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Quando o computador é quem dá a "segunda opinião" médica
Ciência e Saúde

Quando o computador é quem dá a "segunda opinião" médica

O uso de sistemas de auxílio a diagnósticos está se difundindo em diversas especialidades médicas. Aplicação também já é utilizada em áreas, como controle de qualidade
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MÉDICO RADIOLOGISTA Pablo Picasso Araújo Coimbra: pioneirismo no uso de inteligência artificial para diagnóstico de AVC isquêmico (Foto: Beatriz Boblitz)
Foto: Beatriz Boblitz MÉDICO RADIOLOGISTA Pablo Picasso Araújo Coimbra: pioneirismo no uso de inteligência artificial para diagnóstico de AVC isquêmico

Um computador que é parceiro do médico na hora de diagnosticar o paciente e que a cada exame analisado, se aprimora. Esta não é uma situação hipotética ou diretamente retirada dos roteiros de filmes de ficção científica, mas algo que está sendo desenvolvido em terras cearenses há alguns anos e até já faz parte do dia a dia de algumas unidades de saúde pública. O nome do método é auto-explicativo: diagnóstico assistido por computador, conceito que une fundamentos de Inteligência Artificial (IA) e aprendizado de máquina (no caso, do software que é executado no computador).

A figura do médico continua sendo essencial para a avaliação da saúde do paciente e diagnóstico. O sistema nada mais é do que um "tira-teima" ou uma segunda opinião para o trabalho de profissionais radiologistas e médicos. "Digamos que eu tenha a imagem de uma jogada em uma partida de futebol. É importante saber onde está o último jogador da defesa, para saber se o atacante está impedido. No entanto, apontar onde está o último zagueiro não quer dizer que o atacante esteja em impedimento - quem vai decidir é o árbitro, de acordo com as regras. Da mesma forma, acontece com os médicos. A partir das informações dadas a ele por meio dos exames e do software, é que se vai decidir se o paciente tem uma doença ou se precisa de novos exames", exemplifica o professor Pedro Pedrosa, coordenador do Laboratório de Processamento de Imagens, Sinais e Computação Aplicada (Lapisco) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). O Lapisco está desenvolvendo, em parceria com universidades nacionais e estrangeiras, uma versão alternativa de programas de auxílio ao diagnóstico que já existem em alguns países, mas em versões pagas e com valores de licença de uso inacessíveis a boa parte das instituições de saúde.

"O que os softwares para auxílio a diagnóstico médico fazem é aprender a partir de exemplos anteriores, ou seja, a partir de imagens com diagnósticos já dados. Assim, ele aplica esse conhecimento que veio do banco de dados e ajuda no reconhecimento de uma informação nova, que é a doença da qual ainda não se tem conhecimento, no exame específico que o programa está analisando. Isso se chama 'machine learning', pois a máquina está 'aprendendo', a cada diagnóstico e, por meio de Inteligência Artificial, se torna apta a identificar novos casos", destaca.

Um método similar é utilizado, por exemplo, em programas que fazem reconhecimento de pessoas em multidões. Ao ser alimentada com a foto do rosto da pessoa, o computador pode localizá-la em outros contextos - ao passear na rua ou assistir a um show, por exemplo. Outra aplicação da Inteligência Artificial é o reconhecimento de placas de veículos e de rostos por sistemas de segurança, a exemplo do Sistema Policial Indicativo de Abordagem (Spia), utilizado pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS). 

Na indústria, a IA é utilizada pela Usina Termelétrica do Pecém como etapa no processo de manutenção que utiliza realidade aumentada e realidade virtual. "Estamos usando uma rede neural artificial, que permite simular em computador o comportamento humano no processamento e tomada de decisões", afirma Tarcísio Pimentel, engenheiro de manutenção.

"Por exemplo, em relação às caldeiras: elas oferecem dados relativos às vazões de ar e comportamento do moinho. A rede neural seleciona os melhores resultados de cada índice para indicar quais as configurações geram menores consumos, algo que está diretamente ligado à eficiência energética", aponta. "A ferramenta de Inteligência Artificial é interessante porque ela aprende e tira padrões, sugerindo saídas até mais interessantes para problemas e objetivos que a gente encontra no dia a dia", destaca.

 

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