A geração de energia eólica em operação comercial no País, a partir do Ceará, cresceu 30% em maio de 2019 na comparação com igual período do ano passado. Os dados que integram o mais recente boletim da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) mostram que o salto de 414,6 MW médios, de 2018, para os atuais 537,5 MW de maio foi o quarto melhor desempenho dentre os dez maiores estados produtores deste tipo de energia no País. No Brasil, a média de crescimento foi de 9,3% no período.
 Em termos de aumento de geração, no comparativo de um ano, o Ceará só está atrás de Santa Catarina (alta de 70%); Rio de Janeiro (52,17%) e Bahia (39,31%). E o Estado conseguiu expandir em produção mesmo ampliando a sua capacidade instalada em apenas 4,3% no período. Hoje, a capacidade total do Ceará está estimada em 2.347,7 MW.
O consultor de energia da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) e presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis, Jurandir Picanço, diz que esse aumento significativo de geração de energia no Ceará, mesmo com um incremento pequeno dos parques eólicos, se explica pela reativação de parques que estavam com as atividades praticamente paralisadas.
"Isso ocorria porque alguns fabricantes de equipamentos como a argentina Ipsa saíram do mercado, e as empresas tiveram dificuldades de encontrar peças de reposição. Do ano passado para cá, muitos equipamentos foram retrofitados e os parques voltaram a funcionar com mais força", afirma Picanço.
De acordo com a CCEE, ao fim de maio deste ano, eram 594 usinas eólicas em operação comercial no País, somando 15.042,2 MW de capacidade instalada. O número significa um incremento de 15% frente aos 13.064,1 MW de capacidade das 514 unidades geradoras existentes em maio de 2018.
No Brasil, a fonte eólica representou 8,1% de toda energia gerada no período pelas usinas do Sistema Interligado Nacional (SIN) em maio deste ano. A fonte hidráulica (incluindo as Pequenas Centrais Hidrelétricas - PCHs) foi responsável por 76,3% do total, as usinas térmicas responderam por 8,5%, plantas à biomassa geraram 6,4%, e as solares entregaram apenas 0,8%.
Segundo a professora dos cursos de Engenharia Elétrica e de Energias Renováveis da Universidade de Fortaleza (Unifor), Francisca Melo, a tendência é que, cada vez, as fontes renováveis de energia alcancem maior participação na matriz elétrica brasileira.
"É uma tendência mundial e o Brasil assumiu compromissos de aumentar esta participação. E embora a matriz brasileira seja uma das mais limpas, o peso das outras fontes é grande"
Economicamente também é mais vantajoso, reforça. Ela lembra que, no último leilão A-4 (para parques que entrarão em operação daqui a quatro anos), realizado em junho deste ano, o preço médio para os parques solares foi de R$ 67,48/MWh, um recorde para o Brasil. E os de eólicas a valores inferiores a R$ 100/MW, bem abaixo da média das outras fontes de energia, que foi de R$ 151,15/MWh.
"O Governo está comprando energia a um preço muito baixo. Para o consumidor, no longo prazo, pode ajudar a baixar, mas em menor proporção porque o valor final da tarifa tem outros componentes, a composição do custo de energia é bem complexa", acrescenta.
O QUE É
Energia eólica é a energia produzida a partir da energia cinética do vento (massas de ar em movimento) e do aquecimento eletromagnético do sol (energia solar), que movimentam as pás de captadores. A energia cinética do vento é convertida em energia mecânica por moinhos e cataventos, ou em energia elétrica por turbinas eólicas (aerogeradores)