Uma pesquisa realizada com clientes e funcionários de 108 bares e restaurantes de Fortaleza revela que a maioria das contaminações aconteceu em festas fora de casa e no transporte público. O levantamento foi feito pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Inteligente (IBPI), entre os dias 10 e 11 de fevereiro, por encomenda da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel-CE).
A intenção do levantamento era verificar entre o público que frequenta os bares e restaurantes de Fortaleza a origem da contaminação por Covid-19. Dentre os entrevistados, praticamente 80% afirmou não ter contraído a doença. Entre os clientes já contaminados, 50% acreditam ter pego o vírus em festas fora de domicílio. Já entre os trabalhadores do setor, 36,6% afirmaram que foram contaminados dentro de transporte coletivo.
Sob o lema "Restaurantes pela vida e pelo trabalho", a Abrasel cresce o coro do setor de que os locais não são vetores de contaminação. Entende ainda que os bares e restaurantes vêm sendo penalizados duplamente, por terem seu horário de funcionamento reduzido, mas com impostos sendo cobrados.
O presidente da Abrasel-CE, Taiene Righetto, reclama que há dez dias aguarda retorno do Governo do Estado para reunião realizada após os protestos de empresários e funcionários, que mobilizou milhares de pessoas em passeatas pela Cidade. O temor é que o decreto que restringe o funcionamento de atividades não essenciais, diminuindo seu horário de funcionamento para as 20 horas durante a semana e para as 15 horas em fins de semana, seja prorrogado.
"São dias de silêncio total. Na reunião da última segunda-feira, 15, colocamos algumas proposta, o Governo ficou de estudar e vir com uma contraproposta, mas não tivemos retorno", ressalta. Ele ainda afirma que os dados de saúde têm mostrado que o problema não era com os restaurantes, mas com aglomerações irregulares ainda promovidas pelas ruas. "Somos lugares seguros, sim!", exclamou após a divulgação dos números da pesquisa.
O controlador e estatístico do IBPI, Antônio Vasques, explica que o estudo foi realizado com 110 funcionários e 308 clientes de 108 estabelecimentos filiados à Abrasel. O foco principal era descobrir onde as pessoas acreditavam ter sido contaminadas. O intervalo de confiança da pesquisa é de 95% e a margem de erro de cinco pontos percentuais (p.p.).
Vasques destaca que a nova variante de Manaus, em circulação na Cidade, contribui para a curva crescente de casos. Diz ainda que os dados indicam contaminação maior dos funcionários dentro de seus domicílios do que nos locais de trabalho. Entre os clientes, nenhum afirmou que foi contaminado no restaurante. "Essa pesquisa tem caráter inovador, pois um setor econômico cearense resolveu fazer uma pesquisa direta, com questionário simples e bem definido o que queríamos apurar."
A apresentação dos dados aconteceu poucas horas antes do anúncio do governador do Ceará, Camilo Santana (PT), ontem, sobre decisão do comitê de enfrentamento da Covid-19 no Estado. Decreto que passa a valer hoje traz redução no horário do comércio aos fins de semana, de 20 horas para 17 horas, mas não mudou horários de restaurantes, até as 20 horas durante a semana e até 15 horas nos fins de semana.