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Alta demanda eleva preço de casas por temporada no Ceará
Economia

Alta demanda eleva preço de casas por temporada no Ceará

A estimativa de aumento é de 20%. Os valores variam, a depender do número de hóspedes e características dos imóveis, chegando a R$ 35 mil
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PANDEMIA ampliou o foco do turista para o turismo local (Foto: Barbara Moira)
Foto: Barbara Moira PANDEMIA ampliou o foco do turista para o turismo local

Atualizada às 14h50min

O aluguel por temporada para passar o Réveillon em praias e serras cearenses pode variar de R$ 810 a R$ 35 mil. Os valores pesquisados são para estada de 31 de dezembro a 2 de janeiro de 2021. Diante das incertezas sobre as festas privadas e públicas, somada à necessidade de isolamento social, a busca por esses imóveis para o período cresce no Ceará. Os relatos, contudo, são de preços mais elevados neste ano.

O POVO fez um levantamento de hospedagens para famílias a partir de sete pessoas, incluindo duas crianças, para os seguintes destinos: Cumbuco, Guaramiranga, Jericoacoara e Palmácia. A discrepância de custos de um imóvel para o outro depende do patrimônio paisagístico, estrutura e localização, além da capacidade de visitantes. Os modelos vão de casas simples a luxuosas, sítios e chalés.

As consultas ocorreram na tarde de ontem, nos sites Airbnb e Booking.com. Nas serras, as principais ofertas estão concentradas em Guaramiranga, a 105,5 km da Capital. É possível encontrar residência de dois quartos entre R$ 810 e R$ 1.301, além de um sítio por R$ 4.565. Quando aumenta-se o número de hóspedes entre 8 a 16, as quantias sobem para R$ 7.988, R$ 8.901 e 16.319.

Já no município de Palmácia, na microrregião de Baturité, uma casa com três quartos, cinco camas e um banheiro, baixa para R$ 1.369. Em Jijoca de Jericoacoara, a média é de R$ 8 mil, mas é possível encontrar modelos mais simples para 10 hóspedes por R$ 1.849. Já a permanência em uma mansão (16 convidados), com seis quartos, 11 camas e sete banheiros, está cotada em R$ 34.235, sendo R$ 15 mil a diária. No Cumbuco, os preços variam de R$ 2.265 a R$ 7.182.

Segundo o vice-presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-CE), Rodrigo Costa, a procura para o Réveillon tem crescido neste mês de setembro. "Isso pressiona o aumento, que foi de cerca de 20%. Para se ter uma ideia, uma residência de nove quartos que custava R$ 12 mil agora passou para R$ 15 mil", contabiliza.

"É uma dinâmica normal do mercado. Para o cliente, vale a pena já que a maioria compra e divide entre várias pessoas", observa. Ele acrescenta que o custo médio nos destinos mais procurados, como Flecheiras, Porto das Dunas e Guaramiranga fica entre R$ 6 mil e R$ 7 mil.

O presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Locação de Imóveis (Secovi-CE), Sérgio Porto, avalia que houve um aquecimento do setor imobiliário na pandemia, influenciado pelas mudanças de hábitos do consumidor. "Creio que seja um movimento natural já que o turismo local tende a ser favorecido", diz.

O economista Alcântara Macedo explica que a sazonalidade do período encarece em razão da alta demanda. "Ainda vivenciamos uma pandemia e o momento é de cautela. Até que se tenha uma vacina, o turismo vai ser mais interno", pondera.

Segundo o Airbnb, desde maio, a plataforma notou um crescimento da procura por casas em destinos "hiperlocais", a até 300 km de distância de centros urbanos, para ir de carro com a família e ficar mais perto da natureza, sem abrir mão do isolamento. Os destinos mais procurados foram Caucaia, Trairi e Cascavel. Questionamento sobre preços não foi respondido.

Em nota, o Booking.com informou que havia observado tendências com relação a hospedagens da chamada acomodação não-tradicional a partir de uma pesquisa, realizada ainda em 2019, na qual cerca de um terço dos viajantes brasileiros (40%) pretendia se hospedar em casas, apartamentos, chalés e vilas. Outro ponto é que a distância média das viagens reduziu durante crise sanitária.

“Para datas festivas, em função do cenário de retomada gradual e com regiões em diferentes estágios da pandemia, é difícil prever exatamente onde e quando as viagens retornarão, e isso se reflete nas buscas futuras, sendo ainda prematuro para identificarmos qualquer tendência em relação a períodos como o Réveillon”, informou. 

A empresa pondera, contudo, que, na análise das listas criadas dentro da plataforma, Fortaleza e Jericoacoara foram os destinos cearenses mais desejados entre maio e junho deste ano. As perguntas sobre oscilação de valores também não foram respondidas.

Thaís Cattani e analista de Finanças corporativas da Arêa Leão
Thaís Cattani e analista de Finanças corporativas da Arêa Leão

Por que os valores estão mais elevados

A conjuntura atual do dólar, atingindo máxima histórica, e o País se recuperando de picos de contágio do novo coronavírus fizeram com que os consumidores ajustassem sua forma de acessar produtos e serviços.

No setor turístico, esse ajuste é sentido pelo aumento do turismo doméstico, no qual os próprios residentes o movimentam. O aumento do custo de viagens internacionais, reflexo da alta do dólar e o receio de ir a áreas em que o número de casos está menos controlado são os principais motivos que tornaram essa modalidade mais procurada.

Somada à tendência de maior procura por serviços locais, a chegada da temporada de férias no fim do ano tem elevado a demanda por hotéis e aluguéis de temporada no Estado. O aumento da procura impacta diretamente os preços desses serviços. A oferta acaba ajustando os preços na medida que se percebe que quem demanda está com mais "apetite" para o consumo.

Mesmo com a incerteza sobre a festa de Réveillon na Capital, o Ceará se destaca por apresentar controle sobre a contaminação do novo coronavírus e por oferecer uma variedade de outras atrações e cenários para os turistas. Possui um litoral vasto e com belas praias e região de serra com vegetação preservada.

Thaís Cattani, analista de Finanças Corporativas da Arêa Leão

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