Mais de 3 mil crianças do 6º ao 9º ano, de seis escolas municipais de Fortaleza, passarão por uma ação de letramento oceânico e educação ambiental a partir do mês de agosto deste ano. A iniciativa, chamada de 'Projeto de Disseminação da Cultura Oceânica', foi lançada na manhã desta terça-feira, 28, em uma solenidade realizada no Paço Municipal, no Centro de Fortaleza.
Como o próprio nome indica, o projeto tem como objetivo disseminar informações sobre economia azul e cultura oceânica. O lançamento da ação ocorre no mesmo momento em que os corais do litoral do Ceará e de outros estados do Nordeste passam por um processo de branqueamento em massa, causado pelo aquecimento das águas.
“O aquecimento global impacta todo o planeta e a gente sabe que os oceanos [também] são altamente impactados. Então, imagina a relevância de introduzir essa discussão desde cedo para as nossas crianças, para que elas tenham consciência ambiental e entendam os impactos que a degradação do meio ambiente pode trazer”, destaca Jefferson de Queiroz, titular da Secretaria Municipal da Educação (SME).
As atividades vão acontecer em duas etapas. Na primeira, as crianças vão passar por atividades educacionais e, na segunda, os próprios professores vão receber cursos de formação. "Vamos começar [a aplicar] o projeto em seis escolas. Os professores serão capacitados e vão desenvolver estratégias curriculares para serem implantadas dentro da rotina escolar dos estudantes”, pontua o secretário.
“A tendência é que, com esse programa piloto, a gente possa expandir para todas escolas da Capital ao longo do tempo", adiciona.
Élcio Batista, vice-prefeito de Fortaleza, acredita que o projeto é um passo fundamental para enfrentar a degradação dos oceanos. "A gente não vai mudar a mentalidade [da população], se a gente não trabalhar a educação. Estar nas escolas, trabalhando a cultura oceânica [...] vai disseminar esses conhecimentos para toda a cidade. Os alunos têm famílias, os professores também vão replicar para outros professores e [outras] escolas".
A iniciativa, além disso, pode fortalecer a economia azul na Capital, conforme a professora Maria Ozilea Bezerra Menezes, do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC).
"A cidade de Fortaleza tem uma rica cultura dos povos do mar, além de uma beleza natural extraordinária. Então, é importante que essa disseminação aconteça para garantir [...] uma economia do mar nas suas mais diversas áreas — pesca, turismo, etc — e para que exista um crescimento sustentável de toda essa [cadeia econômica]".
Apesar de achar a ação positiva, a professora do curso de direito da UFC Tarin Cristino Frota Mont'Alverne percebe que muitas políticas públicas relacionadas a pautas ambientais são criadas, mas não têm resultados efetivos.
"A gente precisa fiscalizar se essa política pública realmente está sendo implementada e se está tendo algum impacto ambiental. É um ponto muito importante que a gente precisa refletir, porque senão estamos adotando políticas que não saem do papel”, cita a pesquisadora.
De acordo com Homero Silva, superintendente da Agência de Desenvolvimento da Economia do Mar de Fortaleza (Ademfor), a economia azul, de modo simples, se caracteriza por todas atividades econômicas que venham da orla da Capital e que sejam feitas com equilíbrio ambiental, de forma sustentável.
"Precisamos proteger os oceanos e compreender que ele está reagindo. Então, a gente precisa entender que o desenvolvimento econômico deve ser feito de forma equilibrada. [Em Fortaleza], temos atuação na área do turismo, de esportes, no transporte náutico, pesca, etc. Tudo que depende economicamente dos oceanos, é economia azul", explica.
O 'Projeto de Disseminação da Cultura Oceânica' foi idealizado pela Ademfor e contou com apoio da Secretaria Municipal da Educação (SME).