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Paupina e Aerolândia lideram em risco de focos do mosquito da dengue em Fortaleza
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Paupina e Aerolândia lideram em risco de focos do mosquito da dengue em Fortaleza

Paupina e Aerolândia são os únicos bairros de Fortaleza em situação de risco no LIRAa 2025, com índices acima de 4% de infestação do Aedes aegypti
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Atual período das "chuvas do caju" pode influenciar cenário de dengue  (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal Atual período das "chuvas do caju" pode influenciar cenário de dengue

Os bairros Paupina e Aerolândia, em Fortaleza, estão em situação de risco para proliferação do mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika. A informação é extraída do Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa) de 2025, divulgado pela Prefeitura de Fortaleza.

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Ambos na Regional 6, a Aerolândia registrou índice próximo de 5,3%, enquanto a Paupina ficou acima de 4%. Os níveis são considerados de alto risco pelo Ministério da Saúde, devido à presença de focos de criadouros do mosquito nas residências.

O LIRAa é um levantamento que identifica a presença do Aedes aegypti nos bairros. Entre os dias 13 e 17 de outubro, equipes da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covis) visitaram 49 mil imóveis, dos quais 495 apresentaram focos de larvas.

Segundo Josete Malheiro, coordenador de Vigilância em Saúde de Fortaleza, o critério de classificação segue padrão nacional. “Quando o resultado é de até 1%, está em situação satisfatória, sob controle. Quando é acima de 1 e menor que 4, está em situação de alerta. E quando é igual ou superior a 4, é chamado de risco, porque oferece maior risco de transmissão da doença em uma eventual circulação viral.”

Dos 121 bairros da capital, 67 apresentaram índice satisfatório (até 1%); 52 ficaram em situação de alerta (entre 1% e 3,9%); e apenas Paupina e Aerolândia ultrapassaram o limite de 4%. A média geral da cidade foi de 1,01%, considerada satisfatória.

Apesar do índice geral satisfatório, os técnicos alertam que bairros com maior densidade populacional e índices próximos de 3% também exigem atenção. “Se o bairro Guararapes, que tem maior número de moradores, apresentar índice acima de 2%, acima de 3%, mas menor que 4, e a Paupina tiver 4, ambos preocupam. Por quê? Por causa da densidade populacional de cada bairro.”

Conforme o coordenador de Vigilância em Saúde de Fortaleza, diante dos índices elevados em Paupina e Aerolândia, foram adotados protocolos específicos de combate. “Fazemos um mapeamento dos quarteirões mais críticos e, em um raio aproximado de um quarteirão, cerca de 1,5 km, fazemos o que chamamos de pesquisa larvária e batida de foco intradomiciliar”, detalha.

No primeiro semestre, segundo a Prefeitura, foram feitos 134 mutirões nos bairros com maior concentração de criadouros. Em casos de infestação mais intensa, é utilizado bloqueio químico [inseticida em aerossol] para eliminar o mosquito adulto.

Bairros de Fortaleza em situação de risco de dengue 

  • Aerolândia – 5,58
    Paupina – 4,23

Bairros de Fortaleza em situação de alerta de dengue 

  • Cristo Redentor – 1,85
  • Pirambu – 1,83
  • Jardim Iracema – 1,53
  • Floresta – 1,09
  • Jardim Guanabara – 1,01
  • Centro – 2,46
  • Guararapes – 2,27
  • Salinas – 2,27
  • Dionísio Torres – 1,72
  • Aldeota – 1,09
  • São João do Tauape – 1,09
  • Autran Nunes – 3,39
  • Olavo Oliveira – 2,70
  • Antônio Bezerra – 2,25
  • Quintino Cunha – 2,01
  • Dom Lustosa – 1,42
  • João XXIII – 1,23
  • Padre Andrade – 1,20
  • Henrique Jorge – 1,10
  • Pici – 1,08
  • Parreão – 2,53
  • Vila Peri – 2,07
  • Panamericano – 1,94
  • Damas – 1,91
  • Itaóca – 1,48
  • Demócrito Rocha – 1,28
  • Parangaba – 1,22
  • José Bonifácio – 1,08
  • Aeroporto – 1,00
  • Parque Genibaú – 2,71
  • Conjunto Ceará I – 2,33
  • Parque Presidente Vargas – 2,12
  • Parque São José – 2,07
  • Vila Manoel Sátiro – 1,65
  • Planalto Ayrton Senna – 1,41
  • Aracapé – 1,40
  • Conjunto Ceará II – 1,38
  • Bom Jardim – 1,19
  • José Walter – 1,14
  • Granja Portugal – 1,03
  • São Bento – 3,24
  • Conjunto Palmeiras – 2,05
  • Jardim das Oliveiras – 1,94
  • Coaçu – 1,67
  • Cidade dos Funcionários – 1,40
  • Parque Iracema – 1,39
  • Guajeru – 1,29
  • Messejana – 1,21
  • Passaré – 1,20
  • Sapiranga/Coité – 1,20
  • Parque Santa Maria – 1,09
  • Parque Manibura – 1,02

Fonte: 4o LIRAa de 2025

Chuvas esporádicas de final de ano influenciam cenário

O levantamento foi realizado em outubro, período fora da quadra chuvosa, mas marcado pelas popularmente chamadas “chuvas do caju”. Para Malheiro, pequenos episódios de precipitação contribuem para acelerar a proliferação do mosquito.

Ele explica que o Aedes aegypti possui mecanismos biológicos que aumentam sua resistência: “O mosquito deposita os ovos dentro de uma engenharia própria da biologia dele, para que, caso não encontre água na hora da oviposição, os ovos possam eclodir quando a água aparecer.”

Outro fator relevante é o hábito de armazenamento de água, mais frequente em bairros com irregularidade de abastecimento. “Nem todo mundo tem o cuidado de manter aquilo ali vedado, protegido do acesso do mosquito. Você até pode ter o depósito sem estar coberto, desde que pelo menos uma vez por semana o higienize.”

Orientações sobre prevenção inclui aplicar larvicidas quando necessário e manter cuidados básicos: verificar ralos, cisternas e caixas d’água, remover pratinhos de plantas, tampar recipientes com água, descartar lixo corretamente e manter piscinas tratadas, mesmo fora de uso.

Cenário de Dengue em Fortaleza

Conforme dados da Secretaria Municipal da Saúde de Fortaleza (SMS), a Capital registra uma queda de 90% nos casos confirmados de dengue em comparação a 2024. De janeiro a outubro de 2025, foram 5.319 casos suspeitos, com 352 confirmações e nenhum óbito. No mesmo período do ano anterior, foram 11.923 casos notificados, 3.197 confirmados e dois óbitos. (Colaborou Alexia Vieira)

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Confira série histórica de dengue em Fortaleza: 

2020: 16.039 notificados – 7.992 confirmados – 5 óbitos
2021: 30.869 notificados – 14.394 confirmados – 6 óbitos
2022: 40.142 notificados – 17.703 confirmados – 5 óbitos
2023: 14.560 notificados – 4.949 confirmados – 2 óbitos
2024: 12.648 notificados – 3.895 confirmados – 2 óbitos
2025: 5.414 notificados – 357 confirmados – 0 óbitos

Fonte: SMS. Dados atualizados em 14/11/2025.

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