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Noxis Energy quer investir R$ 4,2 bilhões em refinaria no Ceará
Economia

Noxis Energy quer investir R$ 4,2 bilhões em refinaria no Ceará

O governador Camilo Santana e a empresa assinaram, ontem, memorando de entendimento para instalação da refinaria, visando produzir inicialmente combustível para navios
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Linha do tempo - projeto de refinaria para o Ceara (Foto: luciana pimenta)
Foto: luciana pimenta Linha do tempo - projeto de refinaria para o Ceara

A brasileira Noxis Energy pretende investir R$ 4,2 bilhões na instalação de uma refinaria na Zona de Processamento de Exportações (ZPE) do Ceará. Ontem, a empresa assinou memorando de entendimento com o governador Camilo Santana (PT). Com capacidade de processamento de 50 mil barris por dia, o projeto visa à produção de óleo combustível marítimo (bunker), mas abre a possibilidade de, em um segundo momento, começar a processar também querosene para aviação.

A unidade no Ceará faz parte de um projeto de três refinarias que a Noxis Energy está construindo no País. A de Sergipe é a que está em estágio mais avançado e já conta com o licenciamento ambiental prévio. Será a primeira refinaria privada do País em mais de 50 anos. A outra planta deve ir para o Maranhão ou Espírito Santo, explica o diretor-presidente da Noxis Energy, Gabriel Debellian.

O investimento é em parceria com um grupo israelense e tem como foco principal a exportação. "Já temos contrato de compra para o produto", diz.

A ideia é que a refinaria ocupe uma área de 110 hectares na ZPE, dentro do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp S/A). Ontem, também foi feita uma visita técnica ao local. Gabriel afirmou que o Estado já estava no radar da empresa, por sua posição geográfica considerada estratégica, e ficou bem impressionado com o que viu e ouviu dos agentes do Ceará.

"Estamos muito otimistas. O porto está em condições de nos receber, já teve uma refinaria licenciada antes, não que dê para aproveitar, mas, em certos aspectos, isso facilita bastante. Na verdade, eu já conhecia a estrutura aqui no Ceará, e a gente só não veio antes porque achávamos que já tinha sido fechado acordo com uma refinaria chinesa. Então, ficamos muito felizes quando fomos procurados pelo pessoal do Pecém", afirma Debellian.

Ele reforça que a intenção é que a refinaria esteja apta a ser um bunker "limpo", produzindo combustível com teor de enxofre reduzido para 0,5%, atendendo às mais modernas especificações do setor.

A expectativa é que sejam criados no Estado 150 empregos diretos e 3 mil indiretos. "Sempre tivemos um objetivo de implantar no Ceará uma refinaria e uma siderúrgica. Em 2017, conseguimos abrir a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), formada pela brasileira Vale e as coreanas Dongkuk e Posco, um grande investimento de todas as partes. Agora, para a instalação da refinaria pela Noxis Energy, nós também nos colocamos à disposição para viabilizar. É um investimento importante para o Ceará e para a população cearense", observa o governador Camilo Santana.

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Negociações começaram em julho deste ano

As negociações com a empresa começaram em julho. E, embora o mercado internacional seja o principal destino da produção, o titular da Secretaria Estadual do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), Maia Júnior, afirma que a refinaria abre a possibilidade para o desenvolvimento de uma nova cadeia produtiva no Estado, que atenda também à demanda do mercado interno. No Brasil, só há um bunker, no porto de Santos (SP).

"É importante porque teremos uma refinaria nova, de pequeno porte, para atender um nicho que ainda não tínhamos. Em um primeiro momento, é para processar combustível para navios. O que pode otimizar também novas rotas no porto, navios que não paravam aqui e que podem passar a atracar para abastecer", destaca.

Em um segundo momento, dependendo da evolução do mercado, ele diz que também está sendo cogitada pela empresa a ampliação da planta para começar a produzir querosene de aviação. "O que também ainda não fazemos, seria uma nova economia e pode ser muito bom para o nosso hub aéreo", reforça Maia Júnior.

Ajustes necessários para concretizar o plano

A partir da assinatura do memorando de entendimento, o secretário explica que, para a concretização do negócio de fato, falta ajustar pontos como a definição da área onde será instalada a refinaria; a relação com o projeto de tancagem que está sendo viabilizado pela Volpak no Cipp; o licenciamento ambiental; a operação portuária; e pequenas adaptações na dragagem do porto. "O que acredito que teremos condições de resolver com celeridade e segurança".

A partir do licenciamento ambiental do projeto, a prazo para a construção do empreendimento é de 30 meses. E a produção estimada é de 1.500.000 toneladas/ano de combustível, até 2025.

LINHA DO TEMPO
Projeto de refinaria para o Ceará

1955
O Ceará pleiteava refinaria da Petrobras em 1955. Em anúncio publicado no O POVO, de 31/03/1958, Virgílio Távora prometia trazê-la caso virasse governador.

1970
Petrobras confirma interesse em construir refinaria no Nordeste.

1987
Obras têm previsão para início em 1987. Ceará, Pernambuco, Maranhão e Rio Grande do Norte entram na disputa

1998
O então governador Tasso Jereissati anuncia refinaria para o Ceará, com investimento de empresa alemã. O projeto não avançou.

2005
O então presidente Lula firma protocolo de intenções com Hugo Chávez para construção de refinaria no Brasil. O destino seria Pernambuco.

2010
Lula veio ao Ceará para lançar a pedra fundamental da Premium II, da Petrobras.

2011
O então governador Cid Gomes e o então presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, se reúnem sobre a refinaria. Semace concede licença prévia para a obra.

2012
Petrobras não inclui a Premium II no seu plano de negócios, por não ter viabilidade garantida. Naquele mesmo ano, Cid Gomes anunciou, no entanto, que recebeu garantia da presidente da Petrobras na época, Graça Foster, de que o investimento estava mantido.

2013
A então presidente Dilma Roussef anunciou o início das obras da refinaria para o ano seguinte, o que não ocorreu.

2015
A Petrobras anuncia a exclusão dos projetos das refinarias Premium I (MA) e Premium II (CE) do seu plano de investimentos.

2016
O Governo do Ceará assina memorando de entendimento para que a multinacional chinesa Guangdong Zhenrong Energy realize estudos sobre a implantação de uma refinaria no Ceará. Negociações, no entanto, não avançam.

2017
Em mais uma tentativa, é assinado um memorando de entendimento com a chinesa Qingdao Xinyutian Chemical para um projeto completo que inclui, além da refinaria, um polo petroquímico no Estado.

2017
O governador Camilo Santana assina memorando de entendimento com o Banco de Desenvolvimento da China (BDC), formalizando o interesse da instituição em financiar US$ 11,5 bilhões para uma refinaria, uma petroquímica e infraestrutura portuária no Ceará. Só para a unidade de refino, seriam US$ 8 bilhões.

2018
A empresa chinesa Qingdao Xinyutian Chemical procurou a Semace para obtenção da licença ambiental. A empresa anunciou, posteriormente, revisão do projeto.

2019
Camilo viaja para Dailan, região costeira da China, em busca de novos interessados em investir na refinaria.

2020 (16 de setembro)
O governador Camilo Santana assina memorando de entendimento com a brasileira Noxis Energy para a instalação de uma refinaria na ZPE.

Fonte: O POVO.DOC

Sobre a Noxis Energy

Noxis Energy Participações S/A é uma empresa de capital privado que iniciou suas atividades no em 2018, com sede no Rio de Janeiro. Além da refinaria no Ceará, a empresa tem planos de construir uma refinaria, avaliada em US$ 700 milhões, em Sergipe, e outra ainda em estudo no Maranhão ou Espírito Santo.

Lubnor

O Ceará tem, desde 1966, a Lubnor. A refinaria produz 235 mil toneladas/ano de asfaltos e 73 mil metros cúbicos por ano de lubrificantes naftênicos. É responsável por cerca de 13% da produção de asfaltos do Brasil, além de distribuidora de asfalto para nove estados das regiões Norte e Nordeste. O ativo, no entanto, foi incluído no plano de desinvestimentos da Petrobras. A licitação está prevista
para 2021.

 

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