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Empreendedorismo feminino: CE possui 38% dos negócios liderados por mulheres
Economia

Empreendedorismo feminino: CE possui 38% dos negócios liderados por mulheres

| Superação | Pesquisa do Sebrae atesta maior participação delas na criação de novos negócios e projeção é de que isso se veja nos próximos anos
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. (Foto: Luciana Pimenta)
Foto: Luciana Pimenta .

A pandemia não diminuiu nem a vontade nem a necessidade das empreendedoras no Ceará. O Estado possui 38% dos negócios liderados por mulheres, a segunda maior proporção do País, segundo indica pesquisa do Sebrae sobre o empreendedorismo feminino a que O POVO teve acesso exclusivo aos dados. Especialistas apontam que elas cresceram nas adversidades se projetam para continuar assim neste ano.

“Perder, para a mulher, principalmente nessa área do empreendedorismo, não é muito bom. Então, ela faz de tudo pra poder se superar, pra poder continuar”, afirma Alice Mesquita, secretária-executiva do Sebra-CE, ao mencionar os casos de trabalhadoras demitidas ao longo de 2020 que preferiram empreender a procurar um novo trabalho de carteira assinada.

O último ano foi crucial para aumentar a participação delas na condução dos negócios. E isso está diretamente relacionado ao tipo de empreendimento. Elas seguem a vocação cearense e empreendem mais em comércios e serviços, setores produtivos cuja atuação foi transformada devido às restrições impostas pela pandemia. Porém, no caso das mulheres, a mudança foi positiva.

Alice aponta maior adaptação delas às novidades e também outro fator cujo resultado é visto diretamente no aumento da participação de mulheres nos negócios: “Esse crescimento ele vai continuar, as mulheres estão se espelhando nas experiências de outras mulheres. Mostrando que é possível sim ter um negócio, é possível conciliar, inclusive, a vida de dona de casa, a vida de mãe, como a vida de empresária. Então, isso aí é uma coisa que acaba envolvendo de outras mulheres, acaba incentivando, criando uma tendência, e vão sim continuar sendo empreendedoras”.

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"Acho que a palavra chave aí pras empreendedoras, principalmente, é inovação. O que a gente observa é que saímos de uma certa acomodação em alguns nichos de mercado, principalmente dentro de comércio e serviços, como alimentação fora do lar. Historicamente, estes têm se acostumado a uma determinada lógica de tratativa desse cliente que tá passando na porta, que tá sentando, que está tendo contato", descreve articulador da Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae-CE Felipe Cruz, acrescentando que o cenário mudou a partir do momento em que a empreendedora notou a preocupação do cliente com questões sociais relacionadas ao consumo.

Já a secretária-executiva afirma que elas vivem um momento de virada, pois são maioria nas salas de aula do Sebrae, das universidades e se interessam pelo assunto antes de empreender. Segundo Alice, é questão de tempo até que as mulheres se mostrem mais instruídas do que os homens quando o assunto for empreendedorismo.

Em sua maioria pretas (69%), sem ensino superior completo (79%) e ainda jovens (54% tem até 44 anos), essas mulheres são chefes das suas casas (47%) e formam uma força de trabalho importante no Estado, movimentando renda e empregando especialmente entre os micros e pequenos negócios. Mas o rendimento não é dos melhores: 76% delas ganham no máximo um salário mínimo, ao que o especialista do Sebrae atribuiu justamente à carga mental agravada pela pandemia.

"A pandemia sim está impactando muito nisso, trazendo muitas mulheres de volta pra casa, porque a gente está com creche fechada, escola fechada. Então, esse retorno, a diminuição do tempo dedicado à atividade produtiva, obviamente impacta no faturamento. A gente espera que essa rentabilidade melhore a partir do momento que esse cenário pandêmico vá diminuindo ou desaparecendo, mas é óbvio que a gente tá tratando aqui de um problema que é bem mais complexo", observa, ressaltando sobre a forma como o empreendedorismo tem se organizado.

Cruz refere-se às empreendedoras que atuam por necessidade, as quais o planejamento não evolui porque a estrutura obtida é a básica, essencial para o sustento dela e dos seus e que vai "mirando naquilo que é suficiente só pra poder se manter e seguir o dia de amanhã".

“Existem ainda algumas barreiras que precisam ser transportadas. Mas essas barreiras, elas são barreiras que, ao longo dos anos, vem caindo. Tem aquela carga de trabalho, que é diferente para a mulher, que muitas vezes precisa ter três turnos de trabalho pela frente, porque além da profissão de empreendedora, ela não deixa de ter os afazeres domésticos. Temos alguns cargos mais altos sem mulheres na função e eu não sei identificar ainda qual é a causa. Porque você vê as mulheres que estudam que batalham... Mas a hora que a gente olha pra esses altos graus executivos, a gente vê muito mais homens do que mulheres. Mas acredito que seja questão de tempo para as mulheres também alcançarem esse grau”, finaliza Alice.

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