A equipe econômica do Governo Federal pretende injetar R$ 42 bilhões na economia brasileira com a liberação de saque para as contas ativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Ainda entrariam R$ 21 bilhões relativos ao PIS-Pasep, gerando o total de R$ 63 bilhões. A expectativa do ministro da Economia, Paulo Guedes, é que a medida reaqueça as atividades econômicas e ajude a melhorar indicativos do Produto Interno Bruto (PIB). Porém, apesar de positiva, a decisão é vista apenas como pontual.
ANÁLISE | Para tirar a economia da forca
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que o anúncio oficial para o FGTS e o PIS/Pasep deve ocorrer nesta semana. Ele ainda tem duas opções de medidas provisórias para assinar definindo detalhes sobre as liberações. O PIS é um abono pago aos trabalhadores da iniciativa privada administrado pela Caixa Econômica Federal. O Pasep é para servidores públicos por meio do Banco do Brasil.
A ideia do Governo é que a liberação desses recursos aconteçam antes da conclusão do fim da tramitação da reforma da Previdência no Congresso. Para sacar os valores, o sistema é parecido com o que foi adotado há dois anos, com a liberação das contas inativas. O calendário de liberação acompanharia a data de aniversário do titular da conta. Os que já fizeram aniversário teriam de esperar uma autorização.
O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira, acredita que "o mercado pode ter um novo impulso" com o anúncio de mais dinheiro circulando na economia. Indicação clara, avalia, é operação em alta da Bovespa. "Além da liberação dessas contas, que deve acelerar o consumo das famílias, o Governo pode anunciar as ações de privatização".
O presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-CE), Luiz Antônio Miranda analisa que o que realmente resolveriam os problemas da economia são geração de emprego e uma política de desenvolvimento econômico. "Não adianta liberar sem ter plano que dê sequência, pois não existiria resultado estrutural".
Mesmo com o alto nível de endividamento da população, o valor máximo de R$ 1.750 - daqueles que receberiam os 35% de contas com até R$ 5 mil -, seriam utilizados para pagamentos de débitos atrasados, avalia o presidente do Ibef-CE.
O POVO solicitou à Caixa Econômica Federal informações sobre a quantidade de contas impactadas com o pacote de medidas do governo e também o montante que seria liberado no Ceará, porém não obteve resposta até o fechamento desta edição.
Como funciona a conta ativa
Cada emprego com carteira assinada corresponde à abertura de uma conta de FGTS. A conta, quando ativa, continua recebendo depósitos do empregador. A conta se torna inativa quando o trabalhador deixa o emprego.
Inadimplência continua a crescer no Brasil
O volume de atrasos no 1º semestre de 2019 cresceu 0,9% ante o fim do ano passado. Trata-se da segunda menor variação nos atrasos desde 2012, quando a inadimplência havia crescido 5,8% no primeiro semestre daquele ano. Já em 2017, o crescimento observado fora muito semelhante ao deste ano, com alta de 0,8%.