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Presos operadores do CV que usavam contas laranjas para mandar dinheiro do tráfico a chefe no Rio
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Presos operadores do CV que usavam contas laranjas para mandar dinheiro do tráfico a chefe no Rio

Investigação revelou que rede de operadores financeiros movimentavam ilicitamente cerca de R$ 60 milhões em menos de dois anos. Quatro suspeitos foram presos na manhã desta terça-feira, 18
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Quatro operadores financeiros do CV foram presos em operação da PC-CE (Foto: Divulgação/PC-CE)
Foto: Divulgação/PC-CE Quatro operadores financeiros do CV foram presos em operação da PC-CE

Quatro operadores financeiros da facção criminosa Comando Vermelho (CV) foram presos durante uma operação deflagrada pela Polícia Civil do Ceará (PC-CE) nessa terça-feira, 18. Os suspeitos foram capturados em Fortaleza e no município de Caucaia, na Região Metropolitana (RMF).

Os alvos são investigados por atuarem no tráfico de drogas, principalmente na Caucaia, e na movimentação do dinheiro. O esquema criminoso funciona, segundo as investigações, sob ordem de um dos foragidos da Justiça e líder do CV no bairro Pirambu, Carlos Mateus da Silva Alencar, o “Skidum”.

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Conforme a PC-CE, o criminoso encontra-se no Rio de Janeiro, tendo a última localização identificada no Complexo da Penha. O nome dele chegou a ser citado entre os mortos em uma operação no mês passado na comunidade, mas não foi confirmado oficialmente.

Na atuação do chefe da facção com os operadores financeiros do tráfico presos e demais identificados, a investigação revelou que eles movimentavam ilicitamente cerca de R$ 60 milhões em menos de dois anos. Os valores são oriundos do tráfico de drogas e armas.

Para movimentar os valores, os operadores financeiros chegaram a utilizar contas de “laranjas” para remeter lucros do tráfico. Este fluxo de dinheiro retornava à eles como armas de fogo e entorpecentes do Rio de Janeiro para os criminosos na Caucaia, que seguiam comercializando as drogas e as armas em outras ações criminosas.

Conforme o delegado seccional de Caucaia, Rômulo Melo, o dinheiro obtido com a comercialização desse material era novamente remetido ao Rio por meio de transações bancárias para ocultar a natureza ilícita dos valores. O ciclo fortalecia tanto o tráfico de armas e drogas quanto a rede de lavagem de dinheiro mantida pela organização criminosa.

O diretor do Departamento de Polícia Metropolitana (DPM), o delegado Matheus Araújo, informou que a operação foi desencadeada a partir de uma operação Cashback que identificou um outro braço da facção responsável pela lavagem de dinheiro. As informações levaram a uma rede de pessoas vinculadas ao tráfico de drogas em Caucaia.

“Inicialmente nós solicitamos a prisão e apreensão de 52 alvos. Durante os cumprimentos dos mandados de busca, realizamos a prisão de quatro indivíduos em flagrante, comprovando o envolvimento desses indivíduos com o tráfico de drogas que iniciou a investigação”, disse o delegado.

Ao todo, 36 mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos também em Maracanaú, Fortaleza e no estado do Rio de Janeiro. Durante as diligências, drogas, armas e carros de luxo foram apreendidos. Foram recolhidos 47 celulares, sete veículos, sendo dois de luxo e um elétrico, 120 munições de diversos calibres e duas armas de fogo.

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A Polícia Civil do Ceará informou que pediu também o bloqueio de 36 contas bancárias, com valores de até um milhão de reais por conta, totalizando 36 milhões de reais. O diretor do DPM afirmou que as investigações seguem para apurar, principalmente, os conteúdos dos celulares apreendidos.

O delegado Rômulo Melo destacou que um dos alvos proeminentes foi um agiota identificado como Yuri que, apesar de não ter antecedentes criminais, atuava como “laranja” e no empréstimo de dinheiro, utilizando disso para justificar a movimentação de valores.

Agiota matinha vida de luxo em bairro periférico em Fortaleza

Um dos operadores financeiros presos na operação mantinha uma vida de luxo em uma residência no bairro Padre Andrade, local onde ele foi capturado na manhã desta terça-feira, 18. No local, foram apreendidos dois carros de luxo, um BYD e um da marca Peugeot e cartões de crédito.

O delegado Rômulo Melo relatou que, ao ser questionado sobre suas atividades, o suspeito não soube explicar a origem dos recursos que movimentava e negou qualquer relação com a facção. O homem afirmou apenas ser sócio de uma empresa de casquinha de sorvete, que, segundo a polícia, opera de forma irregular.

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“Ele disse que é sócio dessa empresa e que a maior parte da renda dela vem dessa empresa. Agora isso a gente vai investigar para saber quem é esse sócio dele, né, e aprofundar a investigação”, disse o delegado.

A investigação apontou que o suspeito utilizava o suposto serviço de empréstimo de dinheiro como forma de justificar valores de origem ilícita e tentar dar aparência de legalidade à própria renda. A PC-CE afirmou que a atual situação dele não é compatível com o padrão de vida considerado incompatível com sua renda declarada, marcado por gastos de alto valor e ostentação.

 

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