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Pequenos negócios: Ceará tem o maior crescimento do Brasil em número de aberturas
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Pequenos negócios: Ceará tem o maior crescimento do Brasil em número de aberturas

GERAÇÃO DE EMPREGOS | Micro e Pequenas Empresas (MPE) respondem por 98% do saldo de empregos do Estado nos dois primeiros meses do ano
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Sebrae é uma das instituições de fomento aos pequenos negócios (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Sebrae é uma das instituições de fomento aos pequenos negócios

O Ceará vem vivendo um "boom" no número de novos pequenos negócios. Nos três primeiros meses de 2025, por exemplo, 42.481 empreendimentos abriram as portas. O número é 57% superior em relação ao registrado ano passado e se consolidou como o maior avanço do Brasil, que aumentou 35% no igual período e acumulou mais de 1,4 milhão empresas emergentes no segmento.

Os dados fazem parte do levantamento realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a partir da Receita Federal, e consideram microempreendedores individuais (MEI), microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP).

No recorte por setor, os pequenos da área de serviços lideraram a abertura de empresas no território cearense em 2025, com 26.512 novos negócios. Ou seja, 62,4% do total de formalizados no Estado neste período. Em seguida, aparecem o comércio (26,1%), a indústria (7,1%) a construção (4%) e o agronegócio (0,4%).

Para o pesquisador do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste da FGV Ibre, João Mário de França, esta concentração do setor de serviços ocorre pelo fato de não precisar de um investimento tão alto como colocar uma indústria ou algo de maior quantia.

Também pontua que a expressiva expansão dos pequenos negócios surgiu na pandemia da Covid-19, por necessidade. Porém, continuou a ascender por diversos motivos.

"A gente pode pensar que hoje há uma nova visão em relação ao mundo do trabalho; as pessoas buscam maior flexibilidade de jornada. Existem políticas públicas de incentivo ao empreendedorismo. Ainda tem a própria dinâmica do mercado favorecendo esse crescimento, porque, nos últimos anos, o Brasil vem crescendo o PIB e diminuindo o desemprego."

Além disso, as Micro e Pequenas Empresas (MPE) cearenses foram responsáveis por um saldo de 5.954 contratações com carteira assinada. O número representa 98% do saldo total de 6.057 formais criados no Estado no primeiro bimestre de 2025. 

Conforme o superintendente do Sebrae-CE, Joaquim Cartaxo, o dado é um reflexo dos últimos anos, em que os pequenos lideram a geração de empregos tanto no País quanto no Ceará. Em 2024, os emergentes originaram 82% do saldo total de mais de 56 mil postos de trabalho criados.

"Esses números revelam a força dos pequenos negócios como os motores das economias brasileira, cearense e da grande maioria dos municípios. Mesmo ainda não tendo o reconhecimento devido na sociedade, são esses pequenos negócios os grandes responsáveis pela geração de emprego e renda."

Para 2025, portanto, a meta é superior aos números do ano passado, quando foram abertas mais de 110 mil pequenas empresas emergentes no Estado. Contudo, reforça "que é importante terem sustentabilidade para se manter no mercado. E, para isso, é necessário que os empreendedores busquem cada vez mais orientação e capacitação."

Nesse sentido, o superintendente do Sebrae-CE salienta que os principais desafios de quem está iniciando um negócio estão associados à falta de planejamento inicial e de preparo nas áreas de gestão e finanças, somado ao desconhecimento do mercado e dificuldade de acessar crédito.

"O Sebrae tem um trabalho em todos os territórios cearenses de oferecer orientações e capacitações presenciais e online para quem está começando um novo negócio, mas também para aqueles que já tem um negócio e querem se desenvolver."

Há uma rede de atendimento formada por 12 Unidades Regionais do Sebrae espalhadas pelo Ceará, além de 165 Salas do Empreendedor em 153 municípios, implantadas em parceria com prefeituras e outras instituições. A entidade dispõe ainda de atendimento via telefone pelo 0800.570.0800 ou pelo site ce.sebrae.com.br. 

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A confeiteira ficou em 3° lugar do concurso Fortali
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A confeitaria começou na calçada

Valeska Oliveira tem 46 anos, é de Fortaleza, e sua história na confeitaria com o nome dela começou com a venda de lanches na calçada. Aos poucos, os clientes fiéis foram surgindo e, com eles, a vontade de inovar.

Foi assim que ela decidiu fazer um curso. Mas foi durante essa busca que se deparou com a aula de confeitaria. "Vi o de confeitaria e me apaixonei. E até hoje continuo com sede de conhecimento. A parte dos doces me encantou e, desde então, nunca mais larguei o açúcar, o chantilly e o cheirinho de bolo assando no forno."

Depois disso, os pedidos começaram a chegar com mais frequência. "Veio um pedido aqui, outro ali, e quando vi, a cozinha da minha casa virou confeitaria", conta. O que a motivou a seguir foi perceber a alegria das pessoas ao receberem seus doces e o desejo de conquistar uma renda fazendo o que ama.

Hoje, o negócio cresceu e Valeska oferece: bolos personalizados, bolos artísticos, doces finos, doces tradicionais, chocolates personalizados, sobremesas e salgados, tudo sob encomenda. "Comecei com bolos, mas veio a vontade de aprender mais e comecei a trabalhar também com doces finos, bolos decorados e artísticos. Na Páscoa, faço ovos recheados, além de trabalhar com sobremesas."

O ponto de virada foi quando ela percebeu que estava com a agenda cheia, com encomendas para o mês seguinte. "Aí pensei: 'Opa, acho que isso aqui virou coisa séria!'". A formalização do negócio, no entanto, não foi fácil. "Foi um pouco difícil no começo, porque eu não entendia muito. Mas conversei com outras pessoas que já tinham se formalizado e isso me ajudou bastante. O que mais me atrapalhou foi essa parte de entender como tudo funcionava. Mas formalizar o meu negócio foi essencial!"

Valeska buscou e continua buscando capacitações. O Sebrae também fez parte da sua trajetória. Sobre o processo criativo, ela afirma que ouve muito os clientes e faz muitos testes em casa. Seu carro-chefe são os bolos decorados com chantininho.

O começo foi possível com a ajuda da sogra, que emprestou R$ 2 mil para que ela e o marido pudessem comprar os equipamentos essenciais. "Não tínhamos nada. Foi tudo bem pensado e calculado." Os primeiros investimentos foram em forno, batedeira, formas, vitrine, mesas e cadeiras. 

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