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1ª Caminhada da Adoção celebra o amor familiar e cobra agilidade judicial
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1ª Caminhada da Adoção celebra o amor familiar e cobra agilidade judicial

| DIREITO | O evento destacou a urgência de acelerar processos e garantir o direito das crianças a um lar afetivo e seguro
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1 ª Caminhada da Adoção de Crianças e Adolescentes  visa sensibilizar a sociedade sobre a importância da adoção legal (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal 1 ª Caminhada da Adoção de Crianças e Adolescentes visa sensibilizar a sociedade sobre a importância da adoção legal

A 1ª Caminhada da Adoção de Crianças e Adolescentes foi realizada na manhã deste domingo, 18, em Fortaleza. O evento, organizado pelo Coletivo de Pais e Pretendentes à Adoção (Coppa), reuniu famílias adotivas, pretendentes, profissionais da rede de proteção e representantes do Judiciário.

O objetivo foi celebrar o amor que nasce da adoção legal e denunciar a morosidade do sistema que mantém milhares de crianças institucionalizadas por anos.

Para Fábia Rodrigues, mãe adotiva, a manifestação representa uma convocação à sociedade. Ela e sua família aguardaram mais de quatro anos na fila da adoção.

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“Passamos quatro anos e seis meses aguardando pela Maria Luísa. Ela chegou com um aninho, hoje tem três. É uma história de amor, mas também de luta. Há muitas pessoas que estão há anos na fila, aguardando a oportunidade de formar uma família por meio da adoção, e essas histórias acabam sendo invisibilizadas”, destaca.

O Coppa atua no apoio aos pretendentes à adoção. O coletivo conta hoje com cerca de 80 voluntárias. Membro do conselho diretor, Fábia Rodrigues explica que a adoção precisa ser compreendida como um movimento coletivo de responsabilidade social. “Adoção não é só adotar. É apadrinhar, visitar, dar dignidade às crianças que vivem em abrigos”.

A concentração teve início às 8 horas no estacionamento do Shopping Iguatemi, com os participantes vestindo camisas brancas, símbolo de união, paz e compromisso com o direito de toda criança crescer em um lar seguro e afetivo.

Para garantir acessibilidade, um trenzinho acompanhou a caminhada, oferecendo suporte às crianças e às pessoas com mobilidade reduzida durante o trajeto. Personagens infantis animaram a criançada durante o trajeto. 

A mobilização também teve um forte tom de denúncia à lentidão do sistema de Justiça. Em média, pretendentes podem esperar de quatro a seis anos na fila para adoção. Segundo o promotor Dairton Oliveira, da Promotoria da Adoção de Fortaleza, atualmente há cerca de 300 crianças em acolhimento institucional na Capital e cerca de 900 em todo o Estado.

“Dessas, 30% já poderiam estar em processo de adoção ou de retorno à família de origem. A legislação é clara: o processo de destituição do poder familiar deve durar, no máximo, 120 dias. Então, por que essas crianças continuam acolhidas por três, quatro anos? A adoção não flui porque a máquina judicial não funciona com a celeridade necessária”, pontua.

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O trajeto seguiu até o Parque do Cocó, onde o grupo participou de um piquenique coletivo e de uma roda de conversa sobre os desafios da adoção. As crianças também aproveitaram o espaço para se divertir livremente.

Entre os participantes estava o casal Jéssica Helen, 30, e Cristiano Sávio, 37. Jéssica conta que o desejo de adotar surgiu ainda na infância.

“Era algo que já existia no meu coração e ele também tinha esse desejo. Entramos no processo há dois anos. Desde o início entendemos que não havia diferença entre um filho biológico e um adotivo. Se não gerássemos, poderíamos dar a oportunidade a alguém que já está esperando”, relata .

Ao falar sobre o tempo na fila, Cristiano enfatiza que é um processo doloroso. “Sabíamos que não seria rápido, mas só vivendo pra entender o quanto o sistema é lento. Mas decidimos transformar essa ansiedade em ação. A gente entrou para o Coppa para lutar por todas as crianças, não só pelo nosso filho. Porque todas essas crianças são, de alguma forma, responsabilidade nossa”.

 

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