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Com alta de 38,9%, venda de material de construção bate recorde no Ceará
Economia

Com alta de 38,9%, venda de material de construção bate recorde no Ceará

A alta demanda, inclusive do mercado externo, tem gerado desabastecimento de estoque no Estado
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Vendas de produtos da construção civil crescem 38,9%. A alta demanda e pressão das exportações esvaziaram os estoques nas lojas. O principal produto em falta é a cerâmica. (Foto: Júlio Caesar) (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR Vendas de produtos da construção civil crescem 38,9%. A alta demanda e pressão das exportações esvaziaram os estoques nas lojas. O principal produto em falta é a cerâmica. (Foto: Júlio Caesar)

Influenciada pela maior demanda desde a reabertura das empresas após quase três meses de quarentena da pandemia do novo coronavírus, as vendas de material de construção continuam a crescer no Ceará. Em agosto, a alta foi de 38,9% ante julho, melhor desempenho desde janeiro deste ano e o maior para o mês entre os estados brasileiros. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na comparação de agosto deste ano com igual período em 2019, a elevação foi de 1,7%. Nos últimos 12 meses, totaliza 7,25%. O comércio varejista ampliado, que abrange oito segmentos, e inclui ainda veículos, motos, partes e peças, também subiu 9,5% em agosto.

O presidente dos Sindicatos do Comércio Varejista de Materiais de Construção (Sindimac) e Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), Cid Alves, atribui o aumento ao isolamento social forçado. "Após a reabertura, o crescimento foi grande. Isso ocorreu tanto pela retomada da construção civil e pelas mudanças de comportamento do consumidor que ficou mais tempo em casa", lista.

Cid acrescenta, porém, que, atualmente, há uma dificuldade de abastecimento do estoque. Ocorre que o mercado interno não tem conseguido suprir a demanda, porque muitas indústrias ainda não haviam retornado e as exportações aumentaram no período, tirando os produtos das lojas locais.

"No Ceará, temos cerca de 35 fabricantes de tintas, mas que ainda não estão com produção total. Outros produtos comprados no Sul e Sudeste estão sendo impactados pelas exportações. Esperamos que, com a produção nas fábricas, estará tudo normalizado em breve e acreditamos que a situação melhore, mas os lojistas estão sofrendo com falta matéria prima", detalha. Dentre os produtos, estão cerâmica, tintas e artigos plásticos que compõem os baldes para a tinta, por exemplo.

O diretor comercial da Normatel, Antonio Mello Júnior, comenta que os números do IBGE confirmam o fluxo observado nas lojas. "Experimentamos 70 dias fechados. Quando abrimos, notamos uma movimentação mais forte de demanda reprimida, mas não foi momentânea. Ela se mantém e prevemos que permaneça nos próximos seis meses", conta. Nos últimos meses, diz que as vendas da empresa cresceram cerca de 30%. Antonio também relata escassez de mercadoria. "Cerâmica, quando chega, vende. Tinta e cabos começam a faltar. Todos os produtos que dependem da fabricação nacional estão tendo essa dificuldade", enumera.

O economista Vitor Leitão explica que o aumento nas vendas ganhou impulso com o auxílio emergencial de R$ 600, assim como as dos supermercados. A questão da mudança de comportamento também influenciou. No home office, as pessoas observaram o que poderiam melhorar e fazer ajustes e reformas. Outro ponto importante, diz, é a taxa de juros baixa, que estimulou o crédito

Ele destaca que o mercado sofre influências com o câmbio. "Naturalmente, diante da escalada do dólar, o investidor que tem potencial para exportação o fará. Além disso, as incertezas elevam o risco de investir no Brasil. Neste contexto, a venda interna fica impactada", afirma.

"O que virá nos próximos meses ainda é incerto. Não há sinalização de reformas do programa Renda Cidadã, por exemplo. As pessoas que estão desempregadas hoje ainda estão sendo amparadas pelo auxílio emergencial. Como vai ser quando ele acabar? O que será feito para retomar o emprego?", questiona. 

 

BRASIL

A alta de 3,4% no varejo em agosto ante julho fez as vendas do setor alcançarem o patamar mais elevado da série histórica da Pesquisa Mensal de Comércio, iniciada em janeiro de 2000 pelo IBGE.

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