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Guarda Municipal avalia como positivo 1º dia de "corredores seguros" no Vicente Pinzón
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Guarda Municipal avalia como positivo 1º dia de "corredores seguros" no Vicente Pinzón

Viaturas foram colocadas em áreas "identificadas com maior clima de insegurança". Rotina escolar havia afetada pela disputa entre facções na última semana
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VIATURAS da Guarda Municipal foram colocadas próximo a escolas (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES VIATURAS da Guarda Municipal foram colocadas próximo a escolas

A Guarda Municipal de Fortaleza (GMF) apontou como positiva a operação de segurança realizada nessa segunda-feira, 1º, no entorno de escolas. O intuito da ação "corredores seguros" é se manter em locais considerados rotas para ida e volta de estudantes e professores no bairro Vicente Pinzón, em Fortaleza, onde ocorre uma "guerra" entre duas facções criminosas rivais. 

Aproximadamente dez viaturas permaneceram em pontos estratégicos, como áreas "identificadas com maior clima de insegurança". A Guarda Municipal informou ainda que a operação terá continuidade até que a sensação de insegurança no local seja dissipada. 

O Sindicato União dos Trabalhadores em Educação de Fortaleza (Sindiute) apontou, diante de um levantamento próprio, que 16 escolas foram afetadas na região na semana passada. O sindicato informou que quatro escolas ficaram sem aulas e 12 operavam de forma precária, com turmas reduzidas e redução da frequência de alunos.

No dia 27 de agosto passado, a região registrou dois homicídios e três casos de pessoas feridas por lesão de arma de fogo. Houve registro de um corpo em decomposição encontrado e de uma casa incendiada de forma criminosa. Em um período de pouco mais de um mês a área havia contabilizado 12 mortes violentas. 

Em entrevista ao O POVO, uma professora que pediu para não ser identificada relatou que, durante os tiroteios que estavam ocorrendo, havia ameaça de um ataque a um dos colégios, pois havia um estudante que seria alvo da facção. Ela relata que, em algumas situações a escola permanecia funcionando, mas os estudantes não frequentavam. "A escola estava aberta para os alunos, mas eles só não apareceram", disse a professora sob anonimato.

Durante a entrevista, a profissional explicou que as mensagens do aparelho celular seriam apagadas por ela, por ter medo de ser parada por criminosos. É costumeiro que os criminosos briguem as pessoas a entregar o aparelho e desbloquear para que eles tenham acesso as conversas. "Tem um aluno que é envolvido e só de ele estar na escola nos sentimos ameaçados", descreve

A educadora descreve que há ainda dificuldade para utilizar transporte por aplicativo, pois há o acordo entre os motoristas profissionais, de não entrar na comunidade, em razão da guerra entre as facções. O risco de bala perdida aumenta com os confrontos territoriais. 

Uma mãe de aluno, também com a identidade preservada, relatou que o filho não teve aula na quinta-feira e na sexta-feira passadas, mas que nessa segunda-feira, 1º, recebeu o comunicado informando que as aulas aconteceriam normalmente, pois foi confirmado que haveria segurança. 

Um pai de estudante, de identidade preservada, destacou que algumas escolas no Vicente Pinzón  precisam de mais segurança, em razão da área ser uma espécie de ponto de conflito. Ele presenciou a atuação da Guarda Municipal, mas considerou o policiamento reduzido, pois havia uma viatura apenas.

Os agentes permaneciam dentro dos carros com o vidro fechado, forma de policiamento que também foi motivo de incômodo pelos moradores. 

FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 01.09.2025: Entrega de viaturas para Guarda Municipal, pelo prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 01.09.2025: Entrega de viaturas para Guarda Municipal, pelo prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)

Guarda Comunitária Escolar é lançada para reforçar segurança em unidades de ensino municipal

Para reforçar a segurança de unidades de ensino, foi lançada nessa segunda-feira, 1º, a Guarda Comunitária Escolar (GCE), órgão da Guarda Municipal de Fortaleza (GMF). Um total de 12 novas viaturas foram entregues durante evento, realizado na sede do Centro Integrado de Segurança (Cisfor).

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A ideia da iniciativa, que conta com um investimento anual de R$ 1.527.766,40, é colocar agentes  presentes nas escolas municipais, monitorando seus entornos e a entrada e saída de alunos por meio de câmeras e sistemas de segurança. Além disso, também vão participar de reuniões de pais e mestres.

Guarda Comunitária é uma continuação da Inspetoria de Segurança Escolar (ISE), que já atuava na Capital. De acordo com a Prefeitura de Fortaleza, ações passam a ser realizadas agora pela GCE, que funciona em um formato mais ampliado e com presença "mais massiva nas instituições", aumentando o poder operacional.

Cada uma das 12 regionais de Fortaleza vai receber uma viatura e, ao todo, a iniciativa vai contar com um efetivo de 72 agentes que concluíram o Curso de Prevenção e Guarda Comunitária (CPGCOM).

Ainda de acordo com informações da Prefeitura, a GCE vai atuar em parceria com a Célula de Segurança Escolar da Secretaria Municipal de Educação (SME), "realizando rondas diárias e patrulhamento ostensivo, especialmente em unidades que necessitem de maior atenção da segurança".

Durante o lançamento da iniciativa, o prefeito Evandro Leitão (PT) destacou que ação não foi adotada em razão dos recentes conflitos que afetaram aulas em escolas de bairros como Vicente Pinzón e Papicu, pois  já fazia parte do Plano de Restruturação da Segurança Pública de Fortaleza. 

Ainda assim, ele considerou que eventos "jogaram luz" sobre a necessidade de proteção as unidades.

"Estamos trabalhando para cuidar da educação e proteger quem vive o dia a dia das nossas escolas. Sabemos que a segurança é um grande desafio, mas seguimos firmes, realizando avanços como nomeação de novos guardas, qualificação do efetivo e o alinhamento com as forças de segurança estaduais e nacionais, para levar cada vez mais proteção à população da nossa Cidade", disse. 

Já o coronel Márcio Oliveira, titular da Secretaria Municipal de Segurança Cidadã (Sesec), destacou que a iniciativa vai qualificar a abordagem no entorno e dentro das escolas: "A Guarda Comunitária Escolar atuará com mais proximidade das comunidades, criando vínculos com alunos, professores e famílias, garantindo mais segurança e um cuidado ainda maior com o ambiente escolar."

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