A conquista do maior mercado consumidor de melão do mundo beneficiará a balança comercial cearense. Principal polo produtor da fruta no Brasil junto com o Rio Grande do Norte, o Ceará potencializará em quase duas vezes sua exportação de melão em 2020, assim estima a Secretaria do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Sedet).
De acordo com os dados anuais mais recentes, o Ceará exportou 86,2 mil toneladas em 2018. A China consumiu em 2017 o equivalente a 17 milhões de toneladas de melão. Hoje, a produção brasileira acontece em área próxima dos 20 mil hectares. Enquanto no país asiático, a vastidão das lavouras chega a 430 mil hectares.
Conforme projeções do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), é esperado que o produto brasileiro ocupe parcela próxima de 1% do mercado chinês, o que já proporcionaria dobrar a exportação nacional. A ideia é vender a fruta entre os meses de novembro e fevereiro, no inverno chinês, quando a produção local não é possível.
Secretário-executivo do Agronegócio da Sedet, Sílvio Carlos Ribeiro destaca o acordo com os chineses como um marco para a fruticultura no Estado. Ele ainda levanta a possibilidade de duplicar a exportação de melão neste ano. Em 2019, melões representaram 67% das frutas frescas exportadas pelo Ceará, somando U$ 41,5 milhões em vendas ao Exterior. Ainda de acordo com Sílvio, isso deve acontecer por causa de outros acordos que vêm a partir da liberação chinesa. Vietnã e países do Oriente Médio já encaminharam acordos.
Após o anúncio da liberação, o governo brasileiro aguarda a lista de fazendas habilitadas a exportar à China para que negociações de venda possam ser realizadas. Sílvio Carlos diz que muitos desses negócios devem ser firmados na Fruit Logistica, feira internacional que acontecerá em Berlim de 5 e 7 de fevereiro e será uma oportunidade para essas discussões entre chineses e produtores.
"Na pauta de exportação, entre as frutas, o melão tem um papel fundamental e já representa quase 70% do que é vendido. Se a venda dobrar, a participação das frutas vai aumentar muito e passar dos US$ 100 milhões", projeta.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Flávio Saboya, diz que o mercado observa a novidade com muito entusiasmo, ainda mais com a elevada probabilidade de bom período chuvoso para a produção nas regiões do Jaguaribe e Litorânea. A chegada das águas do rio São Francisco e a destinação das águas do Castanhão ao abastecimento de áreas irrigadas também incrementa o cenário positivo. A Sedet até informa que investidores nacionais e internacionais interessados em terras para cultivo de melão é demanda que cresce e está na pauta de negociações do Estado.
"Entre os principais produtos exportados pelo Ceará, já aparece o melão. Essa cultura deverá continuar o crescimento, agora com destaque para o Oriente, já que estávamos muito virados para o mercado europeu", reforça Sílvio.
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