No País do futebol, o campo virou praia e os jogadores agora se movimentam com uma raquete na mão. A nova “febre” esportiva tem nome — beach tennis — e já inspirou a formação de um projeto social voltado para sua popularização na Praia de Iracema, em Fortaleza.
Estima-se que cerca de 1,2 milhão de brasileiros praticam beach tennis, segundo dados da Confederação Brasileira de Tênis (CBT) em 2024. Mas, para Allysson Lima, a dificuldade de acesso, inclusive aos brasileiros que moram nas comunidades, foi um estopim para mostrar a modalidade além de “um esporte de elite”: nasce o Iracema Beach Tennis.
Criado em fevereiro de 2025, o projeto busca atender crianças dos 8 aos 14 anos, oferecendo aulas gratuitas em uma arena localizada na avenida Beira Mar, na entrada do espigão da João Cordeiro. No espaço, Allysson atua como um instrutor, todas as sextas-feiras, das 17 às 19 horas.
“A gente sabe que o beach tennis é uma modalidade um pouco menos acessível, né? Você sabe que tem que ter um pouco mais de recurso, tem que ter um pouco de dinheiro, para poder comprar raquete, bolinha…”, relata Lima.
Para auxiliar com os custos dos equipamentos, o Iracema Beach Tennis apresenta a opção de day-use aos demais praticantes, na sexta-feira, sábado e domingo. Cada pessoa paga R$ 10, com acesso às partidas rotativas.
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Na sexta-feira passada, 9, um grupo composto por quatro meninas aguarda as instruções de Allysson Lima, antes do início da aula. A mãe de uma das crianças acompanha a partida da filha, enquanto permanece sentada em uma cadeira de praia disponível no local.
“Eu nem conhecia, vim conhecer o beach tennis através do projeto”, revela Raquel Faustino, 46. “Ela (a filha, Flora) adora. Na sexta-feira eu não tenho nenhum compromisso, justamente para ela vir”.
Allysson explica que, no beach tennis, é necessário um mínimo de quatro raquetes, para que dois participantes joguem de um lado da rede, e dois do outro. “E, no mínimo, umas 30 bolinhas para poder servir, para a gente ir distribuindo o treinamento, não ficar muito desgastante e passar mais tempo juntando bolinha do que jogando”, diz.
“Então, a gente tem que ter esse material mínimo, sabemos que tem um custo. O tênis também é um esporte muito caro, a gente sabe. E o beach tennis é uma adaptação”, acrescenta.
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A Prefeitura de Fortaleza deu a concessão do espaço, que foi adaptado para o beach tennis. “A gente tem que fazer uma força tarefa, uma limpeza, uma contenção de barricadas de areia para sujeira não passar”, indica o instrutor.
O projeto foi desenvolvido com “investimento próprio”, e os valores cobrados no day-use e outras aulas são revertidos para a sustentação da iniciativa. “Porque, realmente, com o tempo, as bolinhas vão se desgastando, as raquetes vão se desgastando, as redes… Todo o material”, avalia.
O beach tennis social também é apoiado pelo educador físico Wesley Evangelista. O profissional explica que, assim como Allysson, também veio de um projeto social, este voltado ao futebol de praia. “Nada mais justo que montar um projeto para poder ajudar outras crianças, como a gente foi ajudado.”
Iracema Beach Tennis