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Ceará registra pelo menos quatro ataques de facções às empresas de internet em 2025
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Ceará registra pelo menos quatro ataques de facções às empresas de internet em 2025

Ataques estariam relacionados à cobrança de ‘taxas’ dos grupos às empresas para permitir a prestação de serviços em regiões dominadas pelo crime
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Imagem de apoio ilustrativo. Facções estariam ameaçando empresas a pagarem 'taxas' para prestar serviços  (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Imagem de apoio ilustrativo. Facções estariam ameaçando empresas a pagarem 'taxas' para prestar serviços

O Ceará registrou pelo menos quatro ataques de facções criminosas às empresas provedoras de internet neste ano. Entre elas estão a Brisanet, alvo de pelo menos dois dos casos registrados nos três primeiros meses do ano. Entre os grupos atuantes estão o Comando Vermelho (CV).

O mais recente ataque aconteceu na noite dessa quinta-feira, 6, quando um veículo da empresa cearense foi tomado por criminosos e incendiado em no bairro Conjunto Metropolitano, em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou, ontem, que equipes das Polícias Civil e Militar do Ceará realizaram buscas para capturar os suspeitos do caso.

Como O POVO mostrou anteriormente, os ataques estão relacionados à cobrança de ‘taxas’ das facções criminosas às empresas para permitir a prestação de serviços em regiões dominadas pelas organizações.

Um deles é o Grande Pirambu, área de atuação do CV. O local foi palco de dois ataques nos meses de janeiro e fevereiro.

No dia 22 de janeiro, um veículo da empresa Brisanet foi incendiado no bairro Jacarecanga. No momento do ataque, nenhum colaborador da empresa estava no local.

Duas semanas depois, outro carro de uma empresa prestadora de internet não identificada também foi alvo de criminosos. O caso aconteceu no dia 3 de fevereiro, no bairro Carlito Pamplona.

Outra ação dentro do mesmo contexto aconteceu no Pecém, na Grande Fortaleza, na quinta-feira, 27, quando membros do CV atacaram estruturas de empresas de internet na região.

Os ataques estariam relacionados a falta de pagamento dos ‘pedágios’ na região para que as empresas continuassem atuando.

O ataque impactou 90% dos usuários, incluindo as grandes empresas do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), que ficaram sem conexão.

Facção teria ordenado fechamento de galpão de empresa em Fortaleza

Circulou nas redes sociais nessa quinta-feira, 6, que a facção CV teria ‘ordenado’ fechar o galpão da empresa Brisanet, localizado na avenida Francisco Sá, em Fortaleza.

Além disso, o grupo estaria impedido a empresa de fornecer o serviços nos bairro Barra do Ceará, Colônia e Pirambu, zona de atuação do CV.

Em nota ao O POVO, a Brisanet não confirmou o recebimento do ‘comunicado’ do grupo, mas informou que “tem enfrentado desafios para manter os serviços ativos em algumas regiões da Grande Fortaleza devido ao cenário de insegurança pública”.

Ainda segundo a empresa, “a operação do galpão na Barra do Ceará e de outros na Região Metropolitana de Fortaleza segue as necessidades logísticas da empresa, colocando em prioridade a proteção e segurança dos colaboradores e a continuidade dos serviços prestados”.

“Neste momento, não é viável detalhar as ações de segurança que estão sendo adotadas”, concluiu nota da empresa. O POVO procurou a SSPDS nesta sexta-feira, 7, para saber sobre as ameaças das facções às empresas de internet. A matéria será realizada quando o órgão responder. (Colaborou Lucas Barbosa)

Com os suspeitos, foram apreendidos mais de 100 metros de fios de telecomunicações
Com os suspeitos, foram apreendidos mais de 100 metros de fios de telecomunicações

Trio se passa por técnicos de telefonia e são presos furtando fios em Fortaleza

Um trio que se fazia passar por técnicos de uma empresa de telefonia foi preso por furtar fios após ser abordado por uma equipe da Polícia Militar do Ceará (PMCE). Durante patrulhamento de rotina, os policiais suspeitaram do veículo descaracterizado utilizado pelos três homens. O caso aconteceu na segunda-feira, 3, no bairro Guararapes, em Fortaleza.

Na abordagem, os suspeitos de 42, 33 e 28 anos, não apresentaram identificação, assim como portavam crachás falsos com nome de uma empresa ‘Telemarketing and Service’, que não existia. O grupo também não possuíam ordem de serviço e o condutor do veículo não possuía Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

A Polícia Militar constatou que dos três homens, dois já possuíam antecedentes criminais. O homem, de 33 anos, possui passagem por furto, e o homem, de 28 anos, possui passagem por tráfico de drogas e ameaça. Ao serem questionados pela PM, os suspeitos confessaram o crime de furto.

Os três homens foram levados para o 2º Distrito Policial, onde foi feita autuação com base nos artigos 155, 265 e 288 do Código Penal. Com eles, foram apreendidos o veículo, cones, capacetes de segurança, tesoura, escada, facas, alicate, serras, crachás, mais de 100 metros de fios de telecomunicações, assento e cinto de segurança.

A PM informou que um representante de empresa da fiação furtada e o gerente de loja de aluguel da camionete também foram apresentados no 2º DP. Ainda não há informações do envolvimento deles com os suspeitos.

 

Exemplo de equipamento de empresa fornecedora de internet danificado por criminosos no bairro Conjunto Metropolitano, em Caucaia
Exemplo de equipamento de empresa fornecedora de internet danificado por criminosos no bairro Conjunto Metropolitano, em Caucaia

Facção cobra taxas de moradores e de empresas de internet em Caucaia

Caucaia, município da Região Metropolitana de Fortaleza, é mais um lugar a registrar a cobrança de taxas por parte de facções criminosas para que o fornecimento de internet não seja interrompido. Como forma de pressionar o pagamento, equipamentos estão sendo danificados, assim como veículos das empresas já foram atacados.

Um morador do bairro Conjunto Metropolitano, que pediu para não ser identificado, denunciou ao O POVO ter ficado sem internet após os ataques. Ele conta que, no último dia 27 de fevereiro, a internet da casa dele parou de funcionar, após danos terem sido realizados à estrutura da rede que atende o bairro.

Técnicos foram até o local e consertaram os equipamentos, mas, dois dias depois, os faccionados voltaram a quebrá-los. O morador relatou ter acionado novamente a operadora, que, desta vez, disse não haver previsão para o retorno do serviço.

Uma fonte ligada à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), que também terá a identidade preservada, disse que a situação já havia sido denunciada no ano passado, mas se intensificou mesmo na semana do Carnaval.

Além do Conjunto Metropolitano, ele diz que casos semelhantes foram registrados no bairro Sítios Novos e também em São Gonçalo do Amarante, município também localizado na Região Metropolitana de Fortaleza.

Conforme relatado pela fonte, além de cobrar dos empresários, os faccionados também estariam determinando pagamento por parte dos moradores, que teriam de dar R$ 20 aos criminosos para poderem ter internet em casa.

Policiais militares têm sido acionados para garantir a segurança dos técnicos chamados para realizar os consertos. A fonte ligada à SSPDS ouvida por O POVO ressalta que os funcionários têm medo, já que, muitos deles, moram em bairros próximos à região onde os crimes ocorrem.

Conforme ele afirmou, até esta sexta-feira, 7, não há registro em Caucaia de empresas estarem pagando as taxas aos criminosos.

Segundo a fonte, “salves” compartilhados nas redes sociais com relatos de que apenas algumas empresas estão autorizadas a trabalhar são, na verdade, uma espécie de “média” dos criminosos para com os empresários, uma forma de demonstrar que eles têm o poder de autorizar ou não o serviço nos territórios.

Na noite dessa quinta-feira, 6, um carro da empresa Brisanet foi tomado por criminosos no Conjunto Metropolitano. O veículo foi levado até a rua Pedro Álvaro de Menezes, onde foi incendiado.

Em nota, a Brisanet reiterou o compromisso com a segurança dos colaboradores, “adotando medidas internas para contornar os incidentes de segurança pública”.

Até o momento, não há prisões relacionadas aos ataques. Em nota, a SSPDS informou que a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) investiga o caso.

Relembre outros casos

O POVO tem acompanhado registros de extorsão a provedores de internet desde 2019. Em outubro daquele ano, um homem, que seria integrante do Comando Vermelho (CV), foi preso pela Draco suspeito de cobrar taxas para permitir a atuação de empresas de internet no residencial Cidade Jardim II, no bairro José Walter.

Outros casos foram registrados em anos seguintes e, em 2025, uma nova leva de ataques foi registrada. Em 5 de fevereiro, um carro de uma operadora de internet foi incendiado no bairro Carlito Pamplona.

Outro veículo chegou a ser atacado, mas os criminosos não conseguiram atear fogo. Já em 22 de fevereiro foi a vez de um carro de uma outra empresa ser incendiado no bairro Jacarecanga.

Em diversos pontos do Grande Pirambu, são feitos relatos de que criminosos estão danificando equipamentos de empresas “não autorizadas” a atuarem no bairro pelo CV. A situação também se daria em bairros como Barra do Ceará, Sapiranga e Quintino Cunha.

Por fim, no dia 27 de fevereiro, um ataque do CV a equipamentos em São Gonçalo do Amarante, provocou falhas no sinal de internet no município, o que atingiu, até mesmo, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp). (Com informações de Mirla Nobre)

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