As vésperas do protesto bolsonarista marcado para 7 de Setembro, Dia da Independência, grupo de empresários cearenses assinou manifesto em defesa da estabilidade democrática do País. O texto não se dirige abertamente ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Pede, em vez disso, entendimento entre os três Poderes e critica a criação de "tensões vazias". "A nação, depois de meses sofrendo a pandemia, espera superar os grandes problemas com respostas concretas, que só surgirão com a aliança da sociedade com os poderes constituídos", diz parte do texto.
Alguns dos signatários são Aline Telles Chaves, vice-presidente do Grupo Telles; Claudio Ary Brasil, diretor-executivo do Grupo Normatel; Roberto Macêdo, do Grupo J Macedo e ex-presidente da Federação das Indústrias do Ceará, além do ex-deputado estadual Carlos Matos (PSDB).
O manifesto vem a público num momento de alta tensão política, com os seguidores do presidente da República a mobilizar atos antidemocráticos por todo o País. O empresariado brasileiro tem emitido sinais de insatisfação com o ambiente de instabilidade pelo qual o País atravessa.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) endossou nessa semana manifesto da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), intitulado "A Praça é dos Três Poderes", que ainda recebeu apoio de agentes do agronegócio.
Os principais alvos das falas de Bolsonaro têm sido os ministros da Suprema Corte Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. Moraes conduz o inquérito das fake news, no qual Bolsonaro foi incluído em razão dos ataques às urnas eletrônicas - sem provas. Outro inquérito foi aberto pelo TSE para apurar os ataques do presidente à legitimidade do processo eleitoral. Nessa sexta-feira, Moraes atendeu a pedido da Procuradoria-Geral da República e determinou a prisão do blogueiro Wellington Macedo, de Sobral, por incitar a invasão do STF. Ao O POVO, Carlos Matos evitou citar Bolsonaro ou membros de outros poderes. Disse que tensões "desnecessárias" impedem que o País avance.