O criminoso Jangledson de Oliveira, conhecido como “Nem da Gerusa”, e apontado como operador financeiro e logístico da facção Comando Vermelho (CV), fugiu para a Bolívia após uma operação policial realizada na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, em maio deste ano. A ação mirou cearenses chefes da facção na região.
O suspeito estava sendo monitorado pelas Forças de Segurança do Estado há pelo menos cinco anos. A investigação revelou que ele chegou a se refugiar na Venezuela, onde passou três anos, e, posteriormente, foi para a comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, onde estava até maio.
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A região carioca é apontada por ser um dos locais onde os criminosos cearenses buscam abrigo e proteção de demais integrantes do CV. De lá, eles continuam ordenando crimes no Ceará, como O POVO mostrou anteriormente.
Conforme os levantamentos policiais, “Nem da Gerusa” estava na Bolívia com o objetivo estratégico de facilitar o tráfico internacional e comandar o fornecimento de drogas para o Ceará. O delegado-geral da PC-CE, Marcio Gutierrez, apontou que o criminoso é um operador financeiro e logístico da facção.
“Foi destacado que a Bolívia é um dos três maiores produtores de cocaína. Ele não estava lá à toa, ele estava utilizando isso para beneficiar a facção. Essa prisão realmente desestrutura essa parte financeira e essa parte de logística de tráfico de drogas dessa organização criminosa”, disse Gutierrez.
Além do papel, o criminoso é responsável por ordenar e executar diversos crimes. Ele tinha pelo menos nove mandados de prisão em aberto por crimes como homicídio qualificado, latrocínio, roubo e organização criminosa, sendo oito expedidos pela Justiça do Ceará e um no Rio Grande do Norte.
De acordo com o delegado titular da Draco, Thiago Salgado, o criminoso estava envolvido diretamente em uma rota que traz droga da Bolívia para o Brasil. No entanto, a dinâmica por onde os entorpecentes passavam até chegar ao Ceará ainda é alvo da investigação que segue em andamento.
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“É difícil o controle dessa rota porque é só um rio que divide uma travessia de 15 minutos de barco sem muita fiscalização”, comenta Thiago. O suspeito também integra a lista dos criminosos mais procurados do Ceará. Sua área de atuação era focada na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), especialmente nos municípios de Eusébio, Maracanaú, Aquiraz e Itarema.
Nem também é investigado por controlar o tráfico de drogas e armas e ordenar execuções de rivais e desafetos através do “Tribunal do Crime”. A investigação aponta o envolvimento dele no homicídio contra o seu ex-sogro, o subtenente da reserva do Corpo de Bombeiros Francisco Luciano Ferreira Gadelha, em 2017, na cidade de Maracanaú.
O diretor-adjunto do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Drco), delegado Alisson Gomes, informou que, atualmente, o suspeito encontra-se preso na cidade de Guayaramerín, na Bolívia. Uma tratativa para recambiamento do suspeito ao Ceará segue sendo realizada entre as autoridades bolivianas e brasileiras.
A situação, segundo Gutiérrez, é acompanhada pelas autoridades brasileiras. “Estamos acompanhando de perto com as autoridades bolivianas. Caso exista ali uma inclinação para que ele permaneça naquele país, nós vamos iniciar as tratativas diplomáticas para que a gente consiga trazê-lo para cá e para que ele responda pelos crimes cometidos aqui no Brasil”, disse.
Imagens feitas por um drone da Polícia Civil do Ceará (PC-CE) flagraram o suspeito tentando fugir da prisão. Ao perceber a presença dos policiais, o criminoso subiu em um telhado, caiu e tentou novamente fugir por esse meio, mas foi capturado em seguida por policiais da Draco.
Portais bolivianos destacaram a prisão do “Nem”. Em uma publicação do portal boliviano El Deber, moradores da região relataram que o suspeito mantinha um perfil discreto e raramente saía de casa. A característica dele despertou suspeitas entre os moradores locais.