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Mercado de trabalho: tendências para 2025
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Mercado de trabalho: tendências para 2025

Relacionado a diminuição do desemprego e as novas atualizações do mercado, a demanda por capacitações adicionais se destacam dentro das empresas
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FORTALEZA, CEARÁ,  BRASIL- 27.12.2024: Matheus Finger. Tendêcias do mercado de trabalho para 2025. (Foto: Aurélio Alves/Jornal O POVO) (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL- 27.12.2024: Matheus Finger. Tendêcias do mercado de trabalho para 2025. (Foto: Aurélio Alves/Jornal O POVO)

Com a diminuição do desemprego no Ceará e as novas atualizações do mercado de trabalho, a busca por profissionais cada vez mais atualizados e capacitados se tornou uma tendência dentro das empresas.

No 3º trimestre de 2024 (julho, agosto e setembro), por exemplo, a taxa de desocupação no Estado alcançou a marca de 6,7%, a menor da série histórica iniciada em 2012. Dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para se ter uma ideia, segundo o Mapa do Trabalho Industrial elaborado pelo Observatório Nacional da Indústria (ONI), de 2025 até 2027, no Ceará, deverão ser capacitados cerca de 381 mil profissionais no setor.

Desse montante, 316 mil são pessoas que já estão no mercado de trabalho mas que precisam de novas formações, enquanto 65 mil se referem às novas vagas que serão criadas no período.

Já a nível Brasil, o número de profissionais que precisam de capacitação chega a 14 milhões. Do total, 84,2%, ou seja 11,8 milhões, representam indivíduos já atuantes profissionalmente.

Essa diferença na demanda ocorre, de acordo com a gerente de educação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) do Ceará, Sônia Parente, pois “os segmentos industriais que já estão instalados estão crescendo e não têm demandado por novas vagas, mas têm implementado novas tecnologias, têm inovado”.

Segundo Sônia, será necessária atualização e apropriação das demandas e tecnologias por parte dos profissionais para que posições no mercado de trabalho sejam mantidas ou conquistadas.

“Como a indústria está crescendo, inovando e trazendo novas tecnologias, inclusive as indústrias cearenses, consequentemente, as pessoas que já estão dentro do mercado de trabalho vão ter que se aprimorar para poder se manter”, complementa Sônia.

Em relação às áreas com as maiores perspectivas de geração de oportunidades dentro do setor a partir da formação, o destaque está na logística e transporte. A demanda por capacitação chega a 75.762 profissionais, dos quais 64.604 já estão atuando no mercado de trabalho e 11.158 ainda irão ser inseridos. Dados também constam no Mapa do Trabalho Industrial.

Sônia Parente explica que essa área “consiste em toda uma tecnologia que tem por trás de tudo que envolve a realização de serviços e a organização de como prestar esse serviço”.

Já as principais vagas disponíveis serão para os cargos de técnicos de controle da produção, motoristas de veículos de cargas, almoxarifes e armazenistas, entre outros.

Porém, por mais que o levantamento foque no setor industrial, essa tendência pela demanda de profissionais mais capacitados não é algo exclusivo do setor, nem do Estado.

Exemplo disso está no estudo realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Ao analisar 203 empresas no Brasil, a pesquisa revelou que, desde a pandemia de Covid-19, há uma maior incidência da escassez de mão de obra, principalmente a especializada.

Essa situação, segundo o economista da CNC responsável pela pesquisa, Fabio Bentes, está relacionada também ao crescimento econômico observado no País, a baixa taxa de desemprego citada anteriormente e, em consequência, uma diminuição na procura de empregos por parte da população.

De acordo com o IBGE, a taxa de participação da população brasileira na força de trabalho no terceiro trimestre de 2024 foi de 62,4%. O resultado foi menor do que o observado no mesmo período de 2019, ano anterior à pandemia, quando o índice foi de 63,8%.

Já quando falamos do Nordeste, essa falta de mão de obra se mostra ainda maior, pois, apenas cerca de 54,7% das pessoas estão participando da força de trabalho. A porcentagem da região é a mais baixa do Brasil.

Ou seja, há um contingente menor de pessoas em busca de empregos no País, o que ocasiona, entre várias outras medidas, no aumento de salários para os profissionais mais capacitados.

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Salários mais capacitados aumentam

A tendência pela busca de profissionais mais capacitados vem sendo observada na economia como um todo e está transformando as relações de trabalho, influenciando tanto na remuneração quanto nos treinamentos oferecidos pelas empresas. Essa situação é ocasionada pelo chamado alto índice de desemprego qualificado, que é definido pelo vice-presidente de parcerias e estratégias e responsável pelo escritório da Robert Half no Ceará, Alexandre Attauah, como a falta de profissionais com conhecimentos técnicos, ensino superior e/ ou experiências em determinados setores.

Esse foi um dos pontos destacados no Guia Salarial da Robert Half para 2025, que elenca profissões e áreas que devem liderar as contratações no ano, além de demonstrar que os salários oferecidos a cada posição dependerão das habilidades dos contratados.

De acordo com o apresentado, cerca de 44% das empresas do País devem abrir vagas permanentes em 2025. As posições em destaque são as relacionadas a tecnologia, finanças e contabilidade, mercado financeiro, seguros, engenharia, vendas e marketing, recursos humanos e jurídico.

"A gente trabalha sempre para uma definição de áreas de expertise e algumas áreas de especialização, para tentarmos cobrir ao máximo grande parte das posições dos setores existentes [...]. Sempre vou orientar o material para ele abordar áreas macro e, a partir daí, focarmos em algumas funções que são, se não comum a 100% dos setores, a quase 100%", explicou Alexandre.

Ainda segundo o levantamento, o valor pago ao profissional aumenta de acordo com a demanda, que por sua vez, está diretamente ligada aos conhecimentos individuais. "Nós usamos um sistema de quartis (25º, 50º, 75º) que se referem a valores próximos ao piso e ao teto do que será aplicado naquela posição", explica Alexandre.

O 25º se refere a pessoas novas no cargo, ou seja, que ainda estão se desenvolvendo. O 50º aos indivíduos que já possuem maioria das experiências necessárias, enquanto o 75º são os candidatos que possuem especializações, qualificações e habilidades acima da média geralmente encontradas.

Desta forma, umas das dicas dadas pelo executivo é que "não adianta a gente ficar parado fazendo a mesma coisa da mesma forma e acreditando que vai simplesmente ser promovido, ou ter um aumento, ou uma oportunidade vai bater na nossa porta. Não é assim que funciona".

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A educação como porta de entrada para o mercado profissional

Motivada pelas perspectivas para o futuro e pelo gosto por novos desafios e novas experiências, Isadora Moraes de Queiroz, resolveu realizar, entre os meses de dezembro de 2023 e outubro de 2024, um curso de operador ferroviário do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

"Eu sempre gostei muito dessa área. Na indústria tem muitos desafios e eu gosto disso. Tipo assim, alguém me dá um problema e eu consigo solucionar [...]. Porque na indústria não é uma coisa rotineira, sempre tem um desafio novo, todo dia", ressaltou.

A capacitação, realizada presencialmente na empresa Ferrovia Transnordestina Logística (FTL), local onde já chegou a trabalhar anteriormente, apareceu para ela como uma forma de se reinserir no mercado de trabalho.

Com uma duração de 10 meses, dentre os seus aprendizados o que se destacou mais foram exatamente as habilidades relacionadas à resolução de problemas e desafios. Ela comenta que como o curso acontecia na própria empresa ela tinha que estar constantemente em ação.

O curso feito por Isadora é um dos vários ofertados gratuitamente pelo Senai, que segundo a gerente de educação da instituição no Ceará, Sônia Parente, vão desde modalidades de aperfeiçoamento profissional, com duração de cerca de 60 horas, até cursos técnicos que possuem 1.200 horas de aula.

Ele é umas das medidas de incentivo oferecidas no País, junto a, por exemplo, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec), entre outros.

Vale lembrar, entretanto, que as limitações no ingresso educacional e a alta evasão no ensino técnico e superior são desafios brasileiros. A demanda por capacitação surge neste contexto histórico, ainda presente, mas em um cenário de leve recuperação. 

Entre 2022 e 2023, segundo levantamento realizado pelo Ministério da Educação junto ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o número de matrículas no Ensino Profissional e Tecnológico (EPT) aumentou, 12,1%, chegando a 2,4 milhões de pessoas. Já no ensino superior, o percentual cresceu 5,6% em 2023 na comparação com 2022.

Em um mercado concorrido e sedento por capacitação, o acesso à educação leva, cada dia mais explicitamente, a melhores condições de vida e de trabalho.

 

Mesmo com a capacitação nem todas as áreas oferecem boas oportunidades

Por mais que a capacitação seja de extrema importância para a ingressão no mercado de trabalho, nem todas as áreas oferecem oportunidades atrativas. 

Essa situação foi constatada por Matheus Finger, graduando de Ciência de Dados da Universidade Federal do Ceará. Atualmente no quarto semestre, o estudante é técnico de informática e se formou em 2022 em Biotecnologia, também na UFC.

Ele comenta que sua decisão por realizar uma nova graduação foi motivada pela falta de vagas em sua formação inicial.

“Eu via que várias vagas de mercado no Linkedin eram para cientista de dados, com salários bons, enquanto para bioinformática era só através de concursos esporádicos, geralmente necessitando de títulos de pós-graduação”.

“Depois de me formar tive que tomar a decisão de seguir com uma pós graduação e enfrentar vários anos de curso para obter um título de doutor e nenhuma certeza se eu iria me inserir no mercado de trabalho”, complementa.

Ele reforça não só a diferença no número de vagas como também em seus benefícios. Destacando as melhores condições oferecidas, como a modalidade de trabalho a distância ou híbrido e melhores salários iniciais.

Sua experiência dentro do mercado não é exclusiva, de acordo com o Guia Salarial de 2025 da Robert Half, a análise de dados é uma das habilidades técnicas mais procuradas pelas empresas do Brasil, junto a inteligência artificial, tecnologia imersiva e idiomas. 

O vice-presidente de parcerias e estratégias e responsável pelo escritório da Robert Half no Ceará, Alexandre Attauah, ressalta que o Ceará, guiado pelo mercado nacional, busca atualizar suas empresas que, para isso, buscam cada vez mais profissionais com formações relacionadas à tecnologia da informação (TI).

“Então, muitas empresas, por exemplo, estão atualizando seus sistemas ou implantando novos para áreas determinadas, desenvolvendo novos negócios e, para isso precisa, por exemplo, fazer expansão das áreas de tecnologia ou adequação. Então essas funções atreladas a projetos, processos e TI estão em evidência.”

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