O preço do botijão de 13 kg do gás de cozinha voltou a subir em novembro no Ceará. Até a semana passada, estava custando, em média, R$ 78,87, mas podia ser encontrado por até R$ 88, segundo levantamento mais recente realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). É o sexto mês consecutivo de alta e o preço mais elevado deste ano.
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Para se ter ideia, o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) já custa R$ 4,40 a mais do que em igual período do ano passado. A combinação da oscilação do preço do barril de petróleo no mercado internacional, dólar alto e aumento no consumo do produto em casa são os fatores que estão provocando a elevação dos valores ao consumidor final.
Só a Petrobras, responsável por mais de 90% da produção de gás liquefeito de petróleo (GLP) no Brasil, já aplicou nove reajustes para o gás de cozinha em 2020. O mais recente, na ordem de 5%, entrou em vigor no último dia 4. Mas, no acumulado do ano, o aumento é superior a 16%.
Na composição do preço médio do botijão de gás de 13 kg que chega ao consumidor final, a parcela da Petrobras corresponde a 43%, segundo estimativa da estatal em relação aos preços praticados entre os dias 18 a 24 de outubro. O restante é distribuído entre tributos e margens de distribuição e revenda.
O especialista em petróleo e gás, Bruno Iughetti, explica que essa majoração feita pela Petrobras não é sem razão. O preço do barril de petróleo cru no mercado internacional, por exemplo, já ficou 12% mais caro. "Isso sem falar na taxa de câmbio que tem influenciado de maneira muito forte a elevação de preços", reforça.
Ele destaca que, no mercado interno, o aumento no consumo de gás de cozinha na pandemia é outro fator a pesar na conta. "Com mais tempo em casa, as pessoas passaram a cozinhar mais. Tanto é assim que o GLP é o único combustível que, de março a setembro, manteve as vendas em nível elevado. Diferentemente da gasolina e do diesel, por exemplo, que caíram em volume e preço durante o mesmo período".
Estudo comparativo feito pelo Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de GLP (Sindigás), com base nos preços médios que estavam em vigor em agosto deste ano, em relação aos praticados em setembro de 2019, mostra que, apesar do aumento nos valores da Petrobras, que até então somavam 13,1%, houve redução de 20,7% na margem das distribuidoras. Enquanto isso, a fatia de revenda cresceu 1,42% e a parcela dos tributos cresceu 9,19% no período.
A entidade também informa que os valores do GLP são livres em todos os elos da cadeia. "Não há tabelamento e, por isso, os preços sofrem variações para cima e para baixo de maneira não uniforme. As distribuidoras associadas não reportam ao sindicato qualquer aumento ou baixa de preço. Como o mercado tem autonomia para fixar seus preços, cabe ao consumidor pesquisar aquele revendedor que tem condições comerciais mais vantajosas".
Conseguir uma economia mais efetiva, no entanto, é uma tarefa árdua ao consumidor quando se trata do gás de cozinha, explica o economista Mário Monteiro. "A diferença entre um ponto e outro não é muito grande. E o gás de cozinha, ao contrário de outros produtos, não é algo que pode ser substituído facilmente".
Ele reforça que o item é mais um a pressionar a composição da inflação. "O efeito final é penoso aos usuários porque, além do reajuste de preço em si, é o peso sobre a inflação que acaba transbordando para outros serviços. E Fortaleza tem uma das inflações mais altas do País", observa.
