O Ceará começa a dar passos importantes para estruturação de uma cadeia produtiva em torno do hidrogênio verde no Estado. Na próxima sexta-feira, 19, o Governo deve assinar os primeiros protocolos de intenções para viabilizar a instalação de uma planta de eletrólise no Complexo do Pecém. E, em outra frente, firmou parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia e a Agência de Desenvolvimento Alemão para o desenvolvimento de pesquisas envolvendo o combustível no setor da aviação.
O hidrogênio verde, produzido a partir de fontes de energias renováveis, é apontado como peça-chave para ajudar os países em seus processos de transição energética. O Acordo de Paris, assinado por mais de 190 países, por exemplo, tem como meta zerar a emissão de gás carbônico no mundo até 2050.
O secretário de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Sedet), Maia Junior, explica que a ideia é montar no Complexo do Pecém uma planta de eletrólise que use como insumos as energias eólica e solar para produção de hidrogênio verde. O método utiliza corrente elétrica para separar o hidrogênio do oxigênio que existe na água. O projeto já tem, inclusive, um investidor australiano interessado.
“Nós só estamos ajustando os últimos detalhes, mas devemos assinar nesta sexta-feira. Será um evento virtual, em conjunto com nossos parceiros, para anunciar o que será feito para desenvolver esta cadeia produtiva no Estado. Não tenho dúvidas de que este hub vai colocar o Ceará em posição de destaque no cenário mundial da transição energética.”
O projeto liderado pelo Governo do Estado conta também com a parceria e articulação do Complexo do Pecém; Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) e Universidade Federal do Ceará (UFC).
Ele explica que, dos quatro decretos previstos para viabilizar o hub de hidrogênio, três devem ser assinados inicialmente. O primeiro deles formalizando a intenção política de montar uma cadeia produtiva em torno do hidrogênio verde no Estado. O segundo será para efetiva criação do grupo de trabalho interinstitucional que vai coordenar as ações de estruturação do projeto. E um protocolo de intenções com uma empresa australiana interessada em investir no projeto. “Também tem mais um protocolo que formaliza a parceria com uma universidade do Rio de Janeiro. Estamos somente aguardando um retorno da procuradoria, mas a parceria vai acontecer e será assinado mais na frente.”
O Ceará também vai sediar nos próximos três anos o projeto Pro QR. A iniciativa, firmada entre Sedet, Ministério da Ciência e Tecnologia e Agência de Desenvolvimento Alemão, visa desenvolver pesquisas para produção de querosene de aviação a partir de hidrogênio verde.
“A ideia chegou até nós por meio de um cearense que fez doutorado na Unicamp e criou uma empresa que já produz hidrogênio verde a partir da eletrólise da água, utilizando energias renováveis”, afirmou o secretário executivo de Comércio, Serviço e Inovação da Sedet, Júlio Cavalcante.
A expectativa é que em um ano a pesquisa comece a apresentar resultados. O governo cearense está apoiando a iniciativa na busca de parceiros para financiamento do projeto. Inicialmente, a negociação é que o projeto piloto ocorra no terreno da Fraport, em Fortaleza.