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Ceará na COP 30: quem representa o Estado na conferência do clima
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Ceará na COP 30: quem representa o Estado na conferência do clima

Conheça as instituições e representantes cearenses que levarão os debates sobre a justiça socioambiental até o encontro global, sediado em Belém
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Ceará na COP 30: conheça as instituições que representam o Estado na conferência (Foto: Divulgação | Associação Caatinga)
Foto: Divulgação | Associação Caatinga Ceará na COP 30: conheça as instituições que representam o Estado na conferência

A cerca de 1.510 km de Fortaleza, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30) inicia suas tratativas hoje, na cidade de Belém (PA). O Ceará se une a líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil nas discussões sobre o combate às mudanças climáticas.

Entre os conterrâneos, a Associação Caatinga é uma das instituições participantes.

A organização, que compartilhará com o público a atuação voltada à mitigação da crise climática e à adaptação sustentável de comunidades rurais do semiárido, pretende colocar a Caatinga na mesa das decisões globais sobre o clima.

“É fundamental termos neste evento mundial representações da Caatinga, para que a gente possa mostrar tanto para o Brasil, quanto para o mundo, a importância desse bioma”, reflete Otávio Fernandes, analista de comunicação da Associação Caatinga.

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O diretor executivo da instituição, Daniel Fernandes, integrará o grupo de delegados nacionais com acesso à Zona Azul. É na área, sob responsabilidade da Organização das Nações Unidas (ONU), que as negociações oficiais ocorrem.

Já o analista Otávio Fernandes terá acesso à Zona Verde, espaço aberto ao público, com exposições, palestras e trocas de experiências. Ele será acompanhado por mais dois membros da equipe: Gilson Miranda, gestor da Reserva Natural Serra das Almas, e Rayana Silva, analista de projetos socioambientais.

Sobre os impactos do bioma, Otávio cita um estudo de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), publicado na revista Science of the Total Environment. A produção confirma a relevância da Caatinga para o sequestro de carbono do Brasil, estratégia que pode combater as mudanças climáticas.

“Só para você ter uma ideia, entre 2015 e 2022, o bioma foi responsável por quase 50% de todo o sequestro de carbono do Brasil. E isso porque ela (a Caatinga) ocupa apenas 10% do território nacional”, aponta o analista de comunicação.

Na Cúpula dos Povos Nordeste, o Instituto Terramar é outro exemplo da atuação cearense na COP 30. O grupo faz parte de uma delegação composta por 110 representantes de mais de 30 organizações e movimentos sociais nordestinos.

A caravana busca fortalecer a participação social e dar visibilidade às múltiplas demandas da região. A pauta defendida prevê uma transição energética justa, popular e descentralizada.

“Essa transição energética não é justa e não está se constituindo. O que nós estamos vendo é a criação de novos mercados verdes. É o caso das big techs, que estão vindo com um data center, em processo de licenciamento, e que vai impactar os Anacé”, explica Andréa Camurça, assistente social e coordenadora de incidência política do Instituto Terramar.

O povo Anacé, umas das vertentes da etnia indígena de Caucaia, critica a construção do data center na região. A estrutura será utilizada pela ByteDance, empresa chinesa responsável pela plataforma TikTok.

“Nós estamos indo com representações da zona costeira do Ceará, mas também do Nordeste, para que essas populações possam falar do que estão vivenciando, e também anunciar o que elas têm feito no enfrentamento às emergências climáticas”, diz Andréa.

Os exemplos vão desde a proteção de ecossistemas, como os de manguezais, à proteção do oceano.

A chefe-geral da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa - Caprinos e Ovinos), Ana Clara Rodrigues Cavalcante, é mais uma representante cearense que participa da COP 30. A profissional adianta a apresentação de três ações prioritárias.

Os pontos elencados abordam os sistemas agroflorestais sustentáveis de sequeiro na Caatinga, alimentos motivadores de gases de efeito estufa em sistemas pecuários e sistemas de alerta precoce para risco de seca em rebanhos.

"A nossa principal contribuição é provar, através de dados científicos, que existem tecnologias capazes de fazer uso sustentável dos recursos naturais, contribuindo para a produção segura de alimentos e garantindo sistemas pecuários sustentáveis, capazes de promover emprego, renda e dignidade para as populações da zona rural", destaca Ana Clara. 

A representante da Embrapa explica ainda que os dados científicos auxiliam na compreensão de um contexto mais amplo do produzir sustentável, fator que algumas vezes pode ser comprometido nos desafios de um discurso polarizado.

Ceará na COP 30: Fortaleza e o Governo do Estado na Conferência

Amanhã, 11, o prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT), participará de três painéis temáticos na COP 30. Em um deles (“Sessão de Alto Nível sobre o combate ao calor: Mutirão Contra o Calor Extremo"), representará as cidades latino-americanas a partir das experiências da Capital.

De acordo com informe da Prefeitura, o gestor municipal deve lançar o Observatório dos Riscos Climáticos de Fortaleza. A iniciativa consiste em uma rede de sensores meteorológicos, capazes de monitorar em tempo real a sensação térmica e outros indicadores nas áreas periféricas.

A “Sessão Ministerial de Alto Nível sobre Gerenciamento de Resíduos e Economia Circular” também contará com a presença de Evandro Leitão. O prefeito participa do painel a convite do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

A programação inclui ainda o painel "Cidades em Rede: Administrações municipais de cidades membros da C40 debatem estratégias para acelerar e escalar a implementação climática".

Já o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), representará a região Nordeste na conferência climática a partir do painel “Do Nordeste para o Mundo: o papel da Caatinga e do Hidrogênio Verde para a Transição Energética Justa”, no dia 13 de novembro.

Na Zona Azul, o Estado prevê a entrega do Inventário Estadual de Emissões de Gases de Efeito Estufa. O documento atualiza os dados sobre emissões no Ceará, além de oferecer subsídios técnicos para políticas públicas voltadas à desaceleração das mudanças climáticas.

Um espaço na Zona Verde apresentará, em estande institucional do Consórcio Nordeste, o Programa Agente Jovem Ambiental (AJA), iniciativa criada em 2021 pela Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema). O projeto de educação ambiental reúne 10 mil jovens em todos os 184 municípios cearenses.

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