Passar um dia sequer sem energia elétrica durante o período de isolamento social pode ser considerado impraticável, seja para demandas do dia a dia, entretenimento ou mesmo home office. Muito por isso, o consumo durante a pandemia aumentou e o valor das contas de energia subiu junto. Isso foi o caso do jornalista Alex Gomes, 23. A fatura mensal saltou dos habituais R$ 130 para R$ 200. Ele conta que mora com a família, de mais três pessoas, que utilizam diariamente produtos eletrônicos, seja para o seu trabalho, escola do irmão ou atividades domésticas dos pais.
Alex diz que houve impacto financeiro importante, pois a principal renda da casa vem do padrasto que é autônomo e foi acometido por Covid-19. Apesar de reconhecer que o consumo aumentou, diz que a conta é cara. Essa percepção é comum para 84% dos brasileiros, que consideram a energia cara ou muito cara, segundo pesquisa do Ibope e Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel).
"Sentimos a alta na conta de maio, referente ao período de abril, vimos uma diferença grande na conta. Com o impedimento do corte, acumulou três ou quatro papéis, pois outros gastos foram priorizados, como alimentação e remédios", afirma.
"Hoje a energia elétrica é um dos serviços mais taxados, por uma razão muito simples: os governos estaduais têm muita facilidade em arrecadar imposto por meio da conta de luz", critica o presidente da Abraceel, Reginaldo Medeiros.
O sistema elétrico brasileiro tem uma problemática séria de produzir uma das energias mais baratas do mundo e na ponta ter uma das cinco tarifas mais caras do mundo, inicia o coordenador do Núcleo de Energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). Ele observa que é um dever de todos que formam o setor, buscar alternativas para diminuir os encargos - entre subsídios e incentivos - sobre a conta de energia.
Joaquim dá crédito ao projeto de reforma do setor de energia, que há anos é discutido, mas ressalta que o setor elétrico é complexo, mas já funciona bem, tem confiabilidade, mas espaço para evolução, principalmente no que diz respeito à produção sustentável.
"É preciso ter cuidados com as condições sociais e setores que já contam com incentivos para não desequilibrar o sistema, é preciso critério para beneficiar energias renováveis e produção própria de energia. O Brasil poderia ser o primeiro País a chegar a 100% de produção de energia por vias renováveis, aproveitando os mananciais naturais que temos disponíveis, principalmente no Norte e Nordeste", conclui.
Para Erildo Pontes, presidente do Conselho de Consumidores da Enel Ceará, a tarifa no Brasil não tem variações significativas entre estados e que no Ceará estamos dentro da média. Mas, ele acredita que a companhia precisa melhorar no atendimento aos consumidores.
"Na comparação entre o serviço de Coelce e Enel Ceará, houve grandes melhorias. Mas ainda existem muitas queixas com relação às ligações de fins de semana, prazos de religações, para começar. Meu sentimento é que ainda precisa evoluir no atendimento e a empresa está passando por um processo de mudanças com o novo presidente".
De acordo com a Enel Distribuição Ceará, R$ 436,6 milhões foram investidos no Estado somente no primeiro semestre. Além disso, a companhia realizou 65 obras para ligação de energia em novas unidades de saúde, o que representa um investimento de R$ 3,6 milhões.
Já as renegociações estão com condições especiais de parcelamento da conta de energia, em até 10 vezes sem juros de financiamento, pelo site http://www.enel.com.br/ ou app Enel Ceará. (Com Agência Brasil)
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ENEL
A distribuidora cearense esclarece que 75% do valor da conta de energia é repassado para geradores, transmissores, governos com os encargos. Para se ter uma ideia, de uma conta de R$ 100, por exemplo, apenas R$ 24,90 serão destinados à empresa para operação, expansão, manutenção da rede de energia e para remuneração dos investimentos realizados.
10 MANEIRAS DE ECONOMIZAR ENERGIA DURANTE A PANDEMIA
• Entender a potência do aparelho
Algumas pessoas compram aparelhos ou equipamentos por impulso ou por recomendação do vendedor. Elas têm em casa a melhor fritadeira elétrica, a chapinha mais quente, o chuveiro com maior vazão, por exemplo. Muitas vezes, essa potência toda não se justifica. Entenda e dimensione sua potência para o uso adequado, para não gastar muita energia com a finalidade de fazer o aparelho funcionar.
• Geladeira e fogão próximos não combinam
Esses dois equipamentos próximos podem interferir no consumo de energia um do outro, devido às diferenças de temperatura. Um exige mais "força" do outro e o consumo aumenta sem necessidade. Procure posicioná-los em locais distantes para garantir o funcionamento adequado.
• Mantenha o filtro do ar-condicionado limpo
Durante o dia, procure usar o ar-condicionado em apenas um cômodo da casa. Assim, todos podem estar juntos e se refrescarem. Mas, tenha sempre o filtro do ar-condicionado limpo, isso evita que o temporizador seja acionado várias vezes para manter a temperatura.
• Prefira os ventiladores
Eles são mais econômicos. O ventilador pode consumir até 80% a menos em potência (watts) do que um ar-condicionado de 7.500 BTUs ou 2.197 watts. Se possível, dê preferência a esse equipamento.
• Mantenha a geladeira fechada
Procure ser rápido e preciso na utilização na escolha dos alimentos armazenados na geladeira. Parece básico, mas muita gente ainda abre a porta e ficam observando por minutos, desnecessariamente. Neste período todo em que a geladeira fica aberta, o ar gelado que mantem a temperatura adequada acaba saindo. Então, os sensores indicam que precisa ligar o motor para gelar tudo de novo. Se não vai retirar nada, mantenha geladeira fechada.
• Verifique as borrachas da porta da geladeira
Em algumas residências, a geladeira é o aparelho doméstico que tem o custo mais alto de utilização, por isso mais uma dica: verifique a borracha de vedação da porta da geladeira. Essas borrachas em estado ruim fazem o motor ligar mais vezes para manter a temperatura e o consumo pode representar até 30% da conta de energia.
• Dê preferência por aparelhos certificados PROCEL
Até algumas marcas de carros já possuem o selo PROCEL, os que possuem a categorização por letras. Os selos com classificação "A", são considerados mais eficientes, ajudam o meio-ambiente e o bolso do consumidor.
• Não demore no chuveiro
Se vai demorar no banho, escolha um chuveiro de potência menor. Lembre-se que não temos energia para todos e alguém lá na ponta pode ficar sem.
• Evite "gambiarras" elétricas
Avalie se as ligações dos eletrodomésticos estão corretas e se o fio não está derretendo. Se um fio está esquentando, ele consome energia. Não ligue 2, 3 ou 4 aparelhos em um benjamin (ou T) na mesma tomada, isso também produz efeito joule (quando a energia elétrica se transforma em energia térmica, ou seja, calor), consome energia e aumenta a possibilidade de incêndios.
• Evite Stand-by
Os aparelhos, quando ficam em stand-by, também consomem energia. Essa ação pode representar até 12% do consumo total do aparelho. Se não utiliza o aparelho com tanta frequência, tire-o da tomada e o gasto de energia cairá.
FONTE: Emerson Cunha da Silva, tutor do curso de Engenharia Elétrica da Pitágoras Aracati
Nordeste registra três recordes de geração de energia eólica na mesma semana
O mês de agosto vem demonstrando que será bastante favorável na geração de energia eólica. Na mesma semana, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) registrou três recordes de geração média da energia e, no dia 6 de agosto, os sistemas registraram que os ventos chegaram a produzir 9.049 MW e fator de capacidade de aproximadamente 71,6%.
Este montante é suficiente para abastecer 94,4% da demanda elétrica de todos os estados que compõem a região Nordeste. Historicamente, agosto costuma ser um mês de ventos fortes. Além deste recorde, o Operador indicou que no dia 5 a geração de energia eólica média foi de 8.854 MW e no dia 2 de 8.780 MW.
Sobre o monitoramento da geração eólica, a maior presença de renováveis na matriz brasileira é algo que já está acontecendo e continuará dessa maneira nos próximos anos. O ONS passou em 2006 a monitorar regularmente a capacidade instalada de usinas eólicas em operação comercial que, atualmente, estão espalhadas por oito estados (Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina).
No momento, o ONS registra 14.975 MW de potência instalada de eólica, o que representa 9,1% da matriz elétrica.