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O Centro que pulsa a economia de Fortaleza
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O Centro que pulsa a economia de Fortaleza

Bairro que mais arrecada impostos na Capital é também o que padece de um novo olhar para driblar a desocupação para permanecer relevante no comércio. Demanda por melhor infraestrutura e revitalizações existem entre o empresariado
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O peso do Centro na arrecadação do Município e do Estado são grandes, mas empresários cobram ações para que região não perca relevância entre o público (Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo)
Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo O peso do Centro na arrecadação do Município e do Estado são grandes, mas empresários cobram ações para que região não perca relevância entre o público

O Centro de Fortaleza é um universo de diversidade nos negócios. Grandes, médias e, principalmente, pequenos negócios compõem um ambiente de 53,8 mil empresas instaladas, segundo cálculos da Prefeitura de Fortaleza.

Em meio ao montante, desafios estruturais e de planejamento surgiram. Os centros comerciais nas regiões centrais das cidades enfrentam dificuldades por conta das mudanças nos hábitos de consumo. Em Fortaleza não é diferente.

Neste movimento, a pandemia foi um fator fundamental. Atualmente, segundo conta o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, Assis Cavalcante, passam pelo Centro aproximadamente 190 mil pessoas por dia, 75% deles vêm de ônibus. Antes da Covid-19, esse número passava dos 300 mil visitantes/dia.

O economista Alex Araújo observa que as áreas centrais de grandes cidades enxergam um esvaziamento a partir da ocupação das periferias e a chegada dos serviços nessas regiões, sendo o principal concorrente os shoppings centers.

Alex destaca que o público não se sente atraído somente pela quantidade de lojas - a oferta hoje está na palma da mão -, mas que busca serviços e entretenimento. "Uma das estratégias que algumas cidades usam para recuperar a região central é mesclar as atratividades do Centro".

Apesar da redução de praticamente 50%, a relevância do Centro para a economia cearense é notável a partir dos números: Ao todo, 68 mil trabalham lá, e, dentro da previsão do comércio cearense de geração de 2,6 mil contratações neste período de aumento das atividades econômicas, parte desse montante deve ser feito por empresas da região.

Outro dado que mostra essa força econômica é na arrecadação de impostos que o Centro gera. De acordo com dados da Secretaria da Fazenda do Ceará (Sefaz-CE), o município de Fortaleza recolheu mais de R$ 8,2 bilhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no ano de 2022.

Desse montante, o valor correspondente ao recolhido no Centro da Cidade chegou a R$ 2,04 bilhões, ou seja, o bairro é responsável por 24% do ICMS recolhido em Fortaleza.

Se o Centro fosse uma cidade emancipada, sozinho responderia pela segunda maior fonte de ICMS do Ceará, atrás de Fortaleza, mas bem à frente do município posterior na lista, Maracanaú (R$ 1,41 bilhão).

Em relação ao Imposto sobre Serviços (ISS) municipal, de R$ 1,02 bilhão arrecadados em Fortaleza no ano passado, o Centro responde por 21% do total (R$ 211 milhões).

Nos últimos anos, os investimentos na revitalização de patrimônios localizados no bairro tem acelerado. Exemplos desse processo são as entregas de equipamentos como a Cidade da Criança, Praça Coração de Jesus, Passeio Público, Estação das Artes e Teatro São Luiz.

Esse esforço atraiu visitantes ao bairro, criando uma programação que movimenta o Centro. A chegada do período de festa de fim de ano gera outra movimentação inerente ao bairro, a partir dos eventos programados para o Natal de Luz, promovido pela CDL Fortaleza.

A entidade também busca viabilizar a ampliação da quantidade de pessoas moradoras da região (atualmente, são menos de 30 mil), por meio de campanhas que enaltecem a oferta de serviços na região, como principal atrativo para boa moradia.

No entanto, alguns desafios permanecem, já que a grande locomotiva que movimentava e atraia visitantes ao bairro sempre foi o comércio, apesar de diferenciais competitivos importantes.

"As pessoas vêm ao Centro porque sabem que existem muitas lojas, ruas com o mesmo segmento - o que facilita a pesquisa de preços - e que são na maioria pequenos comércios (76% do total)", diz Assis.

E continua: "Então, o que ocorre é que os clientes negociam diretamente com o dono, aí oportuniza ter um preço mais competitivo".

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O PROJETO DA NOVA PRAÇA DO FERREIRA

A Prefeitura de Fortaleza designou a CDL Fortaleza como parceira na iniciativa de reformar a Praça do Ferreira, no Centro. Nas próximas semanas, a Câmara deve concluir um projeto de revitalização do espaço e entregar à Gestão Municipal. A expectativa é de que as obras transcorrerão em 2024.

O projeto é assinado pelo arquiteto Fausto Nilo, o mesmo que realizou o último projeto de requalificação da praça, há 32 anos. No desenho, há sugestão de implementação de jardins, quiosques e espaços de convivência.

Um dos principais pontos do projeto é o de construção de mais um fonte de água no espaço. Além da tradicional fonte monumental, há previsão de que seja erguida uma fonte interativa e luminosa.

Os equipamentos culturais inaugurados ou revitalizados nos últimos anos, no Centro

  • Complexo Cultural Estação das Artes: Espaço de 67 mil metros quadrados que em frente à praça Castro Carreira - Praça da Estação, pertencentes à antiga Estação Ferroviária João Felipe que inclui a Estação das Artes, o Mercado AlimentaCE, a Pinacoteca do Ceará, o Museu Ferroviário Estação João Felipe (inaugurado nessa sexta-feira, 17) e a Kuya - Centro de Design do Ceará.
  • Museu da Imagem e do Som: Inaugurado em 2022, é composto por um conjunto urbano de dois imóveis: o casarão da década de 1950, parte do patrimônio histórico da cidade, e uma nova edificação assinada pelo arquiteto Carvalho Araújo. Unindo os dois espaços, uma ampla praça com arquibancadas. A atual infraestrutura é constituída por laboratórios de conservação e higienização, de digitalização e restauro digital; e de fotografia; reserva técnica climatizada; ambiente para pesquisa e catalogação; estúdio de áudio, de mixagem, de restauro; e de vídeo; ilhas de edição e diversos espaços expositivos e pedagógicos com equipamentos digitais interativos.
  • Biblioteca Pública Estadual do Ceará: Reaberta após reforma estrutural e modernização, em 2021, inaugurou espaços que dão acesso livre às estantes de livros e à internet. É possível ocupar a biblioteca para ver filmes, ouvir músicas, participar das inúmeras atividades culturais ou solicitar o empréstimo de livros entre os mais de 100 mil títulos disponíveis em seu acervo.
  • Cineteatro São Luiz: Após minuciosa restauração, instalação de equipamentos de ponta e recuperação do projeto original de ser uma casa de cinema e de espetáculos, o então Cine São Luiz foi reinaugurado em maio de 2015 como Cineteatro, com capacidade para oferecer programações de qualidade em diversas linguagens artísticas. Além disso, a população também pode experienciar a memória desse patrimônio histórico através das Visitas Guiadas.
  • Sobrado Dr. José Lourenço: Em processo de restauração e conservação preventiva, é patrimônio cultural cearense, construído na segunda metade do século XIX, o Sobrado Dr. José Lourenço é uma das primeiras edificações de três andares construída no Estado. Tombado pela Secult Ceará, recebeu última restauração em 2006.
  • Museu do Ceará: O Museu do Ceará é a primeira instituição museológica oficial do Estado, criada por decreto em 1932, mas aberto oficialmente ao público em janeiro de 1933, com a denominação de Museu Histórico do Ceará. Em 1990, a instituição foi instalada na Rua São Paulo (51), onde localiza-se o Palacete Senador Alencar. A estrutura do Palacete foi tombada em 28 de fevereiro de 1973, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Conforme anúncio do governador Elmano de Freitas, em 16 de outubro, o Palacete Senador Alencar passará por reforma e restauro. O aporte é de R$4.5 milhões, advindo do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos do Estado do Ceará (FDID). O trabalho será voltado à modernização do Museu, incluindo a atualização dos espaços de exposição e novas orientações de acessibilidade. O FDID integra a estrutura organizacional do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), vinculado à Procuradoria Geral de Justiça (PGJ). Segundo o MPCE, os recursos do Fundo são oriundos, principalmente, do recolhimento de indenizações e multas aplicadas no âmbito de procedimentos administrativos, termos de ajustamento de conduta e ações civis públicas.
    Fonte: Secult/Governo do Ceará
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