O antigo Casarão dos Fabricantes, um dos grandes pontos do comércio de roupas em Fortaleza, reabriu cinco anos após o incêndio que destruiu toda a sua parte interna. O espaço, que agora passa a se chamar “Casarão de Fátima”, voltou a funcionar na quarta-feira passada, 22, com nova estrutura interna e preservação da fachada histórica.
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O local agora conta com 288 boxes, 24 a mais do que na época do incêndio, que comportam lojas de moda masculina e feminina, além do comércio de acessórios. Desses, cerca de 230 já estão locados, entre novos locatários e aqueles que já trabalhavam no centro de vendas antes do incêndio.
Entre esses está Anne Falcão, 54, que trabalhou no antigo Casarão por 10 anos até o incêndio, em 2020. Hoje, a comerciante celebra o retorno ao local principalmente pelo ponto estratégico onde ele está situado, entre dois pontos turísticos da cidade.
“A gente tem a impressão que vai voltar a ser como era antes. Aqui nós estamos em um ponto muito bom, entre o Mercado Central e a Catedral. A gente recebe muitos turistas. Nossas segundas, terças-feiras são salvas pelos turistas, porque sacoleiro só a partir de quarta-feira”, conta a vendedora, que estima prejuízo na casa de R$ 500 mil à época do incêndio, somados reformas que haviam sido feitas e perdas de estoque.
Uma dessas turistas citadas por Anne é Ilana Gadelha, 29, que veio do Tocantins para o Ceará, e durante um passeio pelo centro, resolveu entrar para conhecer o Casarão, mesmo sem saber que ele está recém aberto.
A professora, natural do município de Guaraí, Tocantins, conta ter se impressionado com a variedade de produtos à venda, e também com os preços ofertados nesta reabertura.
“Eu amei. Lá de onde eu venho, que é de Guaraí, no Tocantins, não tem essa variedade e também não tem esse preço acessível como tem aqui. Falo mesmo com uma alegria muito grande de ter encontrado peças nesse preço aqui em Fortaleza”, disse.
A reabertura do comércio é uma oportunidade também para novas lojas, que chegam agora ao Casarão de Fátima e acreditam na boa localização e no retorno da clientela para impulsionar as vendas.
Luciano Carvalho e Jakeline Florêncio, vendedores da Rotativa Jeans, pontuam que o movimento tem crescido paulatinamente nesses quatro dias de funcionamento, mas apostam nas festas de fim de ano como virada de chave.
“Nossa expectativa é aumentar as vendas. Estamos sentindo que está melhorando, vindo muita gente olhar. A expectativa é grande”, conta Luciano.
Na nova divisão do Casarão, os antigos locatários tiveram prioridade para a escolha de até dois boxes para montar suas lojas. Entre essas está Laice Bezerra, proprietária da Via Brasil, que atuou por 14 anos no local até o incêndio e também está retornando agora.
A empresária conta ter passado por momentos difíceis durante esses cinco anos, já que não recebeu nenhuma indenização da Prefeitura de Fortaleza ou da antiga administração do Casarão pela perda dos materiais, e teve que achar um novo espaço para vender seus produtos.
“Ficamos um tempo no Centro Fashion. Eu mesma comprei seis boxes lá, mas ia fechar por causa da pandemia. Queriam que a gente pagasse a chave, R$ 60 mil cada box. Não era inviável você pagar R$ 60.000 por um box se você tava vindo de um incêndio. Para não aumentar minha dívida, esperei passar a pandemia e reabri depois três lojas. Hoje tenho lá na José Avelino e tenho aqui”, conta Laice.
Um dos pontos mais discutidos durante a reforma do Casarão foi a manutenção de suas características iniciais, já que o bem é provisoriamente tombado pela Prefeitura de Fortaleza. Devido à gravidade do incêndio, as fachadas que dão para a avenida Alberto Nepomuceno e rua Rufino de Alencar puderam ser preservadas, como garantia do valor histórico do espaço, construído em 1830.
O andamento da obra foi tema de outras matérias do O POVO, que relataram os problemas causados pelo desgaste da estrutura durante o incêndio. Toda a parte interna do Casarão, como estrutura dos boxes, fiação elétrica e parte hidráulica precisou ser refeita, a fim de evitar novos incidentes como o de 2020.
“O que pode ser feito foi feito. Está tudo dentro da norma dos Bombeiros, foi vistoriado pelos Bombeiros. Muito cuidado com a parte de hidrantes, tubulação de incêndios, extintores… elétrica principalmente estamos tomando muito cuidado. Foi tomado um cuidado grande com essa parte de segurança do imóvel e de quem está dentro do imóvel”, afirma Ricardo Muller, proprietário do Casarão de Fátima.
Procurada pelo O POVO, a Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (Secultfor) informou que o projeto de intervenção no Casarão dos Fabricantes foi apresentado à Pasta em 2021, sendo aprovado pelo Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico e Cultural de Fortaleza (Comphic) em janeiro de 2022.
"As obras foram acompanhadas e monitoradas de forma contínua pela equipe técnica da Coordenadoria do Patrimônio Histórico e Cultural (CPHC) da Secultfor. Antes da reabertura ao público, a equipe realizou visita técnica para avaliar o resultado final da intervenção e autorizou a conclusão dos trabalhos relacionados ao patrimônio cultural", informou órgão.
Em relação ao processo de tombamento, a secretaria frisou que os "estudos necessários à salvaguarda do imóvel estão em desenvolvimento e, após sua finalização, seguirão os trâmites relativos ao tombamento definitivo".
Aos poucos, a clientela tem voltado ao Casarão de Fátima, que já foi um dos mais movimentados pontos de vendas da cidade. Quando a equipe do O POVO chegou ao boxe de Anne, ela concluía a venda de algumas peças de roupa para a família de Lysandra Gadelha, 50, que frequentava o polo comercial antes do incêndio.
A professora elogiou a nova estrutura do espaço e promete voltar a frequentar o local que já foi um dos seus principais pontos de compra.
“A gente se sente mais seguro. Naquele antigo parecia um labirinto. Tinha muita escada, muito material velho… Agora não, está muito bonito, tudo renovado. Dá até mais gosto de comprar”, afirma a cliente.
Além da segurança, a reforma interna também trabalhou questões de conforto e acessibilidade para os clientes. Ao todo, quatro banheiros masculinos e quatro femininos estão dispostos pelos três pisos do Casarão, além de dois banheiros para homens PCDs e dois para mulheres PCDs e um banheiro família.
O espaço também irá dispor de elevador, acesso à internet, área de descanso com toten para carregamento de celulares, banco 24 horas e boxes para guarda-volumes. Todos esses equipamentos ainda estão em processo de instalação.
O funcionamento do espaço está sendo debatido com os comerciantes, com horários diferentes a cada dia. Uma reunião para estabelecer quais serão os horários de abertura e fechamento do Casarão de segunda a sábado será realizada até o final desta semana.
Segunda: 9 às 15 horas
Terça: 4 às 14 horas
Quarta: 3 às 14 horas
Quinta: 8 às 16 horas
Sexta: 8 às 16 horas
Sábado: 4 às 14 horas
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Casarão deve passar por tombamento definitivo
Um dos pontos mais discutidos durante a reforma do Casarão foi a manutenção de suas características iniciais, já que o bem é provisoriamente tombado pela Prefeitura de Fortaleza.
Por causa da gravidade do incêndio, as fachadas que dão para a av. Alberto Nepomuceno e rua Rufino de Alencar puderam ser preservadas, como garantia do valor histórico do espaço, construído em 1830.
O andamento da obra foi tema de outras matérias do O POVO, que relataram os problemas causados pelo desgaste da estrutura durante o incêndio. Toda a parte interna do Casarão, como estrutura dos boxes, fiação elétrica e parte hidráulica precisou ser refeita, a fim de evitar novos incidentes como o de 2020.
"O que pode ser feito foi feito. Está tudo dentro da norma dos Bombeiros e foi vistoriado pelos bombeiros. Tivemos muito cuidado com a parte de hidrantes, tubulação de incêndios, extintores e principalmente a parte elétrica. Estamos atentos à segurança do imóvel e de quem está dentro dele", afirma Ricardo Muller, proprietário do Casarão de Fátima.
Procurada pelo O POVO, a Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (Secultfor) informou que o projeto de intervenção no Casarão dos Fabricantes foi apresentado à pasta em 2021, sendo aprovado pelo Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico e Cultural de Fortaleza (Comphic) em janeiro de 2022.
"As obras foram acompanhadas e monitoradas de forma contínua pela equipe técnica da Coordenadoria do Patrimônio Histórico e Cultural (CPHC) da Secultfor. Antes da reabertura ao público, a equipe realizou visita técnica para avaliar o resultado final da intervenção e autorizou a conclusão dos trabalhos relacionados ao patrimônio cultural", informou órgão.
Em relação ao processo de tombamento, a secretaria frisou que os "estudos necessários à salvaguarda do imóvel estão em desenvolvimento e, após sua finalização, seguirão os trâmites relativos ao tombamento definitivo".
Horários
O funcionamento do espaço está sendo debatido com os comerciantes e há horários diferentes a cada dia