As crianças atendidas no Hospital Luís França (HLF), da Hapvida, em Fortaleza, receberam na manhã de ontem, 30, os personagens Mickey e Minnie vestidos de chita xadrez para comemorar o São João.
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O casal mais famoso da Disney — interpretado voluntariamente por artistas da empresa Oli Produções — animou o público infantil dos setores da Oncologia, da Emergência, dos Postos de Enfermagem e da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Ana Cristina Matos, de 48 anos, é administradora do hospital, e explica que a iniciativa ocorre em datas comemorativas como essas para proporcionar momentos de quebra de rotina e alegria às crianças.
“Nós fazemos essas ações nas datas comemorativas porque muitas crianças que não tem condições físicas nem financeiras de sair para ver o Papai Noel, de sair no São João para curtir, porque eles estão no momento reservado para os cuidados médicos”, explica Ana Cristina.
“Então, trazemos eles aqui. Fazemos a festa junina aqui para eles, para que eles possam sentir que a festa continua, mesmo estando aqui dentro. Mas a gente não deixa de comemorar com eles”, acrescenta.
Gustavo Henrique Barbosa, de 11 anos, é um dos pacientes que necessitam de acompanhamento hospitalar prolongado dentro do hospital. Acerca da visita do Mickey e Minnie, ele, timidamente, define o momento como: “legal, divertido e interativo”.
Para a dona de casa Patrícia Barbosa, mãe de Gustavo, essa iniciativa é “gratificante porque anima mais eles”. A mãe de 36 anos, oriunda de Juazeiro do Norte, comenta que há sete dias “passa o dia todo” no hospital e “não sai”, devido ao problema de saúde do filho.
Desde 2023, Gustavo tratava um neuroblastoma, recebeu cura, porém, agora os médicos investigam um possível novo câncer no menino. “Já é a segunda vez que ele passa por aqui. Depois de 2 anos ele está voltando”, fala a mãe enquanto chora com a voz embargada.
“É muito difícil viver aqui dentro. Tem dia de vir, mas não tem dia de volta para casa. Aí para eles eu acho que é mais animador, porque assim, eles só têm contato com a gente (mães), com a equipe médica, enfermeiro e mais ninguém”, diz Patrícia.
Como Gustavo, a paciente Emanuelly Pinheiro, de 14 anos, também se anima com a vista do Mickey e Minnie no quarto do posto de Enfermagem. “É muito bom, eu me sinto muito feliz com essas coisas, sabe? Arranca um sorriso meu”, comenta Emanuelly, sorrindo.
Samara Pinheiro, 31, mãe da paciente, confirma: “O dia que tem essas visitas é o dia que ela mais se alegra. Ah, eu não sei nem explicar o sorriso dela assim. Ela já acorda feliz. Eu não sei explicar a alegria de mãe”.
A mãe da paciente detalha que há um ano a filha enfrenta um tumor ósseo maligno, denominado osteossarcoma. Elas também vieram de Juazeiro do Norte. Samara conta que precisou largar o emprego de monitora escolar para cuidar da filha, enquanto o marido continua trabalhando e cuidando de outro filho no município.
“A rotina é parada porque tem que ficar aqui e só tem eu. Fica mais trancada no hospital, por conta que as quimioterapias sempre baixam as defesas do organismo dela. Aí geralmente a gente sai de um quarto para o outro”, diz Samara.
O psicólogo do Hospital Luís França, Benevides Silva, de 32 anos, ressalta que a iniciativa facilita o processo de acolhimento das pacientes infantis.
Ele considera que a ação é benéfica porque ajuda a aliviar o peso dos tratamentos e estabelece vínculos de confiança entre equipe hospitalar, pacientes e familiares, que “no final acaba tirando aquela imagem de hospital, que é relacionada à dor”.
“Projetos como esse, onde vem um personagem aqui para o hospital, ajudam as crianças que estão naquele processo mais entristecido. Elas conseguem ter um momento ali de alegria, de descontração. E percebemos resultados relacionados principalmente aos níveis de ansiedade que consegue amenizar ali naquele processo”, afirma Benevides.
Outra contribuição, segundo ele, é que a ação impacta positivamente na interação entre os pacientes mirins e os profissionais.
Acerca da interação com as crianças hospitalizadas durante a visita, o ator Caio Oli, que interpretou o personagem Mickey, fala que a iniciativa o emociona.
“É mágico. É muito gratificante para mim ver o olhinho delas brilhando, emocionadas. A gente que atua fica muito emocionado. Eu já me emocionei várias vezes hoje”, relata o artista.