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Festa da Vida no Parque Rio Branco une celebração e luta por sustentabilidade
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Festa da Vida no Parque Rio Branco une celebração e luta por sustentabilidade

Evento, em sua 29ª edição, celebrou iniciativas comunitárias e denunciou os impactos dos agrotóxicos e da pulverização por drones no Ceará
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PÚBLICO acompanhou programação com exposições e apresentações artísticas (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS PÚBLICO acompanhou programação com exposições e apresentações artísticas

O Parque Rio Branco, localizado no bairro Joaquim Távora, em Fortaleza, foi palco na manhã deste domingo, 8, da 29ª edição da Festa da Vida, evento promovido pelo Movimento Proparque. A celebração, tradicionalmente realizada nas proximidades do Dia Mundial do Meio Ambiente, reuniu associações, organizações não governamentais e grupos sociais em uma programação diversa.

A proposta do evento foi dar visibilidade a iniciativas comunitárias que resistem à degradação ambiental e social, propondo práticas sustentáveis e solidárias como alternativas viáveis. As apresentações e exposições foram marcadas por expressões artísticas, produtos orgânicos, rodas de conversa e atrações culturais.

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“Chamamos de Festa da Vida porque esse é um momento de visibilidade às ações que cuidam e promovem a vida. Não só a vida humana, mas a vida integrada: a árvore, a água, a manga que caiu, o animal, a areia. Tudo está conectado”, explicou Terezinha Façanha Elias, representante do Movimento Proparque.

Entre os expositores, o agricultor José Gilson Noronha, do Sítio Cotas, no Eusébio, levou à feira seus produtos orgânicos, cultivados com apoio da família em regime de agroecologia. Além de hortaliças, o sítio cultiva ervas medicinais, fitoterápicos, tubérculos e frutas, tudo livre de agrotóxicos.

Este é o quarto ano em que o agricultor participa da Festa da Vida. “Hoje alimentamos muitas famílias da região metropolitana com alimentos saudáveis. E o mais importante, na minha visão, não é o certificado, mas o consumidor conhecer onde e como aquele alimento está sendo produzido”, diz.

A programação contou ainda com o artesanato elaborado por irmãs da Pastoral Social da Paróquia de São  Raimundo Nonato, localizada no bairro Rodolfo Teófilo. A instituição estava representada pela freira Ngo Baleba, irmã que veio do país Camarões em missão.

“Valorizamos o trabalho manual como forma de sustento e também como expressão de cuidado com o próximo e com a criação. No meu país, Camarões, também trabalhamos muito com reciclagem e outras iniciativas que ajudam a preservar o meio ambiente. Acreditamos que não podemos nos desconectar da natureza. Precisamos cuidar dela com responsabilidade”, afirmou a religiosa.

No campo das artes populares, Rosângela Ampudia, idealizadora da Cia Conto e Cantoria, encantou o público com canto e dança, bem como com seus bonecos gigantes feitos de materiais recicláveis.

“Trabalhamos com dança, teatro, música, contação de histórias e também artesanato. Usamos apenas materiais reaproveitados. As cabeças dos bonecos, por exemplo, são feitas com garrafa PET; os corpos, com galões de produtos de limpeza. Nosso mote é arte com responsabilidade ambiental”, apresenta.

A festa contou ainda com a presença dos corais Amigos de Izaíra Silvino e Encantos da Rua, este último ligado à Pastoral das Pessoas em Situação de Rua. A parte musical também trouxe os grupos Trevo e Não Insistas, Rapariga.

O evento atraiu muitas famílias, como a de Georgia Landim, 43, e João Bosco, 42, moradores do bairro Monte Castelo, que foram acompanhados dos filhos João Pedro, 2, e Rafael, 9. “Já fazia tempo que queríamos conhecer o Parque Rio Branco, e hoje conseguimos. É importante que as crianças cresçam entendendo que fazem parte da natureza e não apenas tiram dela”, comenta Georgia.

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No decorrer do dia, uma roda de conversa reuniu ambientalistas e interessados para debater sobre os impactos da Lei n.º 19.135/2024, que permite a pulverização aérea de agrotóxicos no Ceará por drones. A prática é apontada como nociva à saúde e ao meio ambiente.

“É uma discussão essencial, inclusive com críticas pontuais a decisões do governo. Não podemos aceitar retrocessos em nome do agronegócio”, Terezinha Façanha Elias, uma das articuladoras do Movimento Proparque.

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