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Cresce a procura por casas na Grande Fortaleza durante a pandemia
Economia

Cresce a procura por casas na Grande Fortaleza durante a pandemia

De acordo com o Sindicato das Construtoras do Ceará (Sinduscon-CE), há aquecimento, sobretudo, no mercado de alto luxo. Período de crise pandêmica impactou no hábito do consumidor
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CARLOS EDUARDO Sampaio e família vão se mudar do apartamento para uma casa (Foto: Barbara Moira)
Foto: Barbara Moira CARLOS EDUARDO Sampaio e família vão se mudar do apartamento para uma casa

A necessidade de passar mais tempo em casa em função das políticas de isolamento social tem provocado mudanças no perfil de quem está comprando imóveis em Fortaleza e Região Metropolitana. Se antes havia uma demanda maior por apartamentos compactos, em áreas mais centrais, durante a pandemia, tem crescido a procura por casas maiores e com espaço de lazer, ainda que em locais mais afastados.

O assistente jurídico, Carlos Eduardo Sampaio, 41, está na reta final da mudança de um apartamento, de 65 m², na Messejana, por uma casa de 120 m², em um condomínio fechado, no Eusébio. Ele conta que a vontade de morar em um lugar mais amplo e tranquilo já existia, mas foi reforçada pela experiência durante a pandemia.

"Ficamos quatro meses de home office, praticamente sem sair de casa. Minha filha, de 8 anos, ficou este tempo todo dentro do apartamento, com poucas opções, além de TV. Tudo isso só fez reforçar a vontade por uma casa mais ampla, em um local mais tranquilo. Além disso, estes apartamentos com muitas torres acabaram virando um mini bairro, com a área de lazer muito disputada sempre. Em um condomínio de casas, a gente fica mais reservado, diminui o contato".

Argumentos como os do Carlos têm sido mais recorrentes por quem procura um imóvel, relata o CEO da Reali Imobiliária, Ladislau Nogueira. "A mudança é sensível, principalmente, quando a gente fala de compra e venda de imóvel. Com certeza a procura em relação a casas dobrou em relação ao que se tinha antes da pandemia", afirmou.

Ele explica que decisão de comprar um imóvel não é de uma hora para outra somente por conta do isolamento. Na maioria dos casos, já havia a intenção de comprar. Tampouco depende apenas de vontade. Há todo um contexto, como a taxa básica de juros no menor patamar histórico (2,25%), maior facilidade nas condições de crédito e uma estagnação no preço dos imóveis por conta do estoque alto.

"Embora haja uma parcela significativa de pessoas que perdeu renda durante a pandemia, nunca se teve um mercado tão favorável para compra de imóvel. Em muitos casos, a parcela de um financiamento é o que se paga de aluguel. A demanda reprimida é grande. Ou seja, quem já estava inclinado a comprar, viu que esta era a oportunidade", afirma.

Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) mostram que mesmo com as incertezas econômicas e sanitárias, o volume de financiamentos imobiliários no Ceará, neste primeiro semestre, é 6% maior que igual período do ano passado. No Brasil a alta é de 29%.

O presidente do Sindicato das Construtoras do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias, explica que há um aquecimento, sobretudo, no nicho de alto padrão, em razão de uma queda de rentabilidade de outros tipos de investimentos.

"Quem compra um empreendimento de alto luxo, em geral, já dispõe de um uma boa poupança. E é preciso levar em consideração que há dois anos a Selic estava em 14%. Com a queda na faixa de 4%, no último trimestre do ano passado, as pessoas já estavam voltando para o mercado imobiliário porque a renda fixa não paga mais tão bem como antes. E no começo deste ano muitos investidores perderam dinheiro na bolsa de valores. Neste contexto, investir em imóveis volta a ganhar força".

O lançamento, em maio, do sistema de condomínios fechados Sky Line, um consórcio da BTB Engenharia com a Normatel Engenharia, no bairro Dunas, ilustra bem este movimento. Em três semanas, todas as 17 casas foram vendidas. Com metragem a partir de 328 m², as unidades custam em torno de R$ 2,5 milhões e devem ser entregues em três anos.

O diretor de desenvolvimento da BTB Engenharia, Ricardo Ary Filho, explica que as vendas foram viabilizadas praticamente sem contato presencial. "A gente teve a ideia em abril, já tínhamos o terreno, então, desenvolvemos a ideia com o arquiteto Marcelo Franco de fazer condomínio com casas planas. Em maio, começamos a conversar com investidores, telefonemas, não houve propaganda e nem material, foi tudo virtual".

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Os cuidados na hora de comprar um imóvel

Na avaliação do professor de Finanças Pessoais da Universidade Federal do Ceará (UFC), Érico Veras Marques, embora as condições para aquisição de casa própria estejam favoráveis é importante se programar para esta compra.

"É preciso considerar que se for comprar financiado, este é um investimento de longo prazo, e a perspectiva que temos pela frente ainda é de incertezas no mercado de trabalho e de congelamento de salários. Por isso, é preciso observar se a prestação cabe ou não no orçamento pelos menos nos próximos cinco anos".

O ideal é que este comprometimento não ultrapasse entre 20% a 25% da renda. "Além de pesquisar bem e procurar por boas oportunidades". Ele diz que para quem já dispõe de poupança e tem perfil mais conservador, investimentos em imóvel podem ser sim uma boa opção no atual contexto. "Vamos supor que a pessoa que comprou um imóvel hoje e em três anos ela decida vender e ganhe entre 15% a 20% em cima do valor, na renda fixa, nas condições de hoje, não chegariam a 7%", diz.

 

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