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A 12 dias do fim do mês, chuvas de maio devem ficar abaixo da média histórica
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A 12 dias do fim do mês, chuvas de maio devem ficar abaixo da média histórica

Todas as macrorregiões do Ceará estão com índices de precipitações abaixo da média. Especialistas afirmam que afastamento da ZCIT e poucas entradas de eventos oceânicos no continente causaram a diminuição das precipitações
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Fortaleza registrou 14,6 mm de chuva e pontos de alagamentos entre as ruas Pedro I e Barão do Rio Branco, no Centro da cidade (Foto: Daniel Galber - Especial para O Povo)
Foto: Daniel Galber - Especial para O Povo Fortaleza registrou 14,6 mm de chuva e pontos de alagamentos entre as ruas Pedro I e Barão do Rio Branco, no Centro da cidade

Os últimos momentos da quadra chuvosa deverão ser de precipitações abaixo da média histórica no Ceará. Restando 12 dias para o fim, maio registrou apenas 33 dos mais de 90 milímetros (mm) de chuva considerados normais para o mês, conforme dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

Até ontem, 19, somente os municípios de Araripe, a 567 km de Fortaleza, e Potengi, distante 546 km da Capital, tiveram chuvas acima do esperado para o quinto mês do ano. Os números, entretanto, disfarçam o real nível de precipitações, já que ambas as cidades, historicamente, estão entre as dez onde menos chove durante maio no Ceará.

Municípios com menor média histórica de chuvas no Ceará em maio

O cenário geral cearense até o momento é de baixa incidência de chuvas, com números inferiores à média histórica em todas as oito macrorregiões. No Litoral de Fortaleza, por exemplo, área que comumente concentra as maiores precipitações em todo o Estado, o déficit é superior a 71% e não deve ser recuperado até o dia 31.

Isso porque, segundo o pesquisador da Funceme Francisco Vasconcelos Júnior, a expectativa do órgão é de que as chuvas se mantenham de forma isolada e em baixa intensidade até o fim do mês. A explicação para essa redução seria um conjunto de fatores, como a ausência de outros sistemas causadores de chuva.

“Maio já é aquele mês de transição, o mês já de final do período chuvoso. A explicação é não só isso, mas que nós tivemos poucos eventos de entrada de sistemas chamadas de ondas de leste, eventos vindos do Atlântico Sul, que eles entram, e com o continente muito quente, acabam produzindo chuva”, explica Vasconcelos.

Entre os poucos lugares onde se pôde ver bons números esteve a cidade de Acaraú, no Litoral Norte, que registrou 151 mm durante os 19 dias passados do mês. Ela e outros quatro municípios da região estão em torno da média histórica, mesmo com a queda de precipitações no Estado e compõem os mais chuvosos do Ceará de maio até aqui.

Até a próxima quarta-feira, 21, a previsão é de chuvas em todas as macrorregiões do Ceará, especialmente durante os períodos da tarde. Mesmo com as precipitações, as temperaturas devem seguir altas, variando de 32 °C a 36 °C em grande parte do Estado.

Após início dentro da média, chuvas diminuem perto do fim da quadra no CE

Depois de um janeiro com números acentuados e de registros dentro da normalidade em fevereiro e março, os índices de precipitações no Ceará têm desacelerado. Segundo dados da Funceme, o último mês de abril acumulou 120,2 mm de chuva em todo o Estado, número 37% abaixo do normal para o período, que é de 190,7 mm.

O cenário não é de todo estranho e já aconteceu outras quatro vezes nos últimos dez anos no Estado. Entretanto, o resultado obtido em abril de 2025 é o pior desde 2017, quando foram acumulados 110,3 mm.

Além da já citada ausência de eventos oceânicos, Vasconcelos aponta o afastamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), principal vetor de chuvas do Estado, como causa do tempo mais firme. Segundo o pesquisador, a ZCIT começou a se deslocar para o Hemisfério Norte desde o início de abril, e por isso, a quantidade de precipitações em solo cearense diminuiu.

Junto a ela, uma rápida atuação da Oscilação Madden Julian (OMJ), fenômeno que influencia padrões de circulação atmosférica em grande escala, durante a primeira quinzena, propiciaram os números abaixo do esperado para abril.

“Ela [ZCIT] começou realmente ali em meados de abril a ir mais para norte. Hoje, para você ter ideia, ela já está totalmente no Hemisfério Norte, cerca de 3°, 4° ao norte. Realmente foi não só a OMJ, que é algo que passa bem rápido. Para se ter ideia, ela percorre o globo todo em média de 46 dias. A atuação sobre o estado é de oito dias, dez dias…”, acrescenta Vasconcelos.

Os impactos desse cenário climatológico podem ser observados nos resultados do trimestre março-abril-maio, que até agora acumulou 358 mm. O período caminha para ficar abaixo do considerado normal, que é entre 402 e 573 mm.

No último mês de março, a Funceme divulgou prognóstico onde apontava 45% de chances das chuvas ficaram dentro da média e 30% de serem inferiores ao esperado. As chances de superar a normal eram de 25%.

Já o aspecto geral da quadra ainda é indefinido. A 12 dias do fim, ela segue apenas 29 mm abaixo da média histórica, valor que pode ser alcançado durante os últimos dias de maio.

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