A concretização da quinta geração da internet móvel (5G) no Brasil depende do leilão das faixas de frequência a ser realizado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), previsto para ocorrer no primeiro semestre de 2021. Mas algumas operadoras começam a testá-la e até comercializam uma prévia do serviço. O movimento empurra o País para essa nova era, mas ainda há um longo percurso pela frente.
As medidas, porém, concentram-se no Sul e Sudeste brasileiro. No Ceará, essa realidade deve despontar somente a partir do segundo semestre, após o pregão. No começo de julho, a Claro lançou o 5G DSS (Compartilhamento Dinâmico de Espectro, da sigla em inglês), iniciando essa implantação pelas frequências já alocadas ao Serviço Móvel Pessoal (SMP).
Na prática, é uma espécie de transição de uma geração para outra, mas com uma potência bem inferior à prometida para a quinta evolução, que é cerca de 20 vezes mais rápida. Segundo a empresa, ela é 12 vezes mais veloz que o 4G convencional. Em nota, a Claro informou que o plano de implantação atual inclui somente Rio de Janeiro e São Paulo.
"No futuro, a cobertura será estendida gradativamente, como ocorreu com as outras gerações de telefonia", disse, destacando que não há custo a mais pela cobertura 5G DSS, basta que o consumidor tenha um aparelho compatível. A Vivo também já dispõe do serviço e terá uma abrangência maior, levando-o a oito cidades até o fim deste mês. São elas: São Paulo, Salvador, Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Goiânia Curitiba e Belo Horizonte
Já a Oi avalia iniciar a operação comercial do 5G em determinadas regiões antes da realização do leilão, mas não informou prazo e praças. "Os estudos que a empresa vem conduzindo sobre eventual lançamento comercial do 5G contemplam a utilização da rede de transporte em fibra ótica da Oi para escoar o tráfego da nova tecnologia, o que ajudaria na preparação da rede para quando o 5G for plenamente implantado no País", afirma. A operadora realizou testes com o 5G ao longo do ano passado no município de Búzios (RJ) e em eventos.
Outra que está com projeto piloto deste o ano passado é a Tim. Até setembro, pretende estar em Bento Gonçalves (RS), Itajubá (MG), Três Lagoas (MS) já com a rede comercial de quinta geração. A empresa vai utilizar a técnica DSS (dynamic spectrum sharing) nas três cidades com os fornecedores Ericsson, Huawei e Nokia, que aproveita a agregação de frequências do espectro atual (4G) para chegar à velocidade.
O professor do Departamento de Telemática do Instituto Federal do Ceará (IFCE), Glaucionor Oliveira, explica que a nova geração será uma revolução, porque irá viabilizar a chamada Internet das Coisas (que é maior conexão por meio de diversos dispositivos) e impactará mesmo os que não tiverem acesso direto.
"O 5G proporcionará muitas mudanças em diversos setores. Assistir TV pelo celular será muito mais fácil e sem interrupções. Um setor impactado positivamente será o Agronegócio, conectando com o tratores, haverá uma plataforma de internet das coisas ajudando a automatizar mais os processos", exemplifica.
Ele acrescenta que a nova conexão demandará altos investimentos em infraestrutura por parte das operadoras e, consequentemente, terá um custo elevado para o consumidor final. Além de precisar contratar um novo pacote, o cliente precisará de aparelhos compatíveis, que podem variar entre R$ 2 e R$ 5 mil. Mas o custo do produto ainda não é possível calcular.
Em nota, a Anatel afirmou que as prestadoras de serviços de telecomunicações que atuam no Brasil possuem liberdade para implementar redes com padrão 5G em quaisquer das faixas de radiofrequência a elas já autorizadas. "A Anatel busca manter sua normatização técnica sempre atualizada, a fim de não impedir a certificação e a implementação de equipamentos de qualquer tecnologia que estejam disponíveis no mercado", diz.
Entenda
De acordo com a União Internacional de Telecomunicações, o 5G, ouquintageração da telefonia móvel, é uma nova tecnologia de transporte de dados em redes envolvendo dispositivos móveis. Especialistas apontam queterá melhorias não apenas incrementais, mas qualitativas. Enquanto a tecnologia 1G tinhavelocidade de 2kbit /s e o 4G garantia tráfego de 1 Gbit /s, o 5Gterá velocidade para baixar informações de até 100 Gbit /s. Enquanto a latência (diferença na resposta na transmissão de dados) era de 60-98 milissegundos no 4G, no 5G ela será reduzida para menos de 1 milissegundo. Já a capacidade de conectar dispositivos poderá abranger até 1 milhão de aparelhos por quilômetro quadrado.
Mais dispositivos conectados, o que está se tornando necessário diante do crescimento da chamada "Internet das Coisas", com o crescimento da comunicação máquina a máquina.
Aumenta a velocidade de conexão, permitindo um consumo de serviços mais complexos com menos dificuldade, como a transferência de arquivos, comunicações em tempo real, o consumo de vídeos e áudios em tempo real (streaming) ou os jogos eletrônicos.
Diminui a resposta da conexão (latência), melhorando e contribuindo para que os dispositivos móveis tenham uma conexão que permita aplicações em tempo real ou que demandam trocas de informação de forma rápida.
Maior capacidade de banda, o que é importante diante do aumento de informações que são publicadas e circulam na internet, seja a criação de mais conteúdos ou a melhoria da qualidade, como no áudio ou na definição em vídeo.
A União Internacional de Telecomunicações (UIT) argumenta que o 5G pode ajudar as pessoas a aproveitarem os benefícios de uma "economia digital avançada e intensiva em dados", como em "cidades inteligentes", e permitirá um incremento na experiênciaonlinepelas novas aplicações que suportará e pelas maiores velocidades.
O 5G provê uma oportunidade para operadoras ofertarem serviços de conexão, desenvolvendo ricas soluções e serviços para consumidores e indústrias em um rol variado de serviços, e a um custo acessível.
O 5G poderá dar suporte a diversos tipos de aplicações benéficas. Elas vão desde os sistemas de pagamento até a viabilização de carros autônomos, bem como outras soluções de Internet das Coisas envolvendo sensores e monitoramento em fábricas ou em serviços públicos (como acompanhamento de consumo de água ou de lâmpadas de postes).
Na avaliação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), a tecnologia poderá contribuir também na produção. O 5G será um componente chave para o aumento da troca desembaraçada de dados entre máquinas, instalações, humanos e robôs, o que permitirá o desenvolvimento de uma logística inteligente, produção conectada de sistemas cyber-físicos e de comunicação máquina a máquina.
Fonte: MCTIC, UIT
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