Um policial militar foi denunciado na última terça-feira, 24, pelo Ministério Público Estadual (MPCE) acusado de matar um ex-policial militar em 2020 no bairro Vila Manoel Sátiro, em Fortaleza. Irissandro da Silva Queiroz, de 49 anos, teria matado a tiros Jean Charles da Silva Libório, de 45 anos, por causa de uma dívida na venda de um carro.
Conforme apuração da Delegacia de Assuntos Internos (DAI), na tarde do dia 9 de junho de 2020, Irissandro trafegava em seu carro quando visualizou a vítima em um bar. O denunciado, então, teria descido do veículo e disparado diversas vezes contra ele. Ao todo, Jean Charles foi atingido por 12 tiros.
Após testemunhas afirmarem que o automóvel usado no homicídio seria um carro modelo Gol branco ou prata, os investigadores localizaram câmeras de vigilância que registraram que um veículo Gol prata, que estava no nome do pai de Irissandro, circulou pelo local e horário do crime.
Após o crime, policiais militares de serviço abordaram um carro em que Irissandro estaria, mas liberaram o veículo, conforme um dos policiais presentes na ação, por acreditarem que esse veículo se tratava de um veículo branco e não prata — uma ocorrência de roubo, cujos suspeitos estavam em um automóvel branco, também havia sido reportada na ocasião.
“De fato os documentos acostados (...) revelam que havia uma outra ocorrência em curso, em horário próximo, referente a um roubo envolvendo um gol branco”, afirmaram na denúncia os promotores Márcia Lopes Pereira e Ythalo Frota Loureiro.
Eles salientaram na denúncia, porém, haver a possibilidade de que “o policial abordou o veículo suspeito corretamente, entretanto, o fato de o réu ter se apresentado como SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR foi suficiente para que o réu fosse liberado”.
Também foi apurado que Irissandro e Jean Charles eram desafetos, pois este teria comprado um carro daquele e não teria pagado pela transação. Essa inimizade ficou demonstrada, afirmaram os promotores, na análise do celular da vítima.
Jean Charles da Silva Libório foi expulso da PM após ser acusado de integrar um grupo de extermínio que, a mando do iraniano Farhad Marvizi, teria praticado diversos homicídios na Região Metropolitana de Fortaleza nos anos 2000.
Marvizi foi condenado por manter um esquema de contrabando de aparelhos eletrônicos. Entre as vítimas do grupo de extermínio estão o casal Carlos José Medeiros Magalhães e Maria Elizabete Medeiros, assassinados em 2010.
As vítimas teriam sido mortas por repassar informações à PF sobre o esquema de contrabando. Os PMs envolvidos no grupo de extermínio ainda teriam tentado matar um auditor da Receita Federal que apurava o caso.
O crime que vitimou Jean Charles foi registrado no mesmo bar em que três policiais militares foram assassinados em 2018 por integrantes da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE).