A atividade econômica da região Nordeste subiu 2,8% no trimestre encerrado em agosto, ante o finalizado em maio, quando havia recuado 7,1%. Os dados fazem parte do Boletim Regional divulgado ontem pelo Banco Central. Dos três estados monitorados pela instituição na região, o Ceará foi o que apresentou melhor desempenho no período, com crescimento de 8,3% no nível de atividade econômica.
Acima, portanto, do Índice de Atividade Econômica (IBC-R) constatado em Pernambuco (6,3%) e na Bahia (-1,1%). Este indicador é considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB).
 Os dados do boletim regional mostram que a economia do Ceará sofreu os impactos da pandemia associada ao novo coronavírus ainda no mês de março, adotando amplo isolamento social dentre outras políticas adicionais de prevenção, com consequências sobre a produção, o emprego e o consumo. Mas desde junho, quando começou a implementação do plano de flexibilização gradual de retomada das atividades econômicas, o Estado vem registrando uma recuperação contínua e consistente.
Em agosto, o IBCR-CE situou-se 0,3% acima do nível pré-pandemia (média de janeiro e fevereiro). A recuperação se dá principalmente nos indicadores de comércio e indústria e certa acomodação nos serviços.
As vendas do comércio ampliado tiveram alta de 9,5% em agosto ante julho, de acordo com dados dessazonalizados da Pesquisa Mensal do Comércio, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com expansão de 43,5% no trimestre encerrado em agosto.
Já a indústria cresceu 52% em agosto ante maio, patamar superior ao da recuperação verificada na região com salto de 17,9% na mesma base, com dados dessazonalizados. Enquanto isso, o volume de prestação de serviços não financeiros registrou elevação de 3,8% no mês e retração de 3,6% no trimestre.
De acordo com o boletim do Banco Central, dados mais recentes sinalizam para uma continuidade da recuperação da atividade econômica cearense. Em relação à demanda, os valores das vendas efetuadas com cartão de débito registraram alta de 1,6% em valores nominais, na comparação da média de quatro semanas terminadas em 20 de outubro com a das quatro semanas imediatamente anteriores.
O mercado de crédito no Estado, no trimestre finalizado em agosto, mostrou recuperação no segmento de pessoas físicas (4,7% ante -1,8% em maio), reflexo do retorno ao financiamento de cartão de crédito à vista, e arrefecimento, após forte expansão, no de pessoas jurídicas (0,9% ante 6,3% até maio).
"A expansão registrada na linha de crédito para capital de giro, impulsionada pelas linhas do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e Programa Emergencial de Acesso a Crédito (PEAC), foram praticamente compensadas pelas retrações em financiamento de exportação, importação, imobiliários e rurais", informa o documento.
Porém, a questão do emprego preocupa. O índice do emprego formal, dados dessazonalizados pelo Banco Central, registrou queda de 0,8% no trimestre encerrado em agosto ante o anterior. E a Pnad Contínua do IBGE sinaliza redução de 13,8% na população ocupada e de 7,9% na força de trabalho no segundo trimestre de 2020 em relação ao primeiro, refletindo em aumento de 0,5 p.p. na taxa de desocupação.
A escala de preços na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) também chama atenção. Os dados do trimestre finalizado em setembro, mostram que a inflação subiu 1,55%, patamar superior ao registrado no País, 1,24%, e na região Nordeste, 1,35%. "Isso ocorreu, sobretudo, em decorrência do aumento mais acentuado dos preços livres, 1,12%, com destaque em cuidados pessoais e consertos e manutenção", informa o BC.