O Ceará tem apenas 34,9% das escolas públicas com esgotamento sanitário. De acordo com o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025, lançado ontem, 25, o Estado tem uma proporção menor que a do Brasil (48,2%) no fornecimento de esgoto às unidades educacionais.
Entre os estados do Nordeste, a cobertura da rede de esgoto nas escolas do Ceará supera a do Rio Grande do Norte (31,9%), do Piauí (28,2%), de Alagoas (26%) e a do Maranhão (8,8%). Pernambuco é o estado da região com melhor taxa, chegando a 45,1%.
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Os dados do Censo Escolar, produzidos pelo Ministério da Educação (MEC) e incluídos no estudo anual da organização Todos Pela Educação, mostram déficits e desigualdades na infraestrutura das escolas brasileiras.
Cerca de 95% das escolas públicas brasileiras contam com itens básicos de infraestrutura, incluindo acesso à água potável, ligação de energia elétrica, banheiros e cozinha. O Ceará chega próximo da universalização em todos esses itens.
Por outro lado, apenas 79% das escolas brasileiras são atendidas por serviço de coleta de lixo e somente 48,2% estão conectadas à rede pública de esgoto. Os piores números estão na região Norte, já os melhores estão concentrados no Sudeste.
O Ceará também tem o terceiro pior índice de escolas climatizadas do Nordeste, com 34,2% delas tendo sistema de refrigeração. O Estado só tem índice maior do que Sergipe (29,6%) e Bahia (29%).
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Bibliotecas, quadras esportivas e laboratórios também não são ofertados igualmente para todos os estudantes da rede pública.
Na educação infantil, apenas 26,7% das escolas públicas do Estado têm áreas verdes e 28,9% disponibilizam parque infantil.
Já nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano), 65,4% das unidades dispõem de bibliotecas ou salas de leitura. Menos da metade (41,7%) tem quadra de esporte e somente 23,4% possui laboratório de informática.
Nas escolas com turmas de anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º), as bibliotecas (76%), os laboratórios de informática (32,1%) e as quadras de esporte (55,7%) estão mais presentes, apesar de não atingir todas as unidades.
No entanto, as instituições que possuem laboratório de ciências são a minoria, com apenas 8%. A proporção é uma das piores do Brasil, deixando o Ceará entre as oito unidades da federação que menos têm escolas com esse tipo de infraestrutura.
Daniela Mendes, coordenadora de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação, ressalta que é preciso uma articulação para enfrentar os problemas de saneamento básico que prejudicam as escolas. “Se for verificar onde essa escola está, todo o bairro não tem esgotamento.”, diz.
Para ela, as práticas pedagógicas e os resultados de aprendizado precisam avançar. “Mas esses elementos só se sustentam se a gente tiver o básico”, afirma. Daniela acredita que a infraestrutura da escola influencia diretamente na dignidade e na qualidade de vida dos estudantes.
Mesmo escolas que já possuem laboratórios, quadras e bibliotecas precisam de acompanhamento para verificar se os equipamentos estão sendo utilizados, se o currículo é adequado para o uso das ferramentas e se os professores são treinados para aproveitá-las.