Quem visitou a Estação das Artes, no Centro de Fortaleza, pôde aproveitar a programação do Festival Conexão Def, formado por pessoas com deficiência, que abrangeu música, arte e artesanato. É um evento em alusão ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, marcado neste domingo, 21.
O destaque da manhã foi o Slam Mãos Quentes, batalha de poemas em na Língua Brasileira de Sinais (Libras), organizada pela professora e tradutora de libras Lyvia Cruz. O momento atraiu surdos e ouvintes, que utilizaram a poesia para se expressar sobre suas vivências.
Daniel Santos, conhecido pelo nome artístico Surdan, foi um dos veteranos desta edição e destaca a importância do evento para sua carreira e para a comunidade surda. Ela utiliza as redes sociais (@_surdanoficial_) para divulgar seu trabalho.
“Eu sinto o impacto deste tipo de evento, o impacto que ele provoca na comunidade surda. Ele promove debates sobre diferentes temas como surdez, negritude e lutas de minorias e acho muito importante”, sinalizou ele, para que a repórter do O POVO entendesse por meio do intérprete.
O palco do slam também era aberto para que ouvintes pudessem apresentar seus poemas, com o auxílio de um intérprete.
Uma das atrações do evento é o artista de rua e acrobata cadeirante Eduardo Show da Vida, que apresenta seu espetáculo. Com mais de 30 anos de carreira, ele falou ao O POVO sobre a apresentação. O multi-artista coleciona talentos e também é ator e tenista.
“Eu preparei para hoje um show na cadeira de rodas, com vários truques. É muito trabalho e muita correria (...) será uma honra me apresentar na Estação das Artes e vou dar tudo me mim”, conta.
Patrícia Menezes, 41 anos, decidiu ir ao festival após ver uma notícia na televisão. Ela e a filha Giovana são frequentadoras assíduas da Estação das Artes e a mãe atípica destaca o caráter inclusivo do local.
"Eu vim prestigiar a todos, com muito carinho. Sempre que eu venho aqui, eu e a minha filha nos sentimos em casa. É um espaço acolhedor, que todos se entendem", afirma.
O professor universitário Bruno Carioca, 33 anos, citou o slam como ponto alto da manhã. Ele atua como aliado da causa da comunidade surda há mais de 15 anos.
"É uma resistência e uma disrupção que nos possibilita analisar a nossa sociedade de outro ângulo, a partir da língua de sinais. Nós temos uma efervescência de eventos na Capital, mas para os surdos ainda são pontuais, então isso aqui poderia virar recorrente", aponta.