Logo O POVO+
Foliões aprovam Vila do Mar como polo oficial de Pré-Carnaval em Fortaleza
CIDADES

Foliões aprovam Vila do Mar como polo oficial de Pré-Carnaval em Fortaleza

Famílias, jovens, curiosos e foliões "carnavalizaram" calçadão na Barra do Ceará. Estrutura do evento e iniciativa de descentralização foram elogiadas
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
FORTALEZA-CE, BRASIL,  15-02-2025: Pré-carnaval no Vila do Mar, na Barra do Ceará. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)
 (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS FORTALEZA-CE, BRASIL, 15-02-2025: Pré-carnaval no Vila do Mar, na Barra do Ceará. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)

A programação de Pré-Carnaval de Fortaleza chegou ao Vila do Mar, na Barra do Ceará, ontem. A estrutura foi montada no calçadão, entre as barracas de praia e a rua. De transeuntes fazendo exercício a moradores nas janelas de casa, diversos eram os olhares para a atração.

Para Ivanira Mota, 52, que mora na Barra do Ceará “há muito tempo”, ver o Vila do Mar como polo oficial da folia a deixou “maravilhosamente orgulhosa”. Questionada quando a programação ainda estava no início e o público era pequeno, ela disse “ter certeza” de que o local iria lotar.

Usando uma tiara colorida, Ivanira relatou ter o costume de visitar o Vila do Mar com marido e filhos. Desta vez, o que estava diferente era o clima de festa perto de casa. Ela contou ser uma “coroa do Carnaval”; apontou para o próprio braço e disse: “Tá no sangue. Estou na folia todo ano”.

No começo da festa neste sábado, era possível ver mais agentes de segurança do que foliões. A dedicação da organização ao policiamento foi elogiada pelo público. Camila Moura, 34, estava com amigos moradores da Barra do Ceará e contou que todos “estavam reparando no policiamento. Muito bom”.

Ela também elogiou a estrutura e as atrações. “Inclusive, um deles tem amigos da gente, a galera da Turma do Mamão”, comentou a moradora do bairro Vila Manoel Sátiro. “Apesar de não se fantasiar, a gente gosta de pré, da vibe do pré. Estamos aqui para nos divertir”, complementou.

Fantasia não é problema para a família de Islândia Sales, 54. Vestida de “caveira”, ela apontou para as quatro crianças que a acompanhavam, de netos a sobrinhos: tinha Harley Quinn, Pocoyo, Homem-Aranha e a boneca Emília, do "Sítio do Pica-Pau Amarelo".

“O período de Carnaval é uma maravilha. Eles gostam de se divertir, de brincar, e eu também. A gente se fantasia para curtir”, explicou ela.

“Eu compro, faço máscara, a gente faz tudo. Também fazemos no Halloween, já ganhamos até concurso”, acrescentou a fortalezense.

De tintas a glitter: VEJA como proteger a pele dos produtos de Carnaval

Taynara, filha de Islândia e mãe de duas das crianças, disse que a avó é “um pilar” para a diversão dos pequenos. “É quem dá ideias, quem diz ‘vamos animar’. Ela sempre diz: ‘O que eu quero deixar para vocês é a alegria’”.

“Cada um gosta de um personagem, aí eles gostam de se vestir, se animam, e a gente pega o embalo. Só não vim fantasiada também porque estou de resguardo”, brincou Taynara, segurando seu filho recém-nascido nos braços.

Acesso à Cidade por meio do Carnaval

Manuel Júnior estava acompanhado de esposa e filho no Vila do Mar neste sábado. É o segundo pré da família. Eles são do Henrique Jorge, estavam no Conjunto Ceará no fim de semana passado e, hoje, na Barra.

“Nesse lado, de trazer [a festa] para os bairros, a Prefeitura acertou, está de parabéns a iniciativa”, comentou ele. “Estrutura do palco, banheiros e som, tá tudo certo. Música no ritmo do Carnaval, muito bom”.

A integração entre os moradores da Capital é destacada pela secretária da Cultura de Fortaleza (Secultfor), Helena Barbosa. Durante passagem no Vila do Mar, ela sublinhou que o formato do Carnaval deste ano pressupõe “entender que toda a Cidade tem direito ao acesso à cultura e arte”.

“Mais legal ainda é saber que tem pessoas de Fortaleza se deslocando para outros territórios, para consumir o que está acontecendo no outro lado da Cidade. Eu não esperava o deslocamento. Foi uma surpresa”.

COLUNA Vertical | Helena Barbosa: "Não há política exitosa se não for fundamentada na democracia"

Na visão de Helena, a descentralização do Carnaval não significa que “cada um tem que ficar no seu bairro”. “Saber que estão no circuito é maravilhoso demais. Ainda mais sabendo que Fortaleza tem uma série de questões em torno de territorialização. É muito bom saber que o fortalezense abraçou essa proposta”.

A secretária reforçou que a descentralização “não é algo limitado à estrutura do Carnaval, mas é uma diretriz”. Para Helena, quando o prefeito Evandro Leitão (PT) fala que “quer trabalhar para todos, isso atravessa todas as políticas públicas, seja de saúde, educação, cultura, direitos humanos”.

"Então, a gente não vai fazer uma descentralização só no Carnaval. Como é que toda a Cidade pode participar das ações da Secultfor? [Por isso] esse movimento de escuta, de passar pelos territórios, apresentando o que é a Secretaria para todo mundo. Porque a gente fala de ter acesso, mas só existe acesso se você souber o que é. Muitas pessoas não sabem nem o que é. Então, é uma linha, uma condução, um modelo de gestão."

Helena Barbosa, secretária da Cultura de Fortaleza (Secultfor)

Hoje moradores da Caucaia, na Região Metropolitana, o casal Leonice Leandro, 54, e Roberto Araújo, 59, cresceu no Vila do Mar. Leonice se mostrou “emocionada” com o local sendo polo de folia.

“Nossa adolescência foi aqui. A gente passeava aqui, namorava aqui. Temos 40 anos juntos e a gente sempre viveu aqui na Barra”, narrou.

“Fico emocionada com a acessibilidade. Todos os ‘prés’ a gente vai para a Beira Mar, mas hoje eu fiquei feliz de vir para cá. Tem todo tipo de gosto, da banda ao DJ. O que achei mais massa foi não ter espaço VIP. Acho uma coisa que segrega, terrível. Não ter espaço VIP foi nota 10. Traz o povo para mais perto”.

Neste domingo, 16, Leonice e Roberto pretendem passear pelo Raimundo dos Queijos, depois no Benfica. “Acho muito massa a troca. Assim, as pessoas compreendem essa dimensão, de que Carnaval não é só um polo”.

“Saber que as pessoas têm direito a isso, e a gente se cruzar. Pais, mães, jovens, crianças. Acho isso muito interessante”.

O que você achou desse conteúdo?