Eu deveria ter cerca de seis anos quando fui presenteada pelo meu pai com a boneca da Scheila Carvalho. Lembro bem, até hoje, com 24 anos, que a produção fazia referência ao Havaí. Deveria ser por conta do Tchan do Havaí, um dos discos lançados pelo grupo baiano É O Tchan. Não sei quando a perdi, mas essa boneca rendeu bons momentos da minha infância.
Com o grupo chegando na casa dos 25 anos, celebrados em 2020, é fato que a nostalgia chega a bater a porta de quem acompanhou o início do sucesso. Daniel Lopes, 32, conta com riso frouxo as lembranças de 20 anos atrás. "Eu e meus amigos nos reunimos em uma praça da Messejana para escutar as músicas e dançar as coreografias. Eu lembro que tinha muita vergonha de dançar. Minha geração esperava ansiosa o lançamento dos novos clipes. O Axé viveu um auge nessa época e o É O Tchan abriu portas para isso, eu acredito", comenta o gerente comercial.
A relação de Rosy Aguiar, 31, com o grupo é ainda mais frenética. A fisioterapeuta comenta que as músicas tocavam em todos os seus aniversários e estão, ainda hoje, na playlist que mais escuta. Ela também já conheceu alguns integrantes pessoalmente. Todo show é um novo frio na barriga.
"Quando eles divulgaram nos últimos anos que iriam retornar aos palcos eu não acreditei, foi uma emoção que não cabia em mim. No dia 14 de dezembro de 2014, no Tchan na Praia, em Fortaleza, foi quando eu pude vê-los pessoalmente pela primeira vez. O coração acelerava e eu fui relembrando a minha vida, já que eles sempre fizeram parte dos principais momentos dela", comenta Rose. Ela ainda diz ter um sonho: ver a banda cantando e tocando em seu aniversário.
Fato é que o É O Tchan acompanhou momentos marcantes de uma geração que o assistia dentro e fora dos palcos, seja por sua interferência na música, na moda, na dança ou em tantas outras áreas. Mas, na década de 1990, o Brasil certamente era outro. Aí vem o questionamento: será que a banda seria alvo de tanto sucesso se o surgimento acontecesse nos dias de hoje?
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Bate-pronto
Grupo conta sobre os projetos de celebração para os 25 anos!
O POVO: Como é olhar para essa caminhada que passeia por gerações, se reinventa e segue viva?
É O TCHAN: Sempre falamos que a nossa missão como artistas é levar alegria para as pessoas. Nos enche o coração quando ouvimos que certa canção marcou um momento especial da vida delas. E isso nos dá bastante orgulho. Saber que fazemos parte da vida de tanta gente e que, depois de 25 anos, elas permitem que continuemos aí... Isso significa que estamos cumprindo a nossa missão.
OP: Vão ter novidades para esse período comemorativo?
É O TCHAN: Vem muita coisa boa por aí, afinal são 25 anos de história, né? Não podemos adiantar muita coisa ainda, mas queremos comemorar esse tempo de carreira com fãs de todos os lugares do Brasil.
OP: Vocês lançaram música nova em clima de Carnaval, como estão os preparativos para a folia deste ano?
É O TCHAN: O Carnaval é a época mais esperada para nós, artistas baianos, e nos preparamos o ano inteiro para, quando chegar fevereiro, estarmos prontos para encararmos essa maratona que é de alegria. Já vínhamos trabalhando a música Teimosinha e, nesta semana, lançamos "Vá se Benzer".
O paradeiro de ex-integrantes
CARLA PEREZ, primeira dançarina do grupo, hoje trabalha como digital influencer na Internet
SHEILA MELO, substituta de Carla Perez, é modelo e digital influencer
SCHEILA CARVALHO, exdançarina do É O Tchan, tem canal no Youtube destinado à dança, além de produzir conteúdo para o Instagram
JACARÉ, também parte dos ex-dançarinos, mora no Canadá. Por lá, já trabalhou de motorista de aplicativo e hoje é ator com pequenos papéis, principalmente em comerciais