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Caminhoneiros do Ceará não aderem à greve e movimento é esvaziado no NE
Economia

Caminhoneiros do Ceará não aderem à greve e movimento é esvaziado no NE

Profissionais até defendem a pauta, mas pelo atual momento, decidem não aderir ao movimento de paralisação. No Ceará, rodovias não tiveram obstruções
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Fluxo de caminhões foi normal 
em trechos da BR-116 no Ceará (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita Fluxo de caminhões foi normal em trechos da BR-116 no Ceará

A movimentação de caminhões nas rodovias cearenses foi semelhante a um dia normal de trabalho. A segunda-feira, 1º, foi marcada por movimentos grevistas dos caminhoneiros autônomos em estados brasileiros, mas, no Nordeste, a manifestação foi esvaziada e, no Ceará, não houve registro de bloqueio de estradas federais ou estaduais.

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A greve nacional foi convocada pela Associação Nacional do Transporte Autônomos do Brasil (ANTB). Desde que foi anunciada oficialmente na semana passada, diversos sindicatos estaduais e regionais afirmaram que não iriam aderir. A Federação Interestadual dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Cargas e Bens da Região Nordeste (Fecone) destacou em nota que não reconhece lideranças para paralisação de caminhoneiros autônomos. "Consultados, os presidentes dos sindicatos de transportes autônomos de cargas dos nove estados reconhecem que o melhor caminho é o diálogo", dizia a nota.

O motivo é simples: se o caminhoneiro autônomo não trabalhar, fica sem receber. Elenaldo dos Santos, 42, é caminhoneiro autônomo que aguardava para abastecer seu caminhão na Região Metropolitana de Fortaleza.

"(Para que um movimento desse certo) Precisaríamos que a grande transportadora nos apoiasse porque quem é comissionado, diarista e autônomo não podem parar se não ficam sem nada. O dia de conseguirmos alguma coisa foi naquela greve de 2018", afirma.

Apesar do contexto adverso, ele afirma concordar com as reivindicações exigidas que incluem ainda questionamentos diante da demora no julgamento de constitucionalidade da lei do piso mínimo do frete pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Joana D’arque Seixas, secretária executiva do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos no Ceará (Sindicam-CE), diz que existem vias alternativas de cobrar melhorias para os trabalhadores respeitando "o momento delicado" que é a pandemia de Covid-19. Ela frisa que frisa que o sindicato apoia as reivindicações que se posicionam contra o aumento do diesel e cobram um reajuste do teto mínimo do valor do frete. "Quando esgotar todos os recursos junto ao presidente, todas as tentativas, aí é provável que todo mundo se junte (à greve), mas no momento não", pontuou.

Entre outras reivindicações, os caminhoneiros querem redução de cobrança de PIS/Cofins sobre o óleo diesel, o aumento e cumprimento da tabela do piso mínimo do frete, estabelecido em 2018 após a paralisação de 11 dias, modificação da redação do projeto 4199/2020, o BR do Mar, sobre cabotagem, aposentadoria especial para o setor, um marco regulatório do transporte, entre outros pedidos.

Neste domingo, 31, um áudio de uma conversa entre o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e uma liderança local de caminhoneiros, circulou em grupos de Whatsapp, no qual o ministro afirma não ter possibilidade de atender alguns dos principais pedidos do segmento. Tarcísio de Freitas confirmou a autenticidade do áudio e confirmou que a conversa ocorreu no sábado, 30, mas disse que se tratava, apenas, de esclarecer o papel do governo em cada demanda, o que é possível fazer e o que não é.

Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revela que entre julho de 2017 e janeiro de 2021, sob o comando dos governos Temer e Bolsonaro, a direção da estatal aumentou em 59,67% o preço da gasolina nas refinarias. O diesel sofreu reajustes de 42,64% e o GLP (gás de cozinha) subiu 130,79%. Já o preço do barril do petróleo acumulou reajustes de 15,40% neste mesmo período e a inflação medida pelo INPC (IBGE) ficou em 15,02%.

"Por conta dessa política, estamos sofrendo com aumentos descontrolados dos derivados de petróleo, o que inviabiliza setores estratégicos da economia, além de afetar massivamente a população", alerta o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar.

O dia de greve dos caminhoneiros no Brasil
O dia de greve dos caminhoneiros no Brasil (Foto: O dia de greve dos caminhoneiros no Brasil)

A Petrobras rebate a tese de que o diesel esteja caro no Brasil, afirmando que no início de janeiro, o preço do diesel na bomba era 27,4% inferior à média mundial. Entre 165 países, 121 tinham preço nos postos mais alto do que no Brasil. De acordo com a estatal, em 2020 o preço do diesel caiu 14% nas refinarias.

Importadores de combustíveis também reclamam que a estatal aplica preços abaixo da paridade internacional, o que impede a importação de produtos, e com isso a concorrência de preços no mercado. Eles foram ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra a Petrobras, mas ainda não tiveram resposta do órgão.

Em recente declaração, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse que o diesel da Petrobras não é caro nem barato, e que "grupos de pressão têm recorrido a políticos para pressionar o governo federal a interferir nos preços dos combustíveis", disse o executivo sem citar nomes. (Colaborou Beatriz Cavalcante e Alan Magno / Especial para o O POVO, com informações da Agência Estado)

REALIDADE

O diretor do Setcarce e da Fetranslog, Marcelo Maranhão destaca que no dia a dia do mercado, o que vem ditando o quanto é pago pelo frete é a lei da oferta e demanda.

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