeira instituição museológica do Ceará. As peças, majoritariamente adquiridas por compras e doações particulares e de instituições públicas, ocupavam duas salas do recém-criado Arquivo Público do Estado. A entidade foi incorporada à Secult em 1967. O Museu, porém, está fechado desde 2019 para obras estruturais.

Confira as fotos do bode Ioiô 

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