De um lado da tela do celular, o olhar crítico e minucioso do comprador. Do outro, o corretor é direcionado a percorrer o imóvel, mostrar os detalhes dos cômodos, apresentar a vista, condomínio e vizinhança. Uma dinâmica de compra que não mudou na essência, mas teve a estrutura da negociação reconfigurada para o virtual em meio à pandemia do novo coronavírus.
O mercado imobiliário se adequou rapidamente diante dos desafios da crise, porque já passava por uma transformação gradativa e, na prática, acelerou esse processo. Os principais aliados para o serviço, durante o isolamento social, são a realidade aumentada por meio de um tour de 360° no empreendimento e videoconferências, permitindo que o consumidor veja em tempo real os pontos decisivos para aquisição do bem.
É a chance de tirar todas as dúvidas e sentir a atmosfera do local, algo que não é perceptível nas imagens. Outro fator importante é a facilidade de entrega e análise da documentação, etapas que podem ser feitas totalmente na web. Em Fortaleza, as empresas já realizam vendas 100% virtuais.
Outros motivos que impedem o resfriamento do setor é a taxa básica de juros mais baixa da história (3,75% ao ano) e as medidas da Caixa Econômica Federal para o crédito imobiliário, como carência de seis meses para novos contratos.
Na Reali, já foram nove imóveis vendidos integralmente pela internet, entre 19 de março, quando a quarentena obrigatória entrou em vigor, e o último dia 21 de abril. Os recursos utilizados são de uma parceria com a J.Simões Engenharia.
O CEO da imobiliária, Ladislau Nogueira, analisa que a tecnologia tem sido fundamental na reinvenção do setor. "Já estávamos nos posicionando de forma digital antes dessa crise. A gente entende que o mundo on e off pode se integrar e aproximar ainda mais o cliente. A conferência, por exemplo, ajuda a deixar todos na mesma página", explica. "Para alguns consumidores, fizemos todo o trajeto pelos bairros até chegar ao condomínio, mostramos dentro e fora, enquanto ele ia verificando o que tinha interesse", complementa.
Um destes clientes é o coordenador de vendas, de 33 anos, que optou por não divulgar o nome. Natural de São Paulo, ele está de mudança para Fortaleza nos próximos meses e decidiu comprar um apartamento, no bairro Cocó, virtualmente. "Eu não tinha tanto tempo para esperar essa situação passar. Fiz a pesquisa e as visitas pela internet. Eu pesquisei sobre o histórico da Reali, procedência e já tinha confiança no corretor", relata.
"Fomos negociando por duas semanas até eu escolher. O corretor fez uma videoconferência comigo e minha esposa. Pedíamos para mostrar até a marca do chuveiro e isso confirmou o que queríamos", ri-se.
A Reali tem filiais nos Estados Unidos e em Portugal e já fazia negociações com investidores de fora que miravam o mercado brasileiro. Ele explica que todos os trâmites de documentos e assinaturas são feitos digitalmente de forma segura.
Já a J.Simões está no processo de se tornar uma construtora digital e dispõe de uma plataforma única (www.jsimoes.digital) para passeios através da realidade virtual, imagens do apartamento decorado, folder digital, simulações e solicitação de entrega do contrato via delivery ou mesmo fechar o acordo com um assinatura eletrônica.
Na MRV Engenharia, além da aproximação por meio da tecnologia, criou um seguro em parceria com o Banco Inter. Os compradores que realizam o parcelamento da entrada podem contratar o serviço por um valor a partir de R$ 14. Em casos de desemprego, o seguro cobre quatro prestações do imóvel.
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Serviço
Reali Imobiliária: realiimobiliaria.com.br
J. Simões Engenharia: jsimoes.digital
MRV Engenharia: mrv.com.br
Para simular uma compra na Caixa: acesse a parte de habitação no site do banco